A Igreja interessa-se pela formação política dos cristãos para que exerçam sua cidadania contribuindo para a construção de uma sociedade justa e solidária. Basta ver a Campanha da Fraternidade deste ano de 2019, cujo tema é “Fraternidade e Políticas Públicas”. A Igreja através dos bispos e padres não se metem na política partidária, nem se candidatam para os cargos públicos. O que pretendem é preparar e motivar os membros da Igreja a assumir a própria responsabilidade pelo bem comum. É chocante ver políticos, cidadãos brasileiros utilizando seus cargos em proveito próprio. Em sua Carta Encíclica “Deus Caritas Est”, o papa Bento XVl afirma: “A Igreja (Católica) não pode nem deve colocar-se no lugar do Estado. Mas também não pode, nem deve ficar à margem na luta pela justiça. Deve inserir-se nela pela via da argumentação racional e as forças espirituais, sem as quais a justiça […] não poderá afirmar-se, nem prosperar” (cf. op. cit. No. 28).
“Para nos aprofundar no tema da Campanha da Fraternidade deste ano é preciso primeiramente, diferenciar o que é “política” do que são “Políticas Públicas”. A palavra “política” vem do grego “politikos” que se refere à “pólis”, que era o lugar onde os gregos tomavam as decisões na busca pelo bem comum para estabelecer a sociedade de maneira pacífica…” ( cf. CF.no 16 do Texto-Base). A política não é restrita a ação do Estado, é encontrada “nas relações de trabalho, na religião, nas empresas, nos clubes, nas associações, nos sindicados e outras organizações. (cf. CF, Texto-Base, no.17). “Políticas Públicas” são definidas pelo Texto-Base da CF como: “Ações e programas que são desenvolvidos pelo Estado para garantir e colocar em prática direitos que são previstos na Constituição Federal e em outras leis” (Cf. Texto-Base, no. 14).
Muita gente considera a política algo dos políticos, que se utilizam dos cargos para os quais foram eleitos em proveito próprio. Lamentavelmente a deplorável corrupção, a longa lista de promessas não compridas, a grande irresponsabilidade de certos governantes, são práticas generalizadas por vários políticos brasileiros, algo que acontece também em muitos outros países. Com a presente Campanha da Fraternidade muitas pessoas se perguntam como podem participar em “Políticas Públicas”? Há várias maneiras de participação. Por exemplo, participando no bom funcionamento da escola de seus filhos; participando ativamente de sua comunidade ou do sindicato; preocupando-se com o bem comum; acompanhando o sistema de saúde no seu bairro, participando ativamente de sua igreja, trabalhando ativamente no partido político de sua preferência, ajudando escolher candidatos de comprovada honestidade e competência, portadores de princípios éticos e valores morais etc. O Reino de Deus se realiza através da fraternidade, da justiça, e da paz. Jesus tomou partido pelos pobres, os oprimidos, os marginalizados. Nós cristãos devemos nos lembrar das sábias palavras de Bento XVl: a Igreja “ não pode, nem deve ficar à margem (da política) na luta pela justiça”.
Pe. Brendan Coleman Mc Donald,
Redentorista e Assessor da CNBB Regional NE1