O Grito dos Excluídos em Canindé acontecerá no dia 7 de setembro. A concentração será às 7h30min, na Igreja Nossa Senhora das Dores, às 8h, sairá uma caminhada pelas ruas de Canindé dividida em 5 alas com os temas: Água ; Deficientes; Mulheres; Juventude; Concelho de Pastoral das Comunidades. O encerramento será na Praça do Leão.
Informações com pelos telefones (85) 86050143 com Fábio Soares – Coordenador / (85) 89055434 Lúcia Andrade – Pastoral Social de Canindé.
Íntegra da carta conjunta dos movimentos sociais de Canindé.
Grito dos Excluídos 2013
Carta conjunta dos movimentos sociais!
Saudamos cordialmente as autoridades aqui presentes, e ao público que aprecia a comemoração 7 de setembro. Gostaríamos de pedir um pouco da atenção de vossas senhorias para ouvir alguns apelos de movimentos que lutam de forma incansável por mais dignidade e justiça neste chão canindeense.
Inicialmente gostaríamos de destacar a importância desse movimento que acontece em todo Brasil, intitulado “Grito dos Excluídos”. O Grito nasceu de duas fontes distintas, mas, complementares. De um lado, teve origem no Setor Pastoral Social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), como uma forma de dar continuidade à reflexão da Campanha da Fraternidade de 1995, cujo lema – Eras tu, Senhor – abordava o tema Fraternidade e Excluídos.
De outro lado, brotou da necessidade de concretizar os debates da 2ª Semana Social Brasileira, realizada nos anos de 1993 e 1994, com o tema: Brasil, alternativas e protagonistas. Ou seja, o Grito é promovido pela Pastoral Social da Igreja Católica, mas, desde o início, conta com numerosos parceiros ligados às demais Igrejas do CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), aos movimentos sociais, entidades e organizações.
Nos dois casos, podemos afirmar que a iniciativa não é propriamente criada, mas descoberta, uma vez que os agentes e lideranças apenas abrem um canal para que o Grito sufocado venha a público. A bem dizer o Grito brota do chão e encontra em seus organizadores suficiente sensibilidade para dar-lhe forma e visibilidade.
Nesse dia 7 de setembro, dia que comemoramos a independência do nosso país, mas também é momento de repensar que tipo de independência temos na atualidade, num país que ainda oprime a classe trabalhadora.
O Grito dos Excluídos é o momento próprio para protestar todo tipo de injustiça social, injustiça que assola ainda a classe dominada. Em nosso município não é diferente, há muitos motivos para se protestar. É a hora também de tornar público os velhos costumes da administração pública, onde muitos que sucatearam a maquina pública, hoje já estão fazendo parte a frente de cargos e pastas que compõem o serviço público, pessoas que muito contribuíram para o desmando das politicas públicas da saúde, educação, infraestrutura, agricultura, fraude no IPMC (Instituto de Previdência do Município de Canindé), fatos esses que prejudicou a vida funcional dos servidores ativos e inativos.
Momento de vermos com um olhar critico a realidade que estamos vivenciando no município de Canindé, num governo do Partido dos Trabalhadores em que o projeto almejado pela população não está sendo executado, a forma de governar para grupos, ou seja, governo de conciliação, já foi repudiado.
A população de Canindé necessita da construção de um governo que governe com o povo e para o povo, assim sendo teremos de fato um governo popular.
Queremos aqui expor o grito silencioso de muitos irmãos e irmãs que padecem com a falta de água em nosso sertão, sobretudo os agricultores que necessitam de ajuda do poder público para continuarem trabalhando com a terra e produzindo frutos para a sua sustentabilidade. O que existe de proposta alternativa para as localidades rurais é a perfuração de poços, porém esta realidade para muitos agricultores ainda não saiu do papel. Até quando este povo terá que esperar?
Uma outra realidade gritante de nosso povo é a escassez de atendimento médico, tanto nos PSF como no Hospital, nós temos um padroeiro forte que intercede a Deus pelos enfermos, mas não podemos esperar só pelo santo, os homens, ou melhor as autoridades precisam cumprir com o seu papel.
Queremos ainda chamar atenção para um público que às vezes se torna praticamente invisível, eles existem e estão ao nosso redor, são as pessoas com deficiência. Canindé, é uma cidade que se preocupa com essas pessoas? Que respeita? Que inclui por meio de políticas públicas? Será que as leis que amparam estas pessoas são levadas a serio em nosso município? Esperamos estas respostas com ações e não com palavras.
As mulheres querem aqui lembrar alguns direitos que ainda não são respeitados e que muitos homens ainda de forma covarde agridem as mulheres. Esse recado vai para eles e para todos que são responsáveis pelas políticas públicas em defesa da mulher.
A lei maria da penha
Está em pleno vigor
Não veio pra prender homem
Mas pra punir agressor
Pois em “mulher não se bate
Nem mesmo com uma flor”.
A violência doméstica
Tem sido uma grande vilã
E por ser contra a violência
Desta lei me tornei fã
Pra que a mulher de hoje
Não seja uma vítima amanhã.
Toda mulher tem direito
A viver sem violência
É verdade, está na lei.
Que tem muita eficiência
Pra punir o agressor
E à vítima, dar assistência.
Tá no artigo primeiro
Que a lei visa coibir;
A violência doméstica
Como também, prevenir;
Com medidas protetivas
E ao agressor, punir.
Já o artigo segundo
Desta lei especial
Independente de classe
Nível educacional
De raça, de etnia;
E opção sexual…
De cultura e de idade
De renda e religião
Todas gozam dos direitos
Sim, todas! sem exceção
Que estão assegurados
Pela constituição.
Nossos jovens também necessitam de um olhar especial. Precisam de mais oportunidade de formação superior e acesso ao mercado de trabalho. São diversos grupos que se organizam, mas infelizmente pouca coisa ou quase nada foi atendido até o momento.
Como diz a letra de uma música: “a gente não quer esmola, agente não quer piedade, agente quer mais respeito, agente quer acesso a oportunidade”.
Queremos concluir dizendo que o setor social da Igreja católica em Canindé, juntamente com o sindicato dos trabalhadores rurais, o sindicato dos servidores públicos, a APLID, APAAE, CAPS, a comissão da juventude, pastoral da mulher, Comitê Setorial de Mulheres e os Conselhos de Pastorais das Comunidades, continuarão a luta com a esperança de que um dia tenhamos autoridades com capacidade de ouvir todos esses gritos, ao mesmo tempo em que fazemos votos de que esta gestão encontre o melhor caminho para a construção de um projeto verdadeiramente popular e que este grito não se perca no ar, como tantos outros e dizer que no próximo ano estaremos aqui de novo com gritos de alegria e gratidão ou gritos de revolta e indignação. Agradecemos a todos pela atenção.