Na madrugada da ressurreição, a criação inteira irradiou-se com a luz do Cristo Ressuscitado que não apenas continua a obra da criação, mas a recria e a leva a sua plenificação. É o transbordamento do amor do Pai que no “crucificado ressuscitado” eleva a humanidade para sua mais plena realização, a Nova Aliança. É vida, graça e perdão que se manifesta em sua ação Redentora.
Ninguém viu o momento da Ressurreição, o Cristo se revela nos diversos modos, nos gestos mais corriqueiros, no cotidiano da vida. O túmulo sem o corpo, apenas lençóis ao chão e o anúncio – Ele não está mais aqui! O segredo, o mistério do Pai que se manifesta na ressureição de Cristo continua intacto. E aqueles que viram à primeira vista, ficaram extasiados. Cristo vivo e ressuscitado falou com eles e todos os que o viram sabiam que Ele era Aquele que vivera com eles e o acompanhavam em sua missão. A partir desse reencontro era preciso lançar um novo olhar com sentido às suas vidas, a compreensão da missão e do Reino de Deus.
A experiência pascal dos seguidores de Cristo lança as bases da fé do Cristianismo. Os Evangelhos não narram a ressureição com um enredo cinematográfico, antes, lança aos nossos olhos para novas perspectivas de sentido e de vida. Os relatos da Ressurreição nos textos bíblicos são unânimes. “A este Jesus, Deus o ressuscitou, e disto nós todos somos testemunhas” (At 2,32). De agora em diante eles terão que viver desse grande acontecimento e inaudita realidade do ressuscitado, os olhos se abrem para a missão. Já não é mais Jerusalém com a morte e o sepulcro, foi preciso voltar à Galileia, ao amor primeiro e, de lá, onde tudo começo, onde o coração dos seguidores de Cristo foi tocado por seu olhar, por suas palavras e gestos e, voltando a esse amor primeiro, atender ao pedido de “ir por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16,15).
A fé dos apóstolos está ancorada de algo e Alguém maior do que eles, de uma novidade que encanta e arrebata, “onde parecia que tudo morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição. É uma força sem igual” (Evangelh Gaudium, n.276). Assim, puderam experimentar os discípulos. Uma grande alegria invadiu os seus corações, ao verem o seu Mestre e Senhor, ressuscitado, vivo e glorioso.
A fé pascal permite refazer, no coração, a experiência do encontro com o Ressuscitado. Experiência aqui é o que vale dizer que Cristo entra na minha vida e permito deixar que o Senhor ilumine, transforme, amadureça e cresça na fé a presença do Ressuscitado. Crê Nele como seu Senhor e Salvador que está vivo e exaltado pelo Pai e é seu único salvador.
É relevante notar o que diz o Papa Francisco: “A fé significa também acreditar n´Ele, acreditar que nos ama verdadeiramente, que está vivo, que é capaz de intervir misteriosamente, que não nos abandona, que tira bem do mal com o seu poder e a sua criatividade infinita. Significa que Ele caminha vitorioso na história”(Evangelh Gaudium, n.278).
O Anjo anunciou a Maria Madalena e a outra Maria “Sei que estai procurando Jesus, o crucificado. Ele não está aqui, pois Ressuscitou, conforme havia dito” (Mt 28,5-6). Hoje, a Igreja nos convida a presentificarmos a ressureição do Senhor em cada situação da nossa existência, nos convida a sermos as testemunhas da vida e do ressuscitado. A Igreja anuncia na liturgia da vigília pascal “de modo sacramental mais pleno, a obra da redenção e da perfeita glorificação de Deus como memória, presença e espera” (ALIAGA, 2000, P.112). Os planos de salvação se cumpriram com a morte e a Ressurreição gloriosa de Cristo Jesus. A morte já não tem a última palavra e, sim à vida na participação da vida eterna de Deus.
Mosteiro das Irmãs Concepcionistas, Fortaleza (CE)
Uma resposta
Parabéns pelo Texto. Que o Cristo nos ajude a olharmos a vida com novos olhos e novo ardor missionário!