A bem-aventurança eterna

O seguidor de Jesus de Nazaré alimenta sua esperança, não em si mesmo, não na criatura humana e também não nos bens temporais, mas fundamenta-a, evidentemente, no Cristo, que por ele e por todos morreu e ressuscitou. Ele alimenta, pela fé, a esperança de um mundo solidário, no qual as pessoas possam viver com dignidade, alimentadas pelo clarão do bom senso e da sabedoria, que brota de um Deus todo misericordioso e comunhão.

Como é indispensável o resumo da vida de Jesus, nas quatro bem-aventuranças do Evangelho do 6º Domingo do Tempo Comum! Ele nos indica o caminho, único e verdadeiro, encarnado no bem-aventurado, acima de tudo e de todos, Jesus de Nazaré, ao prometer-nos a felicidade completa, já neste mundo presente, mas que será total na sua plenitude no mundo futuro.

É o mistério exprimível da realidade escatológica, que nos leva a descruzar os braços, no acolhimento do anúncio do Evangelho, na dor da cruz, transformada em alegria, nos que passam fome e recebem do Filho de Deus a promessa de serem saciados (cf. Lc 6, 20-23). Tá muito claro que a bem-aventurança eterna se identifica com o Cristo servidor, perseguido, odiado, insultado, ultrajado e excluído, concreto, naqueles que se dispõem a abraçar, na fidelidade e generosidade, sua causa ou projeto de amor do Pai.

Miguel Cervantes (1547-1616), poeta, dramaturgo, grande romancista e maior escritor espanhol, em seu clássico da literatura ocidental e obra-prima “Dom Quixote”, nos estimula no sentido de jamais perder a coragem de lutar e viver de bem com a vida, na seguinte afirmação: “Quem perde seus bens perde muito; quem perde um amigo perde mais; mas quem perde a coragem perde tudo”. Aos olhos de Deus é a esperança do encontro beatífico e sagrado, quando a criatura humana participará da promessa divina, na certeza da feliz recompensa.

Deus nos dê a graça de vivermos contentes e esperançosos, porque o Senhor, verdadeiramente fiel às suas promessas, por sua graça, nos faz perseverantes em nossos bons propósitos, até que chegue aquele momento: o do inteiro cumprimento prometido. Ele será o acabamento final da história e do mundo, onde lamentos, dores e angústias serão substituídos por alegrias, glórias e louvores, naquilo que afirma São João: “Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é” (cf. 1 Jo 3, 2). Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, Jornalista, Blogueiro, Escritor e Colunista, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza [email protected]

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