A Encíclica “Lumen Fidei”

Lumen Fidei (A luz da fé), assim se intitula a primeira Encíclica do Papa Francisco, que foi apresentada aos jornalistas do mundo inteiro sexta feira, dia 5 de julho. A finalidade da Encíclica é “recuperar o caráter de luz que é específico da fé, capaz de iluminar toda a existência humana”. A intenção da carta Encíclica é de responder antes de tudo a uma objeção de muitos dos nossos contemporâneas, os quais veem a fé como uma “luz ilusória” que impede “que o homem cultive a audácia do saber”. A carta mostra que a fé não é um salto no vazio que impede a liberdade do homem. Lumen Fidei vem como autoria do Papa Francisco, porém, uma boa parte foi escrito pelo Arcebispo emérito de Roma, Bento XVl. O Papa Francisco disse: “assumo o seu precioso trabalho, limitando-me a acrescentar ao texto alguma nova contribuição”. Este gesto do Papa Francisco foi muito bonito porque se não fosse assim não teria a nota do magistério papal, e seria apenas um texto teológico do Bento XVl.

A carta Encíclica é dividida numericamente de 1 à 60. Números 1 até 7 compõem o Índice do documento, dividido em três partes: a) A luz da fé; b) Uma luz ilusória; c) Uma luz a redescobrir. O corpo da Encíclica é dividido em quatro grandes partes. A primeira parte se intitula “Acreditamos no amor (cf. Jo 4, 16)” e é subdividida em cinco partes menores: a) Abraão nosso pai na fé (Nos. 8 até 11); b) A fé de Israel (Nos. 12 -14); c) A plenitude da fé cristã (Nos. 15 – 18); A salvação pela fé (Nos. 19-21); e A forma eclesial pela f. (No. 22).

A segunda parte da Encíclica se intitula “Se não acreditares, não compreendereis (cf. Is 7, 9)”. Esta parte é subdividida em seis seções: a) Fé e verdade (Nos. 23-25); b) Conhecimento da verdade e amor (Nos. 26-28); c) A fé como escuta e visão (Nos. 29-31); d) O diálogo entre fé e razão (Nos. 29-31); e) A fé e a busca de Deus (No. 35); e f) Fé e teologia (No. 36).

A terceira parte da Encíclica se intitula “Transmito-vos aquilo que recebi (cf. 1 Cor 15, 3)”. Há quatro subdivisões nesta parte: a) A Igreja mãe de nossa fé (Nos. 37-39); b) Os sacramentos e a transmissão da fé (Nos. 40-45); Fé oração e decálogo (No. 46); A unidade e a integridade da fé (Nos. 47 – 49). A quarta e última parte da Encíclica se intitula “Deus prepara para eles uma cidade (cf. Heb 11, 6)”. Há cinco subdivisões nesta parte: a) A fé e o bem comum (Nos. 50-51); b) A fé e a família (Nos. 52-53); c) Uma luz para a vida em sociedade (Nos.54-55); d) Uma força consoladora no sofrimento (Nos. 56-57); e Feliz daquela que acreditou (cf. Lc 1, 45), (Nos.58-60). A Encíclica termina assim: “Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 29 de junho, solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, do ano 2013, primeiro do Pontificado, Franciscus.

O Papa Bento XVl queria escrever uma trilogia sobre as virtudes cardeais. Ele tratou da caridade na Encíclica “Caritas in Veritate” (2009) e da esperança na Encíclica “Spe Salvi” (2007). Ele queria terminar uma Encíclica sobre a fé, mas renunciou antes de completar este documento. O nosso querido Papa Francisco deu esta oportunidade a ele com a publicação de “Lumen Fidei”. A Encíclica parece-me de conteúdo mais teológico do que pastoral. A pensamento do Papa Bento XVl está presente nos refinados pensamentos teológicos de difícil compreensão. Porém, a mão do Papa Francisco é percebida em alguns aspectos da Encíclica, especialmente no último capítulo, quando encontramo-lo dizendo: “dizer que a nossa maneira de expor a luz da fé tem de ser por meio de uma teologia narrativa e testemunhal, ou seja não por meio de grandes conceitos ou centrada em razões especulativas, mas de maneira narrativa, percorrendo a história da salvação, e por meio do testemunho”. Outra frase que me parece do Santo Padre Francisco é: “A fé tem que de chegar a todos; não pode ser guardada debaixo de uma vasilha nem ser escondida, mas tem de iluminar a construção da vida humana”. O bispo da diocese espanhola de Alcalá de Henares, Dom Juan Reig percebe as idéias do Papa Francisco na parte do último capítulo que se fala “de uma fé para construir a sociedade, para construir o bem comum, a família, a vida em sociedade, e a fé que conforta no sofrimento. Em suma, uma fé capaz de dar à pessoa tudo aquilo de que precisa para viver neste mundo”. A carta Encíclica tem 94 páginas e 50 referências bibliográficas.

Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1

 

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