No dia 1º de agosto celebramos a festa de Santo Afonso Maria de Ligório. O Santo nasceu em Nápolis em 1696. Em 1732 fundou a Congregação do Santíssimo Redentor, popularmente conhecida como a Congregação Redentorista, para seguir o exemplo de Jesus Cristo anunciando a Boa Nova aos pobres e aos mais abandonados.
Ele era um homem extraordinário: advogado, músico, pintor, poeta, escritor, teólogo, moralista e apologista. Escreveu 120 obras sobre tópicos como: espiritualidade, teologia moral, meditações, retiros, sermões etc. que foram traduzidas em 86 línguas. Estudou Ciências Jurídicas e até 1723 exerceu a profissão de advogado, sem deixar de lado uma profunda e séria piedade. O jovem advogado sofreu um revés que lhe marcou sua vida, perdendo uma causa que o abalou profundamente. Resolveu então trocar as lides do foro pelo serviço à Igreja.
Considerando todos os diferentes tipos de trabalhos que Santo Afonso fez para o Reino de Deus, pode parecer precipitado tentar estabelecer sua maior realização. Entretanto, talvez entre as maiores delas tenha sido sua habilidade em pregar o Evangelho e explicar a espiritualidade católica de maneira que as pessoas simples pudessem prontamente entender. Embora seja impossível resumir num artigo todos os ensinamentos de Santo Afonso, os itens seguintes são essenciais ao entendimento do que é freqüentemente chamado de “espiritualidade afonsiana”:
a) Nosso chamado à santidade. Afonso ensinou que “Deus quer que todos se tornem santos, cada um em sua ocupação; o religioso exatamente como religioso, o secular como um secular, o padre como um padre, o casado como uma pessoa casada, o comerciante como um comerciante, e as outras pessoas de acordo como caminham na vida”;
b) Afonso enfatizou o amor de Deus por nós e nosso amor por Jesus. Ele tentou de diversas maneiras fazer com que as pessoas compreendessem o quanto Deus as ama. Com ênfase particular, ele escreveu sobre “os três grandes sinais”: a manjedoura, a cruz e o tabernáculo. É digno notar que Afonso escreveu dois livros inteiros para cada um destes grandes mistérios cristãos;
c) De todos os mistérios cristãos, a Paixão e morte de Jesus Cristo foi o que tocou Afonso mais profundamente. O fato de o Pai ter enviado Jesus, seu Filho amado, para sofrer e morrer pelos nossos pecados era um sinal de “amor inacreditável”. Sua preocupação com a Paixão não era um interesse mórbido em sofrimento, sangue e morte etc., mas sim uma realização vivida do significado existencial da Cruz, passado, presente e futuro, na parcimônia da vontade de salvação de Deus;
d) Afonso afirmou em um dos livros que “a total santidade e perfeição de uma pessoa consiste em amar Jesus Cristo, nosso Deus e nosso Redentor”. O verdadeiro teste de nosso amor é nossa aceitação da vontade divina manifestada na Sagrada Escritura e na Igreja, guiada pelo Espírito Santo que ensina questões de fé e moral com a autoridade do próprio Jesus;
e) Uma palavra sempre presente nos escritos espirituais de Santo Afonso é a palavra italiana “distacco”. É difícil traduzir esta palavra para o Português. Normalmente é traduzida como desprendimento. Afonso sabia claramente que o maior inimigo do verdadeiro amor de Deus era o falso amor do ego. Condenou o egocentrismo afirmando que “muitas pessoas fazem da vida espiritual uma profissão, mas são adoradores de si mesmos”. “Distacco” é o esforço consciente do cristão para dominar a praga do egocentrismo;
f) Santo Afonso enfatizou a importância dos nossos atos de mortificação citando o Evangelho: “Quem procurar a sua vida, há de perdê-la; e quem perder a sua vida por amor de mim, há de encontrá-la” (Mt 10, 39). Ele gostava de fazer uma distinção entre a mortificação externa e interna. A mortificação externa refere-se à disciplina dos sentidos, tais como o jejum, a abstinência, o controle das palavras etc. A mortificação interna refere-se à disciplina e ao esforço para superar determinadas paixões, por exemplo, certos ressentimentos, aversões, curiosidades e apegos perigosos;
g) Santo Afonso é descrito como “Doutor da Oração”. Ele escreveu vários livros inteiramente dedicados à oração. Ele dizia que orar era possível a qualquer pessoa. Nossa oração deve ser uma simples conversa com Deus que é nosso melhor amigo. Devemos falar sobre nossas alegrias e tristezas, sobre nossas necessidades e agradecer tudo de bom que Deus nos deu. Afonso sempre citava as palavras de Jesus quando falou sobre oração: “Pedi e será dado; buscai e acharei; batei e será aberto” (Mt 7,7). Para Santo Afonso os santos tornaram-se santos porque oravam;
h) De modo especial Afonso insistia para que rezássemos a Maria, nossa Mãe abençoada. Ele escreveu um tratado completo (As Glórias de Maria) sobre o papel de Maria no plano de salvação de Deus. Ela, segundo Afonso, deveria ser nosso modelo na vida cristã;
i) Afonso também enfatizava a meditação freqüente, isto é, a reflexão interior e a resposta à Palavra de Deus.
j) Santo Afonso insistia na devoção à Eucaristia. A grande oração de louvor e agradecimento é a celebração do sacrifício e sacramento da Eucaristia. Encorajaram católicos a assistir a Missa todo dia, para honrar e glorificar a Deus, para agradecê-lo por todas as graças e benefícios recebidos, para pedir perdão por nossos pecados e para adquirir as graças de que necessitamos.
Vários outros temas da espiritualidade de Santo Afonso valem a pena serem considerados como, por exemplo, a importância de visitas diárias ao Santíssimo, mas estes já mencionados são suficientes para este breve artigo. Aos 66 anos, mesmo sofrendo gravemente de artrite, aceitou o desejo do Papa para que fosse consagrado bispo e servisse a diocese de Santa Ágata. Ele habilmente administrou essa diocese por treze anos. Morreu santamente entre seus companheiros redentoristas em primeiro de agosto de 1787 com 91 anos de idade. Foi canonizado em 26 de maio de 1839. Declarado Doutor da Igreja em 23 de março de 1871. Proclamado patrono dos confessores e moralistas em 26 de abril de 1950. Sua festa é celebrada no 1º. de agosto cada ano.
Pe.
Brendan Coleman Mc Donald,
Redentorista