O Carnaval é o assunto do dia. Este ano, como sempre, o evento acontecerá nos dias que antecedem a Quarta Feira de Cinzas que cai no dia 26 de fevereiro. Curiosamente, enquanto enormes multidões dele participam, milhares se afastam em busca de ambientes mais calmos e serenos. Alguns procuram muita alegria, fortes emoções e animado divertimento nas músicas, danças e brincadeiras animadas do carnaval nos clubes e nas ruas. Outros se dirigem aos retiros espirituais ou ambientes pacatos tentando também encontrar alegria, paz, contentamento e satisfação. O carnaval tem suas raízes nas antigas festas gregas realizadas por volta de 500 anos de Cristo como agradecimentos os deuses pela produção agrícola.
No século VI a Igreja católica adotou a festa como uma despedida aos prazeres da carne nos dias que antecedem à quaresma. O período de 40 dias que antecedem a festa da Páscoa, a maior festa do Ano Litúrgico, é chamado quaresma, e destina-se a preparar a Páscoa. A quaresma tem como objetivo aprofundar a conversão pela penitência, oração, reflexão e louvor. Nos quarenta dias de penitência, inspirados no jejum de Cristo no deserto, o católico naquele tempo não poderia comer carne. Nos três dias anteriores à Quinta Feira de Cinzas, o “carne-vale”, que em latim significa “adeus à carne” não permitiu que fosse consumida a carne. Assim vem o nome de carnaval.
Infelizmente, um considerável número de pessoas acredita que a Igreja católica é contra o Carnaval e o condena. Isso simplesmente não é verdade. A Igreja católica não é contra o carnaval, mas é contra certos excessos cometidos durante o Carnaval. Deus e sua Igreja querem ver seus filhos e filhas felizes e contentes compreendendo que o descanso e o repouso são necessários para a pessoa humana. Ninguém é de ferro e todo ser humano precisa intercalar o trabalho com o descanso e com o divertimento. Infelizmente nos dias de Carnaval há muitos divertimentos desenfreados. Muitas pessoas se entregam ao prazer desordenadamente. Há excessos na bebida alcoólica, há o uso e abuso das drogas, há grande falta de pudor e imoralidade de diversos tipos. Devidos aos excessos e desregramentos cometidos durante o Carnaval,
Há um elevado número de mortes, acidentes, pessoas agredidas fisicamente, para não falar em agressões verbais. É importante para o católico lembrar que todo divertimento que implica atos obscenos, prazeres ilícitos, paixões desordenadas, atitudes vulgares, riscos mortais e violência é imoral. Durante o carnaval dois temas relevantes de saúde devem ser mencionados: as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), especialmente a AIDs, e a gravidez na adolescência. A gravidez precoce é, quase sempre, não planejada, e, por isso, indesejada. Os pais devem alertar os jovens e adolescentes sobre estes dois temas.
Acidentes de carros e motocicletas por causa de abuso do álcool e drogas também é outro tema que deve ser mencionado. Num mundo que está perdendo o sentido do pecado é necessário reafirmar que a Lei de Deus não fica suspensa durante o Carnaval. Por isso, o católico deve se aproveitar dos divertimentos carnavalescos que são sadios, benéficos, equilibrados e, em termos gerais, úteis para a saúde do corpo e da mente. O Carnaval nunca devia ser tal que se devesse ter mais tarde vergonha da conduta tida durante esses dias.
O Carnaval termina na Quarta Feira das Cinzas. Um dia que recorda para todos nós a transitoriedade da vida. Tudo neste mundo passa e passa rapidamente. Diz o salmista: “Setenta anos é o total de nossa vida. Os mais fortes chegam aos oitenta. A maior parte deles em sofrimento e vaidade. Passam depressa e nos desaparecemos” (Salmo 89, 10). Só a eternidade não passa. Muitos católicos, com o intuito de se prepararem melhor para a grande festa da Páscoa, fazem retiros durante o período do carnaval. Portanto, que haja neste ano de 2020 um bom e animado Carnaval, sem exageros na bebida alcoólica, sem violências e imortalidades. Que o Carnaval deste ano seja um carnaval que não afaste pessoas de Deus ou do próximo, mas sim um Carnaval que seja dias de dissensão sadia.
Pe. Brendan Coleman Mc Donald,
Redentorista