A paz que o Senhor ressuscitado nos propõe tem por base a justiça divina, a solidariedade e o amor. Ela é um desafio para os cristãos, desejosos de construir a paz verdadeira e duradoura, ao se buscar paz por causa do Evangelho, conquistada por Cristo na sua fecunda ação, com sua morte e ressurreição, oferecendo-nos reconciliação e concórdia. Jesus, vencedor da morte, é fonte de libertação para a História e vai muito além dela, ao causar alegria nos discípulos e afastar dúvidas e medo.
Já a paz que o mundo propõe é sempre precária, não satisfatória, frágil e insuficiente, além de falsa na sua aparência. Ela se baseia no pouco equilíbrio dos que detêm o poder, na absurda corrida armamentista, na ignorância, sem esquecer de que são os mais fracos e vulneráveis, já reprimidos e explorados, que pagam a conta, na inconformidade e no lamento, que pelos conflitos e pela repressão tende a crescer.
Tomé, na sua incredulidade providencial, com seu gesto de tocar nas feridas de Jesus, marcou profundamente e consolidou a nossa fé, afastando qualquer dúvida, como nas palavras pronunciadas por ele: “Meu Senhor e meu Deus”. Segundo São Gregório Magno, a falta de fé do homem, que precisava ver para crer, não foi por acaso. Estava previsto no plano de Deus. Pondo as mãos nas feridas do seu Mestre e Senhor, curou as suas feridas e as da humanidade; curou as incredulidades da humanidade inteira.
Olhemos para Tomé e aprendamos com ele a colocar nossos dedos nas feridas físicas e espirituais de tantos irmãos e irmãs. Jesus reconciliou o mundo com o Pai, no perdão dos pecados. Ele que nos fez irmãos uns dos outros, além de nos dar de presente o Espírito Santo e abrir o acesso da vida nova em Deus. Ele é a causa de nossa alegria maior, plena e eterna. Jesus ressuscitado é consolo sem fim, é nossa Páscoa!
*Pároco de Santo Afonso, Blogueiro, Escritor e Colunista, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza