Depois de longos anos de estudos, o seminarista é ordenado padre. O papel de presbítero se divide, além das funções pastorais, em funções administrativas. Em quase todas as dioceses, os seminaristas são incentivados à prática pastoral desde os primeiros anos de formação. Porém, a orientação administrativa costuma ficar de lado. Poucos seminários investem em aulas de gestão paroquial ou qualquer curso de práticas administrativas no período de formação.
Mas o que é preciso para uma boa administração paroquial? Em matéria publicada na revista Bote Fé, da Edições CNBB, conheça a experiência do bispo de Leopoldina (MG), dom Edson Oriolo dos Santos. Para ele, a boa administração paroquial está fundamentada em investir na formação técnica, pastoral, teológica e espiritual dos administradores.
Gestão comprometida
O bom funcionamento de uma paróquia depende de diversos fatores, como o Conselho Paroquial de Pastoral (CPP), pastoral do Dízimo, planejamento de atividades pastorais, mas sobretudo da gestão administrativa, da qual sobrevive a comunidade. Todos fazem gestão compreendida como o uso de todos os recursos humanos e técnicos para atingir um objetivo.
Pós-graduado em Gestão de Pessoas, o bispo de Leopoldina (MG), dom Edson Oriolo dos Santos, ressalta que as paróquias necessitam da gestão para serem proativas e capazes de se adaptar às exigências conjunturais, transformando-se em verdadeiros centros de irradiação missionária.
“Uma boa gestão contribui para estar mais próxima das pessoas, incentivando os fiéis a fazer o ‘encontro pessoal com Cristo’, através da Sagrada Escritura, da Sagrada Liturgia, da Eucaristia, da reconciliação, da oração pessoal e comunitária, na comunidade viva de fé, no amor fraterno, nos pobres, aflitos e enfermos, na piedade popular e na devoção a Maria”, destaca o bispo.
Muitos dos fieis não fazem ideia que por trás de todo aquele trabalho pastoral comunitário existe um universo gigantesco de questões operacionais que são fundamentais para o funcionamento de uma paróquia como, por exemplo, os cuidados com arquivos e documentos e em relação às responsabilidades fiscais e encargos sociais.
O administrador na Igreja
Para dom Edson Oriolo, ser um bom administrador no âmbito diocesano, paroquial e comunitário, exige conhecer, com precisão e objetividade, a realidade organizacional para estabelecer diretrizes; acolher novas pessoas com seus carismas e qualificações, abrindo espaço para elas na paróquia; saber conviver bem com as diferenças individuais e culturais de valores e atitudes, a fim de respeitar a pluralidade e a diversidade sociais.
“É fundamental para ser um bom administrador investir no material humano (proporcionar formação técnica, pastoral, teológica, espiritual dos agentes); cumprir rotinas e prazos, e fazer uso inteligente de recursos no projeto de consultoria e, sobretudo, ser apaixonado por Jesus Cristo, pelas Sagradas Escrituras, por Nossa Senhora e pela Igreja”, ressalta dom Edson.
O bispo sugere que uma boa ferramenta para o novo padre que assume este ofício de gerenciamento e administração paroquial seja a criação de um Conselho para Assuntos Econômicos/Administrativo. Para ele, assim será possível contar com o auxílio de membros da comunidade que possam colaborar com o bom funcionamento pastoral da paróquia.
Para o especialista em gestão de pessoas, uma boa gestão depende de uma ‘Cultura Organizacional’, que nada mais é do que valores, crenças, regras e normas adotadas para o bom funcionamento de uma determinada organização. “A paróquia depende da forma como as normas, as regras, a ética, os valores são aplicados pelos seus integrantes, explica o bispo de Leopoldina.
Dom Edson explica que todos na paróquia devem estar em sintonia entre si, comprometidos com a organização eclesial. Segundo ele, para que uma paróquia evolua dentro de uma estrutura organizacional deve haver diretrizes, planejamentos, assembleias, conselhos, pessoas e equipes, que caminhem para os resultados desejados.
Ferramentas que facilitam a administração paroquial
Na contemporaneidade temos inúmeras ferramentas, muitas delas com nomes em inglês em função de terem sido forjadas nas escolas de administração, que podem ajudar os sacerdotes na administração paroquial: governança corporativa, “rapport”, “CRM” (gestão de relacionamento), princípio da entidade, “designer thinking”, “stakeholder”, algoritmo, etc. Duas ferramentas podem ajudar o processo de administração de nossas dioceses, paróquias e comunidades eclesiais missionárias são: “swot” e “accountability”.
“Swot” é uma ferramenta do Planejamento Estratégico, pode ser utilizada para conhecer a realidade e planejar ações. É importante instrumento utilizado para planejamento estratégico, que consiste em recolher dados importantes que caracterizam o ambiente interno (forças e fraquezas) e externo (oportunidades e ameaças) da diocese, paróquia, comunidade eclesial missionária, pastorais, movimentos, conselhos etc.
“Accountability”, termo que inspira-se nas virtudes morais, remete à ideia de ter uma ação transparente e postura de prestação de contas junto à comunidade.
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Uma resposta
Muito bom ler esse artigo, e constatar que nossa Arquidiocese de Fortaleza vem trilhando no caminho certo na tentativa de trazer as ferramentas da administração hodierna visando um melhor desempenho das nossas paróquias e áreas pastorais. Temos discutido temas como: Governança na Gestão Eclesial, Controles internos e outros nessa mesma linha.