Neste domingo (28), Ascensão do Senhor, foi celebrado também o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Com o tema “Comunicar esperança e confiança no nosso tempo”, o papa Francisco propõe um estilo “aberto e criativo” para comunicar esperança. Na mensagem, divulgada pelo pontífice pela ocasião do 51º Dia Mundial das Comunicações, ele encoraja todos que trabalham na área para a comunicar de modo construtivo, ou seja, rejeitando preconceitos e promovendo uma cultura do encontro. O texto sempre se torna público no dia de São Francisco de Sales, patrono dos escritores e jornalistas, celebrado em 24 de janeiro.
Para celebrar esta data importante para a comunicação, o portal da CNBB entrevistou o jornalista presidente da Signis Brasil, frei João Carlos Romanini sobre o trabalho da Igreja nos meios de comunicação. A associação Signis é órgão reconhecido pela Santa Sé que reúne associais nacionais de meios de comunicação da Igreja em mais de 100 países.
No bate papo, frei Romanini falou da importância dos meios de comunicação da Igreja Católica, em especial no Brasil.
“A igreja também tem que ser uma voz presente na vida da sociedade, por isso, a Igreja no Brasil está configurada com vários veículos de comunicação. Temos várias emissoras de TV, de rádio, muitos impressos, revistas, jornais e uma série de portais. Então, a Igreja tem que ter este espaço, ela tem que se ruma voz ativa, principalmente, neste ano em que celebramos o 51º Dia Mundial das Comunicações com o tema ’Comunicar esperança e confiança no nosso tempo’. Acredito que os veículos de comunicação da igreja têm que ter esse papel, numa sociedade onde os valores estão em objetos e em coisas, nós temos que semear a esperança. Por isso, que a comunicação está configurada desta forma no Brasil, para ser uma voz de esperança na vida da Igreja”, afirmou Romanini.
Qual tipo de transformação esses meios de comunicação católicos proporcionam para as comunidades, especialmente no rádio?
Como a informação é imediata, o rádio tem um papel primordial de aproximar pessoas e levar as pessoas a determinados locais, por exemplo. Na vida da Igreja, o rádio tem esse papel de mostrar que a Igreja está articulada, que tem eventos, muitas atividades e a voz do sacerdote local, da paróquia, das pastorais, elas são uma força viva nas comunidades. E o rádio tem o papel de mostrar essa força da Igreja no local, junto com outras forças, ele é primordial para a transformação e aproximação das pessoas. A rádio local tem esse papel de fazer com que as pessoas das comunidades tenham esperança.
A evangelização através dos meios de comunicação muda a realidade de uma comunidade local?
É muito importante que os veículos façam com que as pessoas discutam determinadas pautas que são relevantes à vida humana. Por exemplo, participação política, organização das comunidades locais, discussão de problemas nacionais. O veículo católico tem que provocar essas discussões para transformar a vida local. O meio de comunicação não é um transformador, mas ele sugere assuntos que a comunidade pode discutir e partir da sua organização ele vai sendo um canal e contribuindo para a mudança da realidade local.
E como esses meios de comunicação estão organizados no Brasil?
Muitas dioceses, congregações, ordens religiosas possuem veículos de comunicação e todos eles, sejam confessionais ou comerciais, seguem as diretrizes da Igreja do Brasil e, principalmente, do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, produzido pela Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Documento 99 da CNBB, que orienta a organização da comunicação da Igreja do Brasil. Atualmente, a Signis Brasil, que é uma associação católica de comunicação, busca discutir e tentar organizar as comunicações na Igreja. Por exemplo, a organização de grupo de emissoras de televisão para que todos tenham um mesmo discurso, uma mesma narrativa dessa informação da Igreja. Além das emissoras de TV, a Signis Brasil em parceria com a Rede Católica de Rádio tem mais de 300 emissoras espalhadas no Brasil. Temos entre 10 e 12 redes regionais de rádios católicas que seguem a orientação de comunicação do documento da CNBB. Temos também uma rede nacional de impressos com 11 veículos entre revistas e jornais organizados em forma de rede que trabalham em pautas conjuntas. Sem falar nas editoras e na produção independente que seguem as mesmas diretrizes na produção da informação. A Signis Brasil também está pensando nesse olhar da produção de conteúdo. Queremos começar a discutir, dialogar com as universidades, com cursos de jornalismo, para que essas faculdades e universidades possam colocar no mercado profissionais que tenham esse olhar ético cristão e que sejam também semeadores de esperança.
Diretório
O Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, produzido pela Comissão Episcopal para a Comunicação da CNBB está disponível no site da Edições CNBB. O Documento 99 da CNBB é composto por 189 páginas, distribuídas em 10 capítulos, contendo critérios de ações evangelizadoras, orientações, referências comunicacionais, além de um pequeno glossário.
Destinado a todos os envolvidos com a comunicação eclesial, o documento tem como objetivo motivar a Igreja a uma reflexão sobre a natureza e a importância da comunicação para a vida da comunidade eclesial, nas relações entre seus membros, nos processos de evangelização e no diálogo com a sociedade. De acordo com informações do Vaticano, só existem dois diretórios de comunicação eclesial no mundo: um na Itália e o do o Brasil.
Arte capa: Edições CNBB/Sávio Gerardo