“Anúncio fundamental da fé”

Estamos em pleno ANO DA FÉ, celebrando o Tempo Pascal após os intensos dias do Tríduo Pascal da Paixão, Morte, Sepultura e Ressurreição do Senhor. Assim estaremos em plena festa pascal por cinquenta dias como se fosse um só dia, até a Solenidade de Pentecostes.

O clima do Ano da Fé nos faz viver ainda com mais intensidade os fundamentos da vida cristã, renovando desde sua raiz a nossa fé cristã.

Vêm-nos à mente o que já celebramos com júbilo na solene liturgia, as palavras de São Paulo que faz o anúncio lapidar do Mistério Pascal Redentor: “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras… (1Cor 15, 3-4).

O aniversário e a comemoração dominical semanal da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo nos faz voltar às razões de nossa Fé! Por que sou cristão? Por que somos cristãos? Sem muitos rodeios, porque recebemos a extraordinária notícia, o Evangelho da Salvação: CRISTO MORREU PELOS NOSSOS PECADOS, FOI SEPULTADO E RESSUSCITOU AO TERCEIRO DIA PARA NOSSA JUSTIFICAÇÃO. Cremos neste testemunho dos que com Ele estiveram no drama terrível de sua morte ignominiosa – o Justo massacrado pelos pecados da multidão humana! E qual o sentido desta injustiça mostruosa?

Assim, desde o princípio a Palavra de Deus é que explica: “levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados. (1Pdr 2, 24), “porquanto derramou a sua alma até a morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu.” (Is 53,12)

Sim. Esta é a maior novidade: Cristo morreu pelos nossos pecados.

E a prova é que Ele ressuscitou para a nossa justificação: “o qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitado para a nossa justificação.” (Rom 4,25) E Ele torna justos pela sua misericórdia e poder os que nEle crêem e a Ele se entregam na Fé. Expressam esta Fé recebendo o Batismo – simples no gesto, de poder infinito em seu efeito. E a vida cristã iniciada se completa com o Dom do Espírito Santo (Crisma) e a plena Comunhão no Senhor (Eucaristia). A consequência da graça redentora recebida nos sinais sacramentais torna vida em cada pessoa e na convivência humana mostrando assim sinais da presença do Reino de Deus.

E Jesus continua agora vivo na Ressurreição: “assentou nos céus à direita do trono da Majestade” (Hbr 8, 1) “e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mt 28,20).

Revivemos esta realidade de modo solene na liturgia pascal, e a testemunhamos pela nossa própria existência como Igreja que atravessa os séculos. Testemunha a presença vitória do Senhor a santidade de tantos irmãos e irmãs, que iluminam a humanidade através dos tempos; testemunhos antigos e atuais – santidade em perfeita humanidade.

Retornamos ao Anúncio Fundamental da Fé, o chamado Kerigma – o Evangelho presente e atuante no hoje de nossa história.

E o fruto mais saboroso do Ano da Fé será nova vitalidade da vida cristã, de comunhão eclesial, de missão evangelizadora – nova evangelização que apresenta a pessoa de Jesus Cristo – o Senhor Vivo – ao mundo de hoje. Por isso a nossa vida cristã será verdadeiramente convincente se coerente com a morte para o pecado e a vida no Amor de Deus. E todos poderão reconhecer que Jesus foi enviado pelo Pai, é nosso Salvador e dá seu Espírito que renova todas as coisas na face da terra.

+ José Antonio Aparecido Tosi Marques

Arcebispo Metropolitano de Fortaleza

 

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