Por Pe. Rafhael Silva Maciel – Pastoral Vocacional da Arquidiocese de Fortaleza.
Neste Dia Nacional da Juventude de 2012, dentro da organização própria da nossa Igreja no Brasil, alegra-me poder dirigir uma palavra aos nossos jovens, que não são apenas o futuro, mas são o presente da Igreja no Brasil e no mundo. Bento XVI afirmava isso: “Vós, jovens, não sois apenas o futuro da Igreja e da humanidade. Pelo contrário: vós sois o presente da Igreja e da humanidade. Sois seu rosto jovem” (Discurso aos Jovens, Pacaembu, Rio de Janeiro, 2007).
“Juventude e vida”! O tema desse momento especial está em plena consonância com o que significa à primeira escuta a palavra juventude. Ao falarmos de juventude ou de jovens, os primeiros sinônimos que nos vem à mente são: alegria, entusiasmo, festa; que por si só são também sinônimos de vida, de esperança, de vida vivida na esperança de que as realidades temporais bem ordenadas e utilizadas podem ser caminho de promoção positiva do ser humano e sua dignidade. E como a juventude também pode significar movimento e ânimo, aos jovens podem ser repetidas as palavras do Documento de Aparecida: “Necessitamos que cada comunidade cristã [e digo eu: que cada jovem] se transforme num poderoso centro de irradiação da vida em Cristo. Esperamos em novo Pentecostes que nos livre do cansaço, da desilusão, da acomodação ao ambiente; esperamos uma vinda do Espírito que renove nossa alegria e nossa esperança” (n.362); e os jovens cristãos católicos são como que convocados pelo Senhor para dar esse testemunho de juventude e vida ao mundo e à sociedade permissiva e sem valores que vai crescendo como joio no meio do trigo (Cf. Mt 13,25).
Por isso a pergunta que se segue: “Qual vida vale a pena ser vivida?” Essa pergunta requer muita atenção, uma vez que as respostas podem ser múltiplas e nem sempre de acordo com os valores promotores de vida plena. Esse questionamento o Papa Bento XVI já havia feito por ocasião de sua visita ao Brasil, quando do seu encontro com os jovens no Pacaembu. Ele dizia: “A vida que, em vós, é exuberante e bela. O que fazer dela? Como vivê-la plenamente?”. E ainda é o Papa que continua: “(…) algo nos revela que a vida é eterna e que é necessário empenhar-se para que isto aconteça. Em outras palavras, ele está em nossas mãos e depende, e algum modo, da nossa decisão”.
Tratando-se de falar em juventude e onde se pode viver e adquirir valores para promover uma vida que vale a pena ser vivida, em consonância com o Reino de Deus, podemos lembrar, então, os diversos lugares em que encontramos nossa juventude, dentro da diversidade da Igreja, que ao mesmo tempo é um só corpo. Nossos jovens estão:
– Nas Pastorais de Juventude: este é um espaço onde muitos de nossos jovens despertaram para a fé e para o compromisso com as inúmeras questões sociais. Neste ambiente juvenil “usando a criatividade pastoral, é importante testemunhar Jesus Cristo como Aquele que compartilha a vida, as angústias e as esperanças de seu povo” (Texto-Base CF 2013, n.177).
– Nas Catequeses de Eucaristia e de Crisma: aqui encontramos muitos jovens catequistas, que precisam sempre mais renovar seu ardor catequético e sua formação para repassar os conteúdos da fé aos jovens que chegam para a recepção dos Sacramentos. Por isso os jovens catequistas devem entender que “a catequese (…) precisa ser uma verdadeira escola de formação integral. Portanto [queridos jovens catequistas], é necessário cultivar a amizade com Cristo na oração, o apreço pela celebração litúrgica, a experiência comunitária, o compromisso apostólico mediante um permanente serviço aos demais” (DAp., n. 299).
Mas aqui se encontra um grande número de jovens catequizandos. Muitos deles “sem a consciência de sua missão de ser sal e fermento no mundo, com identidade cristã fraca e vulnerável” (DAp., n.286). Assim será necessário levar tantos jovens ao encontro pessoal com Jesus Cristo, anunciando-lhes o querigma, fazendo-os amar a Palavra, a Eucaristia, e promovendo sua inserção na vida da comunidade e no ardor missionário.
– Nos Movimentos e Novas Comunidades: eis aqui um dom do Espírito para a Igreja em nosso tempo, na expressão da dimensão horizontal, carismática do Espírito. É comprovado que muitas pessoas e dentre elas muitos jovens, encontraram nestas Comunidades e Movimentos, “uma oportunidade para que muitas pessoas afastadas [pudessem] ter uma experiência de vital com Jesus Cristo, e assim recuperar sua identidade batismal e sua ativa participação na vida da Igreja” (DAp., n.312). Que bom saber que o Espírito continua sua grande obra na vida da Igreja através da ação de tantos Movimentos, Associaç ões, Novas Comunidades, Grupos de Oração…Deus seja louvado!
– Nas Escolas (Católicas): eis um espaço que respira juventude. Num contexto sócio cultural que procura excluir valores antes universais e até mesmo a fé, as crianças, adolescentes e jovens católicos, juntamente com seus professores, são convidados a sustentar que a escola é “lugar privilegiado de formação e promoção integral, mediante a assimilação e crítica da cultura” (DAp., n.329). Assim os jovens estudantes são também chamados a serem arautos do Evangelho em suas escolas, não cedendo a situações que se contraponham a Boa Nova de Jesus Cristo.
– Nas Universidades: os jovens católicos universitários enfrentam, nos ambientes acadêmicos, um grande desafio de viver a sua fé e promovê-la ao mesmo tempo. Não com proselitismos, mas no diálogo constante e aberto entre fé e razão. Assim, os mais variados grupos cristãos e católicos existentes no mundo universitário devem trabalhar “promovendo um encontro pessoal e comprometido com Jesus Cristo e múltiplas iniciativas solidárias e missionárias” (DAp., n.343).
– Nos grupos de coroinhas e acólitos: esses grupos geralmente são os grupos de perseverança após a Primeira Eucaristia. A Igreja crê que “o serviço ao altar é, frequentemente, premissa para outras formas de serviço na comunidade cristã” (Orientações Pastorais para a Promoção das Vocações ao Ministério Sacerdotal, n. 18). Assim um bom serviço ao Altar também é testemunho dos jovens sobre aquilo que mais valioso temos: a Eucaristia.
– Nos Seminários (Diocesanos e de Congregações): na maioria das vezes, nossos seminaristas são jovens, e descobriram o apelo vocacional no engajamento na vida da sua comunidade ou em outros Movimentos dos quais participavam. O Papa Bento XVI nos diz: “(…) vós, queridos amigos, decidistes-vos a entrar no Seminário, encaminhando-vos assim para o ministério sacerdotal na Igreja Católica. E fizestes bem, porque os homens sempre terão necessidade de Deus” (Carta aos Seminaristas, Introdução). Deste modo os jovens seminaristas recebem do Senhor muitas consolações em seu período de formação inicial, mas também passam pelas inúmeras provações que a vida lhes apresenta, mas no caminho do seguimento de Jesus é preciso aprender que, “se Ele me ama, então também me sustentará; na hora a tentação, na hora do perigo, estará presente e me dará pessoas, me mostrará caminhos, me sustentará” (Bento XVI aos Seminaristas, na Alemanha, trechos de discurso espontâneo).
– Nas Congregações Religiosas: um sem número de jovens também se decidiu pela Vida Religiosa Consagrada. Uns para a vida monástica outros para o apostolado. Jovens que procuram ser transparência de Cristo pela vivência dos Conselhos Evangélicos num carisma específico. Sobre os Religiosos uma palavra explícita de Bento XVI: “Vós (…) sois uma dádiva, um presente, um dom divino que a Igreja recebeu do seu Senhor. (…) Isso tudo suscita nos coração dos jovens o desejo de seguir mais de perto e radicalmente o Cristo Senhor (…)” (Bento XVI aos Religiosos, no Brasil, 2007).
– No mundo dos esportes: muitos jovens adquirem bons valores e habilidades no mundo do esporte, mas infelizmente aí também podem seguir por caminhos contrários à dedicação e disciplina que o esporte proporciona. Os jovens esportistas católicos são chamados a serem também aí testemunhas do Evangelho, mostrando que “a liberdade vive da regra, da disciplina que aprende o agir em conjunto e o correto confronto, o ser independente do êxito exterior e da arbitrariedade, e desse modo chega a ser verdadeiramente livre” (Ratzinger, “O jogo e a vida: sobre o Campeonato Mundial de Futebol”).
Queridos e amados jovens de nossa Arquidiocese de Fortaleza, certamente haveria muito mais o que falar ou de quem falar. Mas, parece-me que nestes pontos foram elencados espaços privilegiados do mundo juvenil em nossa Igreja Particular. Neste Ano da Fé, como jovens em busca de vida nova e plena peçamos ao Senhor que nos ama e nos chama à vida de Igreja “tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado que só n’Ele temos a certeza para olhar o futuro e a garantia de um amor autêntico” (Porta Fidei, n. 15).
Resta-nos enfim, jovens da Arquidiocese de Fortaleza, gritar, para o mundo inteiro escutar, a mesma resposta que os inúmeros jovens chamados pelo Senhor, contados em sua Palavra, deram, a exemplo da jovem Maria de Nazaré: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim, segundo a tua Palavra” (Lc 1,38).
Deus nos abençoe!!!!!!!