Padre Geovane Saraiva*
Estrada, para Dom Helder, era por demais expressiva, colocando-se a caminho e superando os empecilhos surgidos na estrada da vida, a ponto de dizer: “Quando os problemas se tornam absurdos, os desafios se tornam apaixonantes”. Nada mais justo do que a antiga estrada real, ou caminho imperial, ter sido transformada em Avenida Dom Helder Câmara, também chamada de caminho dos Jesuítas ou caminho das Minas, a qual ligava o município da Corte a Sepetiba, passando pela entrada da Fazenda Imperial de Santa Cruz, a partir do decreto do então prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Luiz Paulo Conde (1997/2001), para o Artífice da Paz, aquele que colocou com grande amor os pés na estrada.
Rendamos graças ao bom Deus, pelo reconhecimento do poder público da cidade do Rio de Janeiro, em transformar a antiga estrada real em Avenida Dom Helder Câmara, o pastor que lutou com todas as forças pelo anúncio transformador e consequente de instaurar o Reino de Deus, no inefável desejo de submeter ao poder supremo toda criatura humana.
Na ocasião dos festejos de seu centenário de nascimento (1909-2009), a antiga Avenida Suburbana, um dos principais eixos da Zona Norte do Rio de Janeiro, passou a se chamar Avenida Dom Helder Câmara, com aproximadamente onze quilômetros, ligando o bairro do Benfica ao de Cascadura, cortando, além desses, os bairros do Jacarezinho, Maria da Graça, Del Castilho, Cachambi, Engenho de Dentro, Pilares, Abolição, Piedade e Quintino Bocaiúva.
O cidadão planetário teve o mundo diante dos seus olhos como campo de ação evangelizadora, colocando com muita disposição interior os pés na estrada, vivendo essa ação a partir dos seus 27 anos na Cidade Maravilhosa-RJ (1936-1964).
Cognominado Dom da Paz, viveu a ternura e a solidariedade ao lado dos irmãos empobrecidos, na condição de padre e bispo, no Rio de Janeiro, no ardoroso sonho de um mundo melhor, asseverando: “Ai da estrada que, em lugar de facilitar a caminhada, prendesse a si quem quisesse atravessá-la; o papel da estrada, como é o nosso, é ajudar a caminhar, e não parar a seguir”. Consagrado sacerdote, com as palavras de Deus em sua boca, andou pela verdadeira estrada real, seguro e consciente da construção do Reino de Deus, que é o reino da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz.
A missão inesquecível do profeta da paz e da ternura foi exercida na função de arcebispo de Olinda e Recife a partir de abril de 1964, carregando consigo umas marcas de homem de Deus, místico e pastor generoso e identificado com seu povo que, ao tomar posse na referida função, afirmou: “Quem estiver sofrendo, no corpo e na alma; quem, pobre ou rico, estiver desesperado, terá lugar especial no coração do bispo”.
Por ocasião do seu aniversário natalício, 7 de fevereiro, roguemos ao Deus de bondade pelos méritos de nosso Servo de Deus, Dom Helder Câmara, desejosos de vê-lo Santo da Igreja, sem jamais esquecê-lo como patrimônio precioso de todos nós, patrono dos direitos humanos e dos injustiçados.
Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência Sacerdotal, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – [email protected]