A profecia desceu do céu em Francisco
Padre Geovane Saraiva*
A dureza e o fechamento do coração de muitos irmãos se deparam com a ação de Deus através da voz dos profetas (cf. Ez 2, 2-5). Como é importante e mesmo indispensável a missão de profetizar, no sentido de fazer descobrir com nitidez o projeto de Deus nas mais diversificadas situações angustiantes da vida. O profeta jamais prescinde de anunciar a verdade que é dura e que não se gosta de escutar e não se quer ouvi-la, mesmo conscientes de que é a Boa Nova que liberta, salva e nos deixa repleto de esperança.
A profecia desceu do céu sobre a humanidade, personificada no Santo Padre, o Papa Francisco, de um modo muito concreto na sua Encíclica Laudato Si, dizendo-nos que “No fim, encontrar-nos-emos face a face com a beleza infinita de Deus e poderemos ler com jubilosa admiração, o mistério do universo, o qual terá parte conosco na plenitude sem fim”. Miguel Cervantes (1547-1616), principal nome da poesia e da literatura espanhola, bem que pode iluminar e fortalecer nosso texto, quando diante das incertezas e dificuldades, nos assegura que “Quem perde seus bens, perde muito; quem perde um amigo, perde mais; mas quem perde a coragem, perde tudo”. Nosso querido Francisco, ao nos presentear com a sua carta Louvado Sejas, nos fala para muito além de Cervantes, nos fala de uma vida para além do sol, quando nos assegura: “Estamos caminhando para o sábado da eternidade, para a nova Jerusalém, para a casa comum do Céu. Diz-nos Jesus: ‘Eu renovo todas as coisas’ (cf. Ap 21, 5). A vida eterna será uma maravilha compartilhada, onde cada criatura, esplendorosamente transformada, ocupará seu lugar e terá algo para oferecer aos pobres definitivamente libertados”.
A América do Sul (Equador, Bolívia e Paraguai) acolhem de 05 a 13 de julho de 2015, repletos de esperança, as palavras do Santo Padre como se fossem as mesmas comovedoras palavras ditas pelo Filho de Deus a Tomé, pedindo de ver as suas chagas e feridas no contexto de uma América do Sul marcada por feridas e acentuados empobrecimentos, desde o início da sua própria história. O Augusto Pontífice, com suas palavras encantadoras, proféticas e esperançosas, através de sua visita apostólica, visita este continente como um peregrino da esperança.
Papa Francisco ao visitar três países da América Sul, deseja expressar no seu rigor e austeridade, dizendo ao mundo inteiro que só perseguindo seu sonho em favor justiça e da paz, continuará sua ação profética e em nome de Deus; convencido de que seu apelo em favor das periferias do mundo, oferecendo-lhe sinais claros de que no Evangelho está a base de toda a vida humana e, igualmente, colocando-se como seu defensor contumaz, num clamor pela qualidade de vida no planeta e na luta pela restauração do mesmo. No contexto da cultura do descarte, que tanto tem destacado o Bispo de Roma, gostaria de lembrar que o Paraguai, último país da visita, depois da guerra que teve início em 1864, antes era uma potência econômica na América Latina, era um país forte, nunca mais se encontrou. Era um país independente da Europa.
Mas o Império Inglês achava que o exemplo do Paraguai causava medo e que não devia ser seguido pelos demais países latino-americanos, que eram totalmente dependentes do Reino Unido. Daí o apoio financeiro e militar a tríplice aliança. Argentina, Brasil e Uruguai uniram suas forças e no dia 1º de maio de 1865 foi selado o acordo da tríplice aliança e a partir daí, os três países unidos, dando as mãos e juntos lutaram para deter, descartar o Paraguai, que era forte. Francisco pediu que o Equador “enfrente os desafios atuais, avaliando as diferenças, fomentando o diálogo e a participação sem exclusões para que as conquistas em progresso que estão sendo conseguidas garantam um futuro melhor para todos”.
Como é maravilhoso rezar e suplicar para o Papa Francisco e seu rebanho as melhores e mais abundantes bênçãos: “Nós vos louvamos, Pai, com todas as vossas criaturas que saíram da vossa mão poderosa. São vossas e estão repletas da vossa presença e da vossa ternura. Louvado sejas (…)”. Amém!
*Escritor, blogueiro, colunista, vice-presidente da Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso, Parquelândia, Fortaleza-CE – [email protected]