[ARTIGO] Ardor e zelo do Papa Francisco

geovane160Padre Geovane Saraiva*

Na sua reflexão para a Solenidade da Santíssima Trindade deste ano de 2014, Padre César Augusto dos Santos sj, lá do Vaticano, concluiu assim: “Filipe, quem me vê, vê o Pai. Dirijamo-nos ao Deus de Amor, a esse Deus que, por amor, rasgou seu coração, e sintamos a plenitude de seu querer bem a nós. Se o mandamento se resume em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo, do mesmo modo como Ele nos amou, saibamos que antes de tudo o Senhor não só nos criou, mas, por amor a nós, se entregou até a morte”.

É o que percebemos no nosso querido Papa Francisco, com seu coração rasgado e sangrando de amor, quando sente uma profunda compaixão pelos jovens e idosos, nesta bela afirmação: “Ao descartar os jovens e os idosos, se descarta o futuro de um povo, porque os jovens vão seguir com força para frente e porque os idosos nos dão a sabedoria, têm a memória deste povo e devem passá-la aos jovens”.

Diante das palavras proféticas do Romano Pontífice, me vem na mente e no coração os discípulos de Emaús, tomados de sensibilidade, ao anunciar a boa notícia aos amigos: “O Senhor está vivo! Nós o vimos! Ele nos falou das Escrituras e comeu o pão conosco. Nosso coração ardia pelo caminho” (cf. Lc 24, 13-35). O coração deles ardia, consumia-se em chamas, sangrava e inflamava-se de amor, porque ele é eterno e nele está o sentido da vida, causando-lhes profundas alegrias e motivações.

Sabemos que o centro da história está na vinda do Filho de Deus ao mundo; história esta que se divide em duas partes: antes de Cristo e depois de Cristo. Neste sentido, a encarnação do Verbo marcou o fim de uma nova era e o começo de uma nova e que, neste teatro da vida, a humanidade peregrina na história, confiada no absoluto de Deus, em meio às coisas passageiras, se põe a caminho na direção do definitivo. É importante perceber uma nítida preocupação do Santo Padre, no sentido de sensibilizar a criatura humana, através de sua profecia de importância incomensurável: “No centro de todo sistema econômico deve estar o homem, o homem e a mulher, e tudo o mais deve estar a serviço deste homem. Mas nós colocamos o dinheiro no centro, o deus dinheiro. Caímos em um pecado de idolatria”.

Deus se revela nas mais diversificadas constâncias da vida, assim como se revelou e se manifestou ao profeta Elias, o qual cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada de uma gruta. Ouviu, então, uma voz que dizia, Elias? Ele respondeu: Estou ardendo de zelo pelo Senhor, Deus todo poderoso (cf. 1Rs 19, 13-14). Este acontecimento bíblico faz-nos associar ao Papa Francisco, no seu coração sensível e grandioso, ao afirmar com força (13/06/2014), no jornal “La Vanguardia”: “A economia se move pelo afã de ter mais e, paradoxalmente, se alimenta uma cultura do descarte. Os jovens são descartados quando se limita a natalidade. Os idosos também são descartados porque não servem mais, não produzem”.

O bispo de Roma voltou a criticar a economia como descarte, dizendo: “Alguém me disse que 75 milhões de europeus com menos de 25 anos estão desempregados. É uma barbaridade. Mas descartamos toda uma geração por manter um sistema econômico que não se aguenta mais”. Ademais, Francisco demonstra sinais evidentes de que está preocupado com o desemprego entre os jovens, seja na Europa ou em qualquer parte de todo o planeta.

Deus abençoe e encoraje sempre mais o Papa Francisco, ele que acabou de afirmar: “sou um Papa com o coração de pároco”, impulsionando o sonho de uma Igreja mobilizada e mobilizadora, na salutar luta em favor da ética mundial e contra as injustiças, sem jamais esquecer todo seu enorme esforço em favor da concórdia e da paz, concretizada na sua visita à Terra Santa e em seguida, transformando o Vaticano na Casa da Paz.

*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, colunista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal – Pároco de Santo Afonso – [email protected]

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