Em meados de março de 2016, a Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou uma nota externando sua preocupação com a “profunda crise política, econômica e institucional que tem como pano de fundo a ausência de referenciais éticos e morais, pilares para a vida e organização de toda a sociedade”. Segundo os bispos a superação da crise passa pela recusa sistemática de todo e qualquer tipo de corrupção, pelo incremento do desenvolvimento sustentável e pelo diálogo entre os responsáveis pela administração dos poderes do Estado e a sociedade. Falando em Tauá, no interior do Ceará, no encerramento dos festejos religiosos de São José, o bispo de Crateús, Dom Ailton Menegussi disse: “Não aceitamos que partido político nenhum se aproveite dessa crise para dar golpe no país”. O mesmo prelado afirmou que “todos os bispos no Brasil estão contra a corrupção”, e que tem corrupto em tudo que é partido, e que a corrupção não foi inventada de quinze anos para cá.
Dom Ailton disse: “Nós não estamos interessados em trocar governo, simplesmente: nós queremos que o país e os cidadãos brasileiros sejam respeitados”. E falando mais claramente o bispo continuou: “Nós não vamos simplesmente apoiar troca de governos, de pessoas interesseiras, que estão apenas querendo se apossar, porque são carreiristas”. “Não vamos acreditar que – muito desse barulho aí – estejam preocupados conosco, não. Tem muita gente lá posando de santinho, mas que nunca pensou em pobre e não pensa em pobre. Tão fazendo discurso bonito porque querem o poder. E com isso a CNBB não concorda”.
O documento da CNBB do dia 10 de março, próximo passado, fala sobre as suspeitas de corrupção. “Essas devem ser rigorosamente apuradas e julgadas pelas instâncias competentes. Isso garante a transparência e retoma o clima de credibilidade nacional”. A CNBB defende que as investigações continuem, mas que sejam condenados somente, de fato, os culpados comprovados. Os bispos não estão querendo ver pessoas condenadas sem provas e sem um julgamento justo. A CNBB afirma que o momento atual não é de acirrar ânimos. A situação exige o exercício de muita diálogo. Defendem as manifestações populares que é um direito democrático que deve ser assegurado a todos pelo o Estado. Porém, essas manifestações populares devem ser pacíficas, com o respeito às pessoas e instituições. É fundamental garantir o Estado democrático de direito. O papa Francisco disse que a corrupção é uma praga que clama aos céus. É algo que destrói a vida das pessoas. Vamos confiar o Brasil ao Senhor da vida e da história pedindo que o atual momento político transforme o Brasil que temos no Brasil que queremos.
Pe. Brendan Coleman Mc Donald
Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1