Atualmente, há muita conversa sobre ecologia aqui em Fortaleza. Os meios de comunicação locais nos advertem sobre nossas praias poluídas, a poluição no ar no centro da cidade devido ao número exagerado de automóveis, o desmatamento da Chapada do Araripe, as águas poluídas despejadas no Rio Cocó, dentro do próprio parque ecológico, a poluição sonora, especialmente à noite; a poluição visual dos outdoors e das pichações ou grafite até em igrejas e monumentos públicos; a poluição chocante do Rio Maraguapinho, o problema dos aterros sanitários na parte periférica da cidade, a retirada de grandes quantidades de arreia de nossas dunas etc.
Ecologistas se preocupam com temas como: a limitação de gás carbônico para diminuir a poluição do ar; a conservação das florestas tropicais; as obrigações das empresas farmacêuticas; químicas e biotecnológicas, que trabalham com espécies tropicais, de repartir seus lucros com países subdesenvolvidos; a transferência de tecnologia do Primeiro Mundo para países ricos em espécies vegetais e minerais; a matança de animais e aves em extinção; a redução da poluição dos mares, rios e lagoas etc. É realmente animador o crescimento mundial, nacional e local frente às questões ecológicas, e encorajador o esforço para preservar sempre mais a natureza.
Mas a consciência ecológica genuína não pode conviver com a degradação física e moral de milhões de seres humanos. Uma ecologia que preserva as florestas e, ao mesmo tempo, permite milhares de crianças morreram de fome ou vierem a ser abandonadas nas ruas é, a meu ver, incoerente. Mais lastimável ainda é a ecologia que se preocupa com animais em extinção, enquanto promove a esterilização de mulheres, impedindo assim, a transmissão da vida humana. É difícil entender uma ecologia que condene a poluição do planeta, mas que fica indiferente diante da poluição da miséria, das drogas e da ignorância, que matam, prematuramente, milhões de seres humanos. É condenável a falta de consciência ecológica que destroem a natureza, mas, sobretudo, a vida humana que é, sem dúvida, seu valor maior. A mais detestável forma de poluição é a miséria de milhões espoliados pelas injustiças.
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista e Assessor da CNBB, Reg. NE1