Os preparativos e a expectativa para o Natal marcam este período do ano. A Festa do Natal nos convida insistentemente à reflexão. Oportunidade esta para uma visão retrospectiva sobre os mais de dois milênios que nos separam do nascimento de Cristo em Belém. Historicamente falando, não há certeza absoluta sobre o dia e o mês do nascimento de Cristo, porque os evangelistas silenciam os pormenores da data. A data que nós celebramos foi escolhida pelo Papa Libério em 354, com grande probabilidade histórica. Nesta data em que se dá o solstício de inverno para os países nórdicos. Proclamamos, portanto, nossa felicidade no Sol da Justiça, que fúlgido, aparece no horizonte da humanidade, mudando os ponteiros da história para uma nova e decisiva era. É dever elementar, consequência de nossa fé, revigorar, em nossas vidas, a verdadeira festa do nascimento de Cristo.
Há, entretanto, profunda diversidade de motivos que alteram os hábitos e os sentimentos das pessoas nesta época de Natal. Crença autêntica ou mera caricatura do nascimento de Cristo: fidelidade ou distorção do fato histórico e de sua dimensão sobrenatural; simples promoção comercial; satisfação de um desejo de aparentar bondade; cumprimento de obrigações sociais; tudo isso significa falsificação mais ou menos grotesca de uma mensagem profunda e transformadora. É o Natal num mundo secularizado e descristianizado. Como é triste ver um mito como “Papai Noel”, ocupando o lugar do menino Deus nos festejos natalinos. Um ícone do consumismo imposto à nossa cultura, não inspirado na verdade histórica, nos valores éticos e nem no bom senso. Acredito que seria mais autêntico aos pais cristãos, em lugar de mentir sobre a existência de “Papai Noel”, dizer aos seus filhos no Dia do Natal que estão recebendo seus presentes por causa do aniversário do nascimento de Cristo.
Precisamos aprender bem as lições do presépio, criado por São Francisco de Assis no século treze. Quando os homens colocam como supremo árbitro o dinheiro, a manjedoura nos prega a pureza e o despojamento. Quando outros pretendem resolver os problemas deste mundo, utilizando somente a política dos homens, o Natal nos fala dos valores transcendentais. Quando os filhos do mesmo Pai se dividem pelo ódio e pela violência, é do presépio que emana a extraordinária e eficácia pregação da paz e da concórdia. Quando irmãos sofrem injustiças e violências por parte de outros irmãos, a manjedoura nos fala dos fundamentos inalienáveis do direito e de um Deus que detesta e condena o crime, a maldade, a prepotência e a injustiça. Somente uma visão cristã do Natal poderá dar aos homens o que eles desejam: um mundo que não seja somente uma exaltação do econômico e do material, mas a realização do espírito e a concretização do Plano de Deus. Desejo à todos os leitores do jornal O POVO um feliz e santo Natal e muita paz, saúde e prosperidade em 2016.
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald
Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1