Dezembro é o mês do Natal. Mais uma vez o nascimento de Jesus está diante dos nossos olhos. Jesus Cristo, o Filho de Deus, que se fez homem, nasce entre nós, torna-se o Deus conosco. Deus aproximou-se dos homens para salvá-los, num gesto de espantosa solidariedade. Cristo, o prometido de séculos, o esperado de gerações chegou. Ele veio não para nos condenar, mas para nos salvar. “Na plenitude dos tempos Deus mandou seu Filho, nascido de uma mulher, para que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl 4,4-5). Nesta frase lapidar de Paulo está o motivo fundamental da encarnação do Filho de Deus: tornar-nos novamente filhos de Deus.
A universalidade das comemorações natalinas é algo assombroso em um mundo que aparenta estar divorciado do eterno e do transcendental. Apesar do fato que o mundo de hoje é um mundo secularizado e descristianizado, na época do Natal, por motivos diversos, os homens alteram seus hábitos e sentimentos. Nas mais diversas modalidades, mesmo sem conhecerem explicitamente o Cristo, e até rejeitando-o, os homens se alegram e desejam felicidade uns aos outros. Há preocupação em comunicar ao próximo o bem-estar. Cada Natal transmite ao mundo lições de paz, de concórdia e de fraternidade. Porém, é triste ver um mito como “Papai Noel” ocupando o lugar do Menino Deus nos festejos natalinos. Um ícone do consumismo imposta à nossa cultura, não inspirado na verdade histórica e nos valores éticos.
O presépio, criado por São Francisco de Assis no século treze, exprime uma lição a um mundo que valoriza exageradamente o dinheiro, o poder e o gozo. Quando os homens colocam como supremo árbitro o dinheiro o presépio nos prega o despojamento. Quando os homens querem resolver os problemas deste mundo usando valores terrenos, a manjedoura nos fala dos valores transcendentais. Quando os homens se dividem pelo ódio e pela violência do silêncio de Belém emana uma magnífica proclamação de paz e de concórdia.
Historicamente falando, não há certeza absoluta sobre o dia e o mês do nascimento de Cristo, simplesmente porque os evangelistas silenciam os pormenores da data. A data que nós celebramos foi escolhida pelo Papa Libério em 354. Observemos o mundo em que vivemos neste ano de 2016: corações amargurados, guerras, ódio, injustiça, egoísmo, chocante miséria, terrível fome, gravíssimas doenças, drogas, desrespeito à pessoa humana, assaltos, depressão etc. e temos aí uma ideia do longo caminho a percorrer até a mensagem do Natal seja vitoriosa. São João falando da Encarnação do Filho de Deus no Natal expressa uma grande tristeza: “Veio para os seus e os seus não o receberam” (Jo 1,11). E nós recebemos no coração Cristo, Príncipe da Paz? Como diz o Apóstolo: “Cristo é nossa paz” (Ef 2, 14). A todos os leitores deste artigo desejo-lhes um feliz e santo Natal e paz, saúde e prosperidade em 2017.
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald
Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1.