A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicou uma Carta circular no dia 08 de junho de 2014, solenidade de Pentecostes, sobre o significado ritual do dom da paz na Missa.
Antes de enfrentar a paixão, Jesus prometeu aos discípulos, reunidos no Cenáculo “deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz” Jo 14,27.
Depois de sua ressurreição, o Senhor retoma “a paz esteja convosco” Jo 20, 19-23. O sinal da paz se encontra na celebração litúrgica entre o Pai Nosso e a Fração do Pão.
Os fiéis expressam a mútua caridade, antes da comunhão sacramental, conforme o Missal Romano, em sua terceira edição típica de 20 de abril de 2000.
O Papa Bento XVI destacou o verdadeiro sentido do rito e do sinal da paz, renovando o convite para cuidar este rito e para realizar este sinal litúrgico com sentido religioso e sobriedade.
O próprio Dicastério dirigiu-se às Conferências Episcopais do mundo inteiro, em maio de 2008, pedindo parecer sobre se manter o sinal da paz antes da comunhão ou se mudá-lo a outro momento, para uma melhor compreensão.
Sem dúvidas, o tema é importante, buscando o significado correto do rito da paz.
Uma frutuosa participação na Eucaristia não significa exibir-se, showmissa e muito menos certas criatividades que não correspondam às orientações previstas, chegando a excessos e abusos, suscitando confusão na assembléia litúrgica.
A Eucaristia é por sua natureza Sacramento da Paz, por isso é fundamental haver uma oportuna catequese, conhecer as linhas orientativas e manter o clima orante,.
Não é necessário convidar “mecanicamente” para se dar a paz.
Torna-se conveniente e até pedagogicamente não realizar o Abraço da Paz em determinadas ocasiões.
Veja-se o modelo de se dar a paz, conforme a orientação das Conferências, no nosso caso a CNBB, através da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia.
Evitem-se alguns abusos como:
a) Canto da paz, inexistente no Rito Romano, que prevê um tempo brevíssimo para dar a paz somente aos que estiverem mais perto, podendo haver acompanhamento de um instrumental.
b) Deslocamento dos fiéis para trocar a paz.
c) O sacerdote abandonar o presbitério para dar a paz a alguns fiéis, alterando a celebração.
Cristo é a nossa paz, conforme Efésios 2,14.
Avancemos na formação litúrgica e espiritual e na oportuna catequese aos fiéis, com a dinâmica da Iniciação à Vida Cristã.
O Papa Francisco não só aprovou, mas confirmou o que se contem nesta Carta circular.
Por Pe. Gilson Marques Soares
Arquidiocese de Fortaleza
e Assessor para a CNBB Regional NE 1