No dia 3 de maio, próximo passado, muitos fiéis da Arquidiocese de Olinda e Recife e da Arquidiocese de Fortaleza superlotaram a Igreja Catedral do Santíssimo Salvador do Mundo, em Olinda, para celebrar a abertura oficial do processo de beatificação e canonização de Dom Helder Câmara, Arcebispo Emérito de Olinda e Recife. Dom Helder nasceu em Fortaleza no Ceará no dia 7 de novembro de 1909 e faleceu no Recife no dia 27 de agosto de 1999. A Santa Missa foi presidida pelo Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido que recebeu a ordenação sacerdotal das mãos de Dom Helder. A homilia durante a missa foi pregada pelo arcebispo emérito de Paraíba, Dom José Maria Pires, contemporâneo e amigo de Dom Helder e agora totalmente lúcido com 96 anos. O Governador de Pernambuco, Dr. Paulo Câmara e membros de seu governo marcaram presença na missa.
Na ocasião Dom Fernando apresentou os membros da comissão jurídica responsável por reconhecer as “virtudes heroicas” do seu ilustre antecessor. Ele aproveitou do ensejo também para pedir orações através da intercessão do Dom Helder. A solenidade foi marcada para as nove horas. Na ocasião foi apresentado o tribunal ou comissão, como é chamado o grupo de trabalho formado por cinco membros: juiz delegado e promotor de justiça (ambos formados em direito canônico), o notário, o notário adjunto e o cursor. O bispo auxiliar de Recife, Dom Antonio Tourinho Neto é o Juiz Delegado e Coordenador do Tribunal. Ele está impressionado com o número de pessoas que querem ser ouvidos pelo Tribunal. Essas pessoas precisam responder um questionário composto de 70 perguntas! Os membros do Tribunal juraram com suas mãos na Bíblia guardar um sigilo sobre as testemunhas das pessoas a serem ouvidos. O postulador da causa de beatificação e canonização de Dom Helder, Frei Jociel Gomes explicou que “O objetivo dos membros deste grupo de trabalho é analisar os textos publicados por Dom Helder e ouvir pessoas que tiveram contato com ele. É fundamental também a atuação das comissões histórica e teológica”.
Em entrevista coletiva dada no início de abril Dom Saburido assinou o edital que torna pública a autorização da Santa Sé. O texto cita a carta enviada pelo Prefeito da Sagrada Congregação para a Causa dos Santos, Cardeal Angelo Amato, que foi emitida menos de dez dias depois que o Secretário responsável pelo referido discatério confirmou o recebimento do pedido de abertura do processo de Dom Helder Câmara, no dia 16 de fevereiro deste ano. Na entrevista Dom Saburido afirmou: “Tenho um carinho enorme por Dom Helder e desde que cheguei à Arquidiocese de Olinda e Recife há esse desejo do povo de Deus. Enviamos o pedido no dia 27 de maio do ano passado e nos surpreendemos positivamente o retorno rápido da Santa Sé. Agora vamos trabalhar para concluir a etapa diocesana do processo. Em seguida, será a vez de o Vaticano realizar a outra parte do processo”. O Instituto Dom Helder Câmara colocou a disposição do Tribunal o acervo do Instituto com mais de 2.000 cartas, 3.000 crônicas e centenas de poesias e discursos. Existe agora uma oração pessoal feita para alcançar a beatificação e canonização de Dom Helder que em nada se pretende antecipar a autoridade eclesiástica.
Cabe agora ao Postulador elaborar o “Positio” que é um sumário dos estudos e relatos realizados pela comissão, contendo uma biografia amplamente documentada apresentando as virtudes praticadas por Dom Helder. Quando o “Positio” é aprovado pela Santa Sé, o Papa concederá o título de “Venerável Servo de Deus” ao Dom Helder. O próximo passo é o da beatificação, onde o beato é considerado um modelo de vida para os fiéis e que tem o poder de intermediário entre os fiéis e Deus. Este passo exige um milagre atribuído ao Servo de Deus. Finalmente, a última fase do processo é a canonização. Esta fase exige mais um milagre atribuído ao beato. A cerimônia terminou com Dom Saburido convidando os presentes para visitar o túmulo de Dom Helder onde houve orações e a benção do túmulo. Os Cearenses estão ansiosos para ter seu primeiro santo nativo. Dom Helder nasceu em Fortaleza, estudou no Seminário da Prainha em Fortaleza e desde seminarista defendeu os Direitos Humanos, especialmente para os pobres e marginalizados. Pregava uma Igreja simples voltada para os pobres e defendeu fortemente o movimento “não a violência”.
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1