Mais uma vez a Semana da Pátria nos faz refletir, à luz do Evangelho e da fé, sobre a verdadeira raiz e as exatas exigências do patriotismo. Em que consiste o nosso patriotismo? Será principalmente no empenho sincero e constante por edificar uma pátria correspondente aos planos de Deus. Isso exige doação, trabalho, honestidade de governantes e governados, existência e cumprimento de leis justas, primazia do bem comum sobre as vantagens particulares, justiça e ordem. Exige principalmente fraternidade alicerçada no respeito e no amor. Precisamos construir mais pontes e menos muros que nos aproximem uns dos outros, fazendo desaparecer as desigualdades, as discriminações, os rancores e, sobretudo, a violência.
Embora devêssemos amar e servir ao nosso País durante o ano todo, saudamos a Semana da Pátria, como oportuno ensejo de avivar o nosso patriotismo. Para os cristãos autênticos, que não podem separar fé e vida, consciência e ação, doutrina e comportamento, o patriotismo não é algo acessório ou secundário, mas é uma das maneiras necessárias de praticar a justiça e a caridade fraterna. A edificação de uma nação encontra seus alicerces básicos na prática da justiça, capaz de garantir, entre os homens, a presença contínua da paz. Vivemos um momento onde avultam graves problemas e deficiências que não podem ser obscurecidas pelo entusiasmo da Festa da Pátria. Pelo contrário, eles devem ser corrigidos para um maior brilhantismo dessa importante data.
Para o homem sensato e realista, a festa de 7 de setembro deste ano de 2014 torna-se excelente oportunidade para um estudo atento dos erros e acertos de nossa vida como Nação. Os fatores que limitam a liberdade plena do povo e retardam o desenvolvimento do País além de enfraquecer o espírito patriótico são: toda espécie de corrupção, impunidade, todo tipo de violência, a falta de justiça para todos, a exploração dos pobres e especialmente dos menores, a disseminação desenfreada do narcotráfico, a falta de emprego, a falta de moradia digna, aposentadorias inadequadas, a inoperância do sistema público de saúde, a inacessibilidade a uma educação de boa qualidade para muitos etc. Todos esses fatores ameaçam a liberdade do povo e até a estabilidade da Nação.
Estamos num ano de eleição. O patriotismo exige que nós escolhamos bons governantes, honestos e com capacidades comprovadas. Dom Aloísio Lorscheider, de saudosa memória, disse uma vez: “Quem voto num candidato, sabendo que este não é honesto, só porque espera dele um emprego ou uma vantagem, é um traidor da sua pátria”. Nas eleições vindouras vamos mostrar nosso patriotismo votando bem. Que Deus abençoe o Brasil e seu povo.
Pe. Brendan Coleman Mc Donald
Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1.