Marilza Lopes Schuina é presidente pela segunda vez consecutiva do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), uma associação de fiéis leigos e leigas católicos de direito público, que congrega e representa o laicato brasileiro na sua diversidade e riqueza de movimentos, pastorais e associações dos mais variados tipos. O CNLB tem por objetivo articular o laicato, em conselhos regionais, diocesanos e locais. Ela também integra a equipe que está coordenando o processo do Ano do Laicato na Igreja no Brasil. Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, a ser celebrado no próximo dia 8 de Março, ela falou ao portal da CNBB sobre a papel das mulheres na Igreja.
1 – Dia 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Como presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, qual a mensagem você gostaria de dirigir às mulheres que doam-se à Igreja em diferentes papéis e serviços?
Diante do cenário de discriminação e violência no qual vivem as mulheres, a fé e a pertença eclesial cristãs tem sido o caminho para a libertação e crescimento da mulher. À sua maneira, a mulher tem lutado pela igualdade e pelos direitos para todas as pessoas, sem qualquer tipo de distinção, discriminação e violação da vida, principalmente as mulheres das comunidades, das periferias, dos meios populares que têm a chance de criar e recriar o novo rumo à liberdade e à participação efetiva na Igreja e na sociedade.
Vê-se pelo Brasil afora, pela América Latina e Caribe o quanto as mulheres das Comunidades Eclesiais de Base, dos movimentos populares, das pastorais sociais, dos círculos bíblicos, dos clubes de mães experimentam o novo que vem de um jeito simples de estarem juntas, partilhando e compartilhando as angústias e as esperanças diante de uma interpretação da Palavra de Deus que as faz serem verdadeiramente sujeitos eclesiais. Assim a mulher busca alargar o espaço de participação, na busca de uma “experiência humana e religiosa que abre caminhos e novas passagens… como a construção do espaço público e o exercício da cidadania de uma nova maneira.”
São as mulheres que acendem a chama da fé e da esperança, acompanhando dia-a-dia Jesus missionário ao pé da cruz. Para o Papa Francisco, a esperança na América Latina tem um rosto feminino. “Não as reduzamos a servas do nosso clericalismo recalcitrante; mas sejam, ao invés, protagonistas na Igreja latino-americana: no seu cair com Jesus, no seu perseverar, mesmo no meio do sofrimento do seu povo; no seu agarrar-se à esperança que vence a morte; na sua maneira jubilosa de anunciar ao mundo que Cristo está vivo, ressuscitou”.
2 – Como avalia a presença das mulheres e sua importância na realização da missão da Igreja no Brasil?
As mulheres são sujeitos eclesiais, oferecem à Igreja e à sociedade uma contribuição indispensável. Elas atuam nas Comunidades, contribuem para o acompanhamento das pessoas, famílias, grupos; partilham responsabilidades pastorais, nos Movimentos, nos Serviços, nos Organismos. Sem a presença feminina, a Igreja não seria verdadeiramente Igreja. Nos Evangelhos, podemos encontrar Jesus que dá atenção especial às mulheres.
Na Igreja, essa presença da mulher precisa ser mais valorizada e reconhecida a sua comum dignidade, que é a mesma dignidade de todos os demais cristãos. Dignidade esta que provém do Batismo, pois em Cristo, somos todos e todas “sacerdotes, profetas e reis”.
Na exortação apostólica Evangelli Gaudium, o Papa Francisco diz: “As reivindicações dos legítimos direitos das mulheres, partindo da convicção de que homens e mulheres têm a mesma dignidade, colocam à Igreja questões profundas que a desafiam e não se podem decidir superficialmente…” – 104.
“É preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja no âmbito do trabalho e nos vários lugares onde se tomam as decisões importantes, tanto na Igreja como nas estruturas sociais” – 103. Pra mudar, é só participar: “sem medo de ser mulher”.