[REPORTAGEM] Campanha da Fraternidade e Fundo de Solidariedade de mãos dadas na defesa da vida

A Campanha da Fraternidade foi lançada recentemente na Arquidiocese de Fortaleza em coletiva de imprensa que reuniu diversas pastorais, entidades da sociedade civil e organismos da igreja. Com o tema “Fraternidade e Tráfico Humano” e o lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou” a campanha quer identificar casos, tornar público o tema e denunciar as violações existentes no estado.

O arcebispo de Fortaleza, dom José Antônio, falou da importância e envolvimento da Arquidiocese com o tema e enfatizou a quaresma como um tempo propício para mudanças de atitudes, reflexões e mobilizações. Na oportunidade o bispo fez a leitura da mensagem enviada pelo Papa Francisco para esse tempo.

Além do arcebispo estavam presentes Irmã Bete, coordenadora da Rede um Grito pela Vida – Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB); Rosélia Follmann, representante da Campanha da Fraternidade e Fundo de Solidariedade da Arquidiocese de Fortaleza; Irmã Eléia Scariot, coordenadora da Pastoral do Migrante; Dra. Juliana de Sá Pereira, chefe da Delegacia de Defesa Institucional da Polícia Federal; Dra. Ana Cristina Carneiro, advogada do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Estado do Ceará; e Dr. Lucas Guerra, advogado do Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos da Arquidiocese de Fortaleza.

Irmã Bete falou do trabalho que a Rede Um Grito pela Vida vem fazendo em todo país. E ficou feliz com o tema da campanha. “Várias tentativas já tinham sido sugeridas pela Rede para que a CNBB assumisse o tema e graças a Deus, dessa vez foi aceito”, disse a freira.

A Rede está formada desde 2006 e atua na prevenção do tráfico de pessoas e fusão das informações sobre o tema. Hoje existem 22 núcleos em 19 estados.

Segundo informações da Rede o tráfico humano hoje gera em torno de 32 bilhões de dólares ao ano ao lado do tráfico de armas e drogas. Relacionado com a situação de pobreza e miséria, o Nordeste é uma das grandes rotas da ação criminosa. Quem afirma essa informação é uma pesquisa realizada pelo Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes (CECRIA) disponível no site https://www.namaocerta.org.br/pdf/Pestraf_2002.pdf.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) em recente pesquisa relatou que 20,9 milhões de pessoas em todo mundo são vítimas do trabalho forçado e exploração sexual. As mulheres e jovens representam 55% das vítimas.

No Ceará

Segundo a Dra. Juliana de Sá Pereira, chefe da Delegacia de Defesa Institucional da Polícia Federal, o número de denúncias no estado ainda é pouco diante da realidade que se tem. Além do medo as próprias vítimas que estão nessa situação não sabem que estão sendo exploradas. Segundo reportagem veiculada recentemente pela Agência de Notícias Esperança (AnotE) nos últimos 5 anos apenas 5 casos foram julgados no Ceará.

Os casos que chegam até os núcleos são investigados e as vítimas recebem todo apoio, além de serem inseridas em programas de proteção.

Gesto concreto da CF

Neste tempo a CF tem como gesto concreto a Coleta Nacional da Solidariedade que acontecerá no dia 13 de abril, na missa do Domingo de Ramos. A doação de milhares de brasileiros/as nesse dia tem ajudado muitas comunidades em todo país a superar situações de exclusão, em todos os aspectos.

Em 2013 a Coleta da Solidariedade rendeu, na Arquidiocese de Fortaleza, R$ 229.747,39. Deste valor 40% (R$91.898,96) são encaminhados ao Fundo Nacional de Solidariedade e 60% (R$ 137.848,43) ficam na Arquidiocese, formando assim, o Fundo Diocesano de Solidariedade. Dos recursos que ficam na Arquidiocese 40% é destinado a projetos dentro da temática da CF; 10% para animação, divulgação e realização das campanhas, a saber, da fraternidade, missionária e evangelização; 30% para projetos das pastorais sociais; 10% para o grito dos excluídos; 5% para emergências e 5% para administração.

Em 2013, na Arquidiocese de Fortaleza, a Comissão do Fundo de Solidariedade aprovou 33 projetos vindos das diversas pastorais, associações comunitárias, movimentos sociais e entidades.

Para Rosélia Follmann, representante da Equipe de Animação das Campanhas e Fundo de Solidariedade da Arquidiocese de Fortaleza, o fundo tem contribuído na melhoria de vida de grupos que o acessam, bem como, tem ajudado a pastorais, associações e outros a darem continuidade na articulação e execução de seus trabalhos específicos. Por exemplo: Pastoral do Migrante, Pastoral do Povo de Rua… E ainda, “Quando o recurso é bem aplicado contribui com os objetivos a que o Fundo de Solidariedade se propõe que é ajudar a reduzir as situações de miséria em que vivem muitas pessoas” disse.

Ela ainda relata a falta de estrutura para acompanhar os projetos. “Somos uma equipe pequena e gostaríamos de fazer o acompanhamento mais de perto, no entanto não temos estrutura para realizar essas ações, como as visitas, por exemplo. Acompanhamos um tanto de longe, buscamos informações para sabermos dos resultados concretos dos projetos enviados ao Fundo de Solidariedade”, completou.

Por Jeane Freitas, Cáritas Regional Ceará e Rede AnotE.

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