Com o atual crise socioambiental pela qual passa a região Amazônica, que articula um conjunto de práticas predatórias baseadas na ideia de que os recursos são inesgotáveis e de que o mato não tem valor, os cientistas estão apontando o que eles chamam de uma situação de “não retorno” com um desmatamento que avança para quase 25% da floresta. A partir daí por haver um processo de savanização e empobrecimento da biodiversidade que jamais poderá ser recuperado.
Esta afirmação foi feita pela ecóloga Ima Vieira, pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi e assessora da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam-Brasil), no lançamento da campanha “Amazoniza-te”, organizada pela Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em parceria com outras organizações eclesiais e da sociedade civil, na tarde da segunda-feira, 27 de julho.
Segundo a irmã Maria Irene Lopes, secretária executiva da Repam-Brasil, ao explicar a campanha e seus objetivos, a iniciativa surge atenta ao contexto onde as violências contra os povos tradicionais são agravadas pela pandemia da Covid-19. “Enfrenta-se uma conjuntura onde o desmatamento e a grilagem, as queimadas, a mineração e garimpo se intensificam, tornando-se agentes de proliferação do coronavírus nas comunidades da região amazônica”, disse.
A ação faz parte da mobilizações pós Sínodo para a Amazônia realizado no Vaticano, em outubro de 2019. Segundo irmã Irene, a campanha vai envolver os diferentes organismos eclesiais, artistas, formadores de opinião, pesquisadores e cientistas internacionais e do Brasil nas ações.
Orientados pela escuta dos clamores e esperanças, a campanha é culminância das diferentes ações e mob ilizações realizadas pelas organizações eclesiais e sociais que atuam na Amazônia ou na defesa dela, como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), Mídia Ninja e Movimento Humanos Direitos (MHuD).
No lançamento da campanha, o arcebispo de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispo do Brasil, dom Walmor Oliveira de Azevedo, falou que a Amazônia é muito importante por seus povos, sua historia, pela fé cristã que nela foi plantada. O presidente da CNBB disse que a campanha convida a todos a colocar na cabeça e no coração um novo verbo: “Amazonizar”.
A campanha, segundo dom Walmor, tem um apelo para considerarmos a alteridade. “O sentido de alteridade me permite que em não sendo da Amazônia e não estando na Amazônia eu possa Amazonizar-me”, disse. Uma comunidade e uma sociedade, segundo dom Walmor, só se constroem na medida em que são considerados a participação de cada um e de todos.
Amazonizar-se, segundo o dom Walmor, é um convite ao diálogo e a não passar por cima da comunhão. “‘Amazoniza-te’ se torna uma escola para nós aprendermos a respeitar os povos e as culturas diferentes, a preservar o meio ambiente. Que todo mundo entre e matricule-se nesta escola como um caminho de aprendizagem da humildade e de compromisso com os que precisam mais”, disse.
Também participaram do lançamento da campanha o bispo emérito do Xingu e vice-presidente da Repam-Brasil, dom Erwin Krautler, a deputada federal Joenia Wapichana, a atriz Dira Paes, representando o Movimento Humanos Direitos, o padre Dário Boss, assessor da Repam-Brasil, e a assessora de Comunicação da CNBB, Manuela Castro.
A deputada federal chamou a atenção para os vetos que sofreram o projeto lei nº 1142. O projeto prevê que o Estado brasileiro realize um conjunto de ações para enfrentar o avanço do novo coronavírus entre os povos indígenas. Segundo ela, o presidente da República vetou 21 artigos e 22 itens. O mais triste, na sua avaliação, foi o veto ao direito de os povos indígenas terem acesso à água potável. No contexto de destruição do bioma, a atriz Dira Paes disse que “Amazonizar é um verbo e verbo é ação. “Mobilizar é necessário, mas é preciso mobilizar todos nós para agir em prol deste sentimento de cuidar da Amazônia”, disse.
Material de mobilização da campanha “Amazoniza-te”
Durante o lançamento foi divulgado o hotsite da campanha, amazoniza-te.org, onde é possível encontrar os materiais de apoio, manifestos políticos das organizações e um compilado de estudos sobre a realidade da Amazônia para fundamentar ações e posicionamentos.
Uma das publicações é a carta “Nota dos Bispos da Amazônia Brasileira Sobre a situação dos povos e da floresta em tempos de pandemia da Covid-19”, assinada pelos 67 bispos católicos que atuam na região. Na carta, os bispos da Amazônia brasileira convocam a Igreja e toda a Sociedade para exigir medidas urgentes do Governo Federal, do Congresso Nacional, dos Governos Estaduais e das Assembleias Legislativas para o bioma.
A campanha traz ainda uma série de vídeos com depoimentos das populações tradicionais da Amazônia que dialogam com o alerta assumido também por artistas de expressão nacional e internacional. O grupo de organizações proporá uma lista de ações concretas a serem assumidas de forma pessoal ou coletiva na perspectiva de “Amazonizar-se”.
A live pode ser acessada na íntegra no link abaixo:
Uma resposta
E a Evangelização fica onde ?? A Missão da Igreja é a Salvação das Almas, não das florestas. A defesa da natureza pode e deve acontecer, MAS, deve ter o Ser Humano Prevalência. Se todas as florestas foram preservadas, mas muitas almas se perderem, A Igreja terá Fracassado. Mas se toda a natureza for destruída mas não se perderem Almas por falta de Evangelização, a Igreja terá cumprido sua Missão.
Abram as Igrejas. Deixem o Povo de Deus Adorar Jesus e receber os Sacramentos.