Terceiro dia dos trabalhos do Sínodo sobre a nova evangelização, em andamento no Vaticano. Na manhã de quarta-feira, os trabalhos foram em círculos menores. Sobre o andamento dos trabalhos em exclusiva para a Rádio Vaticano falou o arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Pedro Scherer.
“Estamos ainda no terceiro dia, de fato, tivemos apenas um dia de reflexão com o grupo de participantes, portanto estamos muito no início ainda, mas é claro que o tema do Sínodo – Nova Evangelização para Transmissão da Fé – consiste em dois polos: a nova evangelização enquanto um processo de evangelização que precisa ser retomado, precisa ser feito sempre, precisa ser feito agora diante de situações novas, num contexto novo, com possivelmente motivações de linguagens novas, mas , enfim, a Evangelização é a tarefa permanente da Igreja. Me parece que a tomada de consciência mais importante, neste momento, é que a nova Evangelização de fato é Evangelizar de novo. É esquecer o pressuposto de que já foi feito uma vez, porque a Evangelização nunca está completa, nunca é um processo concluído, mas é um processo sempre em andamento. Por outro lado, até mesmo pessoas já Evangelizadas precisam ser novamente Evangelizadas ao longo de toda a vida. Então, esta é a primeira constatação. Nova Evangelização significa de fato Evangelização. Arregaçar as mangas e fazer Evangelização. Isso requer talvez mudanças, Conversão Pastoral como se disse em Aparecida e aqui já começou a ser dito várias vezes, por várias vozes. Conversão Pastoral que signifique uma conversão missionária que signifique de fato que a Igreja se assuma missionária em tudo que ela é e faz, e, portanto, passe de uma Pastoral do que já tem e passe para uma Pastoral de missão, indo ao encontro, procurando àqueles que não vem, procurando àqueles que não foram contactados. Este é um primeiro aspecto. Por outro lado, aparecem acenos a uma necessidade e a uma melhor formação do clero, pressuposto básico para renovação da vida da Igreja. Depois, uma atenção muito especial aos mistérios da fé que a Igreja celebra na liturgia e que alimentam a fé e que atraem para Deus, porque a Igreja não é auto-fundante, mas sim obra do Espírito Santo, portanto também é um mistério da fé, e por isso mesmo, aquilo que ela é ou aquilo que ela prega, não vem dela mesma, mas vem justamente do autor da fé, que é Jesus Cristo e o Espírito Santo que desperta a fé e faz animar a fé, portanto, uma atenção maior justamente àquilo que são os mistérios da fé, que são os sacramentos, que é a Liturgia, a palavra de Deus pregada e apresentada de maneira convincente, testemunhal, atenta, amorosa, alegre. Essas coisas estão aparecendo pelas muitas vozes que vão sendo levantadas no Sínodo através das palavras e dos depoimentos dos membros do Sínodo que vão falando. Portanto, o que posso dizer é que o primeiro dia de depoimentos dos membros do Sínodo é que a Igreja precisa voltar-se, não sobre si, mas para as suas bases. Precisa partir de novo para seus pressupostos e não entender-se demasiadamente como uma organização que tem uma eficácia por si mesmo, por suas estruturas, organização, métodos, planos. Tudo isso é bom, tudo isso é necessário, mas não é só isso que produz o efeito da Igreja, ainda, por si só. O que produz o efeito do trabalho da Igreja é, de fato, a Graça de Deus, em função da qual nós estamos trabalhando”.
POR: CNBB