Este quarto ano foi denso de momentos e documentos do magistério. Foi o ano da Exortação Apostólica Amoris Laetitia e do abraço histórico com o Patriarca Kirill em Cuba, o ano da JMJ de Cracóvia, e da visita ao campo de concentração de Auschwitz, da canonização de Madre Teresa de Calcutá e da viagem ecumênica a Lund, na Suécia, pelos 500 anos da Reforma Protestante.
A misericórdia uniu estes pontos e teve o seu ápice com a celebração do Jubileu Extraordinário, concluído em dezembro passado.
Para uma reflexão sobre os temas fortes destes primeiros quatro ano de pontificado e sobre o horizonte que o Papa Francisco está abrindo na vida da Igreja, o Secretário d Estado, Cardeal Pietro Parolin, concedeu uma entrevista à Rádio Vaticano – Secretária para a Comunicação.
Parolin: “No dia 13 de março de 2013, eu não estava em Roma, estava ainda em Caracas, como Núncio Apostólico na Venezuela. Recebemos a notícia lá ao meio-dia. O primeiro sentimento foi de surpresa por este nome, pela eleição do Cardeal Bergoglio de quem ouvi falar, mas não se previa naquele momento que seria o novo Papa, pelo menos a imprensa não o apresentava entre os papáveis. Portanto, uma grande surpresa e uma surpresa também em relação ao nome. O nome Francisco não constava na série dos Papas e prefigurava quais seriam as características do novo Pontífice. Tocou-me o seu discurso feito com muita simplicidade, muita paz e serenidade. Esta confiança recíproca, o fato que ele tenha se confiado ao povo, pedindo-lhe orações para que Deus o abençoasse, “o povo santo de Deus”, como ama dizer o Papa Francisco. Portanto, o confiar-se do pastor ao povo, do povo ao pastor e todos juntos a Deus. Dali saiu esta imagem de Igreja que é um caminhar juntos, pastor e povo, com confiança e confiando-se todos à oração, graça e misericórdia do Senhor.”
O Santo Padre desde o inicio acentuou a necessidade de ser uma “Igreja em saída”, Igreja a caminho. Está afirmando em vários níveis da Igreja este estilo sinodal, esta visão que o Papa quer tanto?
Parolin: “Evidentemente, é um caminho longo, um caminho progressivo, um caminho que teve o seu início com o Concílio Vaticano II e que o Papa Francisco quer continuar sua aplicação na vida d Igreja. Parece-me importante esta Igreja a caminho, esta Igreja que se abre: uma Igreja que se abre sobretudo ao Senhor, uma Igreja em saída em direção ao seu Senhor, rumo a Jesus Cristo. Próprio porque a Igreja é em saída rumo a Jesus Cristo consegue também acompanhar as pessoas, encontrar as pessoas, acompanhar as pessoas em sua realidade cotidiana. Isso me parece muito importante e acredito que este caminho deve ser feito juntos. Eis a sinodalidade! A Igreja a caminho deve ser feita juntos, sob a guia do Espírito Santo. Portanto, uma Igreja reunida pelo Espírito onde cada um está atento à voz do Espírito e onde cada um coloca em comum também os dons que o Espírito Santo lhes dá para a realização desta missão.“
O Papa Francisco está realizando uma reforma profunda da Cúria Romana. Muitas vezes sublinha que todos precisamos de uma reforma, também muito importante, “a reforma do coração”. Na Evangelii gaudium invoca uma reforma da Igreja em saída missionária. Porque este processo de reforma é tão importante para este pontífice em vários âmbitos?
Parolin: “Na história, o Concílio depois retomou, a Igreja semper reformanda! É uma dimensão fundamental da Igreja a de estar em processo de reforma, de ‘conversão’, para usar o termo evangélico. É justo que seja assim. É necessário que seja assim. O Papa recorda isso com insistência para que a Igreja se torne cada vez mais si mesma, se torne cada vez mais autêntica, tire as crostas que se acumularam no caminho da história e resplandeça realmente com a transparência do Evangelho. Este é fundamentalmente o sentido da reforma. É por isso que o Papa insiste na ‘reforma do coração’! No âmbito da Cúria Romana houve várias decisões. O Papa recordou no último discurso à Cúria Romana que estas reformas estão causando transformações, uma renovação. Porém, tudo parte do coração, tudo parte de dentro. E o Papa insiste nisso. É importante, como ele mesmo diz, insistindo na reforma do coração: “não são os critérios funcionais que devem guiar esta reforma, mas os critérios de um retorno autêntico a Deus e uma manifestação autêntica da natureza verdadeira da Igreja.”
Fonte: Radio vaticano