O bispo de Lins (SP), dom Irineu Danelon, foi o convidado da audiência pública realizada nesta terça-feira, 28, pela Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Álcool, Crack e outras Drogas, no Senado Federal, para ouvir a experiência de Movimentos Sociais na prevenção à dependência química. Ele, que representou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), destacou esta luta pela vida como um objetivo pessoal e cobrou o apoio do governo para políticas de prevenção e tratamento de dependentes químicos.
Dom Irineu destacou que a Igreja, como uma grande “mãe”, jamais poderia se abster desse tema. “A droga é uma onda de óleo que invadiu todas as praias de todas as camadas sociais. É um fenômeno complexo e urgente”, definiu.
Ele comparou os altos custos em presídios e presos – sem resultados efetivos – aos baixos investimentos com resultados positivos através das comunidades terapêuticas e clínicas de tratamento. “A construção de um presídio custa cerca de R$ 25 milhões. Com esse dinheiro, eu construiria umas 30 comunidades terapêuticas. A manutenção de cada uma delas custa cerca de R$ 15 mil, com resultados extraordinários”, frisou.
Dom Irineu destacou o trabalho realizado pela Pastoral da Sobriedade, que ele coordena, e entregou exemplar do livro Programa Vida Nova, uma experiência de oito anos, ao senador Wellington Dias, presidente da Subcomissão. O bispo defendeu o apoio do governo federal a instituições de tratamento de dependentes e se declarou chocado com a tentativa de liberalização da maconha. Para ele, o alcoolismo é outra “peste” a ser enfrentada pela sociedade.
O bispo insistiu que o trabalho da Pastoral da Sobriedade não é apenas recuperar o dependente químico dos vícios, “mas dar a ele a consciência de vida nova”. “O melhor remédio (para recuperar o dependente) é a acolhida, incluindo a acolhida de Deus. O amor é nossa terapia”, disse.
Dom Irineu, que estava acompanhado do padre Geraldo Martins, citou o Chile como modelo de prevenção às drogas, através do apoio ao esporte, música e educação de qualidade para todos. E propôs à Subcomissão conhecer as experiências em execução naquele país, o que foi prontamente aprovado.
Os senadores Waldemir Moka (PMDB-MS), Ana Amélia (PP-RS) e Eduardo Amorim (PSC-SE) participam do debate.
Proposta
O presidente da Subcomissão, senador Wellington Dias (PT-PI), informou aos demais integrantes que a presidente Dilma Rousseff criou um grupo interministerial para que, em 30 dias, apresente uma proposta para facilitar o diálogo do governo com as comunidades terapêuticas voltadas ao combate às drogas.
Wellington Dias disse ainda que espera encerrar o ciclo de debates sobre dependência química em julho e iniciar em agosto a elaboração de uma proposta com base nos depoimentos colhidos nas audiências públicas realizadas.
O senador Magno Malta (PR-ES) também foi convidado para a audiência, para representar a Igreja Batista, mas não pode participar.
Audiências
Esta foi a oitava audiência pública da Subcomissão. Nesta terça, a Casdep aprovou a realização de um novo debate, desta vez para ouvir o juiz federal do Mato Grosso do Sul Odilon de Oliveira. Ele deverá explicar a destinação a ser dada aos bens apreendidos nas operações de tráfico de drogas e a possibilidade de destinação dos valores arrecadados para auxiliar nas medidas repressivas ao tráfico e ao consumo de substâncias causadoras de dependência química.
Também foi aprovado um requerimento para que a subcomissão faça duas visitas na Bahia: uma ao Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (Cetad), da Universidade Federal da Bahia, e outra ao Centro de Atenção Psicossocial-Álcool e Drogas, em Salvador.
Foto: Site do Senado Federal