Hoje, 28, representantes das pastorais sociais e organismos da Arquidiocese de Fortaleza visitaram a Comunidade Alto da Paz, no bairro Vicente Pinzon, região leste de Fortaleza. O objetivo da visita foi de ouvir e prestar solidariedade às famílias da comunidade que, na manhã do dia 20 de fevereiro, tiveram suas casas derrubadas após ação violenta da polícia militar. As casas foram demolidas a mando da Prefeitura Municipal de Fortaleza para dar espaço à construção de um conjunto habitacional com cerca de 1.400 moradias para as comunidades do Titanzinho e do Serviluz. O que os moradores exigem é a garantia de um local para morar, e que seus nomes sejam incluídos na relação daqueles que se beneficiarão do conjunto habitacional.
As famílias, cuja maioria foi acolhida na ocupação vizinha, Raízes da Praia, relataram que a Prefeitura havia dado um prazo até o dia 15 de março para desocuparem a área de forma pacífica, porém a população não esperava que a desapropriação viesse antes do prazo combinado. “Fomos enganados e eles (Prefeitura) descumpriram o acordo feito. Foram eles que causaram toda essa violência”, relataram alguns moradores.
Elas ainda disseram que viveram momentos de terror e compararam a ação da polícia como operação de guerra. “Fomos pegos de surpresa, fomos acordados de forma repentina às seis horas da manhã com armas na nossa cara, tiros de borracha e cachorros da polícia. Não deu tempo de retirar todos os nossos pertences. O que foi possível a gente tirou, o que não deu o trator passou por cima sem pena”, relatou dona Rosilene Gomes Lobão, moradora da ocupação desde setembro de 2013.
No local apenas ruínas e restos de madeira para contar a história. A única alternativa dada no momento pela Prefeitura e Fundação Habitacional de Fortaleza (Habitafor) é o deslocamento das famílias para abrigos, que ainda não se sabe onde serão, o que, no entanto, ainda não é a solução. As famílias exigem suas casas de volta.
Os membros das pastorais sociais representados pelo Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos da Arquidiocese de Fortaleza (CDPDH), pela Agência de Notícias Esperança (AnotE), pelo Curso de Verão na Terra do Sol, pela Pastoral Carcerária e pela Cáritas Arquidiocesana ouviram atentamente os relatos, apelos, lamentos e exigências das famílias e repudiam a ação violenta da polícia de desrespeito à pessoa humana. A visita resultará na divulgação de uma carta de apoio às famílias e exigência de a Prefeitura dar uma solução rápida e viável às 400 famílias que esperam voltar a viver em paz. Segundo padre Luís Sartorel, assessor das Pastorais Sociais da Arquidiocese de Fortaleza, o que está sendo questionado é a falta de diálogo e respeito à pessoa humana. “Essas famílias não deveriam ter sido despejadas dessa maneira. Isso não é de Deus. Repudiamos ações como estas”. “As Pastorais Sociais e Organismos divulgarão uma nota de repúdio a esse despejo e a todos os outros que possam vir a acontecer. Não se pode aceitar isso” – concluiu.
Por Jeane Freitas, Rede AnotE.