COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE – REGIONAL NORDESTE I – “JUSTIÇA E PROFECIA À SERVIÇO DA VIDA!”
“Com Jesus na contramão, eu vou! Acolhendo os pequeninos do Reino que anunciou! Com Jesus na contramão, eu vou! Lutando contra o sistema excludente e opressor!”
Irmãos e irmãs da caminhada das CEBs do Brasil, Paz e Bem em Nosso Senhor Jesus Cristo!
Os dias 11 a 14 de julho de 2013 foram um tempo de muita esperança para nós. Estivemos reunidos em Juazeiro do Norte, na paróquia de N. Sra. de Lourdes, realizando o Trezinho das CEBs. Este encontro foi para nós momento de experimentar antecipadamente o 13º Intereclesial com as CEBs do Ceará.
Contando com a presença de 850 irmãos e irmãs das nove dioceses, acompanhados por nosso bispo referencial, Dom João Costa, bispo da Diocese de Iguatu, Dom Fernando Panico, bispo anfitrião da Diocese de Crato, os assessores Benedito Ferraro, assessor da Ampliada Nacional, e Sergio Coutinho, assessor da Comissão do Laicato da CNBB – Setor CEBs. Viemos como romeiros e romeiras para as terras do Pe. Cícero que acolherá o nosso 13º Intereclesial.
A abertura fez memória dos intereclesiais, patrimônio da nossa caminhada e marca histórica da nossa identidade eclesial. Somos de fato um povo peregrino na construção da justiça e da profecia a serviço do Reino. Nosso trem vem estacionando em vários recantos do Brasil, recolhendo culturas, costumes, tradições.
A análise de conjuntura sociopolítica, econômica nos alertou para a efervescência dos movimentos sociais em nosso tempo. As mobilizações que tem marcado nosso país de ponta a ponta têm apontado duas palavras importantes: RECUSA e RECONHECIMENTO. A RECUSA do que está aí, da forma de fazer política, a crise da democracia representativa. A política tem se apresentado como coalizão para garantir governabilidade. Percebe-se que há um abandono de bandeiras históricas, tais como: reforma agrária, reforma política, demarcação das terras indígenas e quilombolas. RECONHECIMENTO da necessidade de um novo tipo de democracia, onde o povo tenha participação direta, que tenha as rédeas das definições. As manifestações exigem a retomada da ética na política e retomam bandeiras tais como: transporte público, barato e de qualidade, moradia, saúde, educação, “dentro dos padrões FIFA”.
Fomos alertados sobre a importância de discutirmos o documento de estudo da CNBB nº 104. Há um “perigo” de se reconhecer os mais diversos grupos como “pequenas comunidades” dentro da nova paróquia e de buscar expressões menos problemáticas que não carregam fortes conotações com a transformação da realidade como a expressão CEBs. Coloca-se para o Regional Nordeste I o desafio de realizar estudos com as diversas comunidades, contribuindo assim para o envio de sugestões.
A conjuntura eclesial nos aponta a grande novidade do Papa Francisco. Vemos, a partir de sua chegada, a retomada da centralidade dos pobres na Igreja, “um olhar mais pastoral e menos curial”. Fomos alertados de que precisamos retomar a política como expressão da nossa fé e compromisso com a criação de uma sociedade do Bem Viver e Bem Conviver. As CEBs têm um papel protagônico na criação do novo modelo eclesial, multiplicando e fortalecendo esse modelo de Igreja.
A fila do povo nos trouxe uma realidade presente no Nordeste: estamos vivendo uma seca prolongada que tem trazido muito sofrimento e fortalecida a “indústria da seca”. Enquanto as mídias nacionais, distantes da problemática, escondem as iniciativas e propostas do povo para mudar essa realidade.
Em ranchos e chapéus todos os participantes refletiram sobre duas perguntas: a) diante da conjuntura social e política, como nós romeiros e romeiras das CEBs, no campo e na cidade, devemos entrar na política? Quais são as nossas bandeiras? b) como as CEBs podem ajudar a Igreja a estar mais próxima das lutas e aspirações dos pobres? Concluindo o dia, todos os romeiros e romeiras tiveram bonitos encontros com as famílias acolhedoras.
O dia seguinte trouxe para nós a essência do que é a espiritualidade romeira. Ir. Annette Dumoulin, estudiosa das romarias, nos apresentou uma reflexão sobre a relação pendular entre o TEMPLO e o CAMINHO a partir da experiência do povo de Deus na Bíblia. Mostrou-nos que o templo pode vir a tornar-se um lugar de poder econômico, político e religioso, que aprisiona a experiência de Deus. Jesus esteve no templo, mas no CAMINHO é que fez o Reino acontecer. Deixou alguns questionamentos: As CEBs conhecem a tensão entre TEMPLO e CAMINHO? Para que lado vai o pêndulo na sua Diocese, na sua paróquia? Em ranchos e chapéus os participantes responderam a estes questionamentos.
Organizados por dioceses, fizemos nossos compromissos na caminhada do Regional NE I para o próximo quadriênio, bem como nossos compromissos como anfitriões do 13º Intereclesial. Em seguida, como romeiros e romeiras, saímos em romaria para a Igreja de São Francisco de Assis, onde realizamos a tarde orante em memória dos mártires e profetas e o encontro dos artistas da caminhada, concluindo nosso dia com muita arte e festa.
No domingo, último dia do nosso encontro, apresentamos para o conjunto dos participantes os nossos compromissos diocesanos. A celebração final foi marcada pela unção com óleo em todos os participantes, enviando-nos enquanto equipes de serviço para o 13º Intereclesial.
Estamos prontos! Podem chegar! Venham todos e todas, como romeiros e romeiras a serviço da vida no campo e na cidade!
Juazeiro do Norte/CE, 14 de julho de 2013.