Interesses compartilhados, intimidade, relações duradouras são algumas das características de uma comunidade mediada, que precisa de motivação para superar a ausência de contato corporal e a distância geográfica. Se características como essas não existem nos ciberespaços, então estamos diante de uma simples agregação eletrônica.
Um uso inadequado das novas mídias pode, ao invés de favorecer a comunicação, contribuir para desviá-la do seu percurso, retirando do ser humano o chão da realidade. No ciberespaço a pessoa pode se apresentar como ela desejar, reinventar-se. Para Martino (2010) “é possível ser qualquer um, inventar-se o quanto quiser e, nessa criação de personas, definir uma imagem voltada para o outro, um público”.
Segundo Lemos e Lévy (2010) “não se pode generalizar para toda forma socialmente agregadora da internet o rótulo de comunitária”. Para ser comunitária, o propósito de completude deve estar presente, bem como o pertencimento simbólico. Estamos em redor de que? Qual o nosso objeto comum? Quais os nossos interesses?
Para Martino (2010) “a internet permitiu uma aproximação sem precedentes entre indivíduos com interesses e idéias semelhantes”. E o mais importante em tudo isso, diz ele, é que “não somos mais espectadores diante de uma tela”. Há na rede espaço para que as identidades possam debater e trocar idéias, movimentando-se livremente. A circulação de informações disponibilizadas na rede pela comunidade contribui na construção de um conhecimento comum.
Essa rede de troca e de colaboração é descentralizada, deixando para traz uma comunicação linear, onde se tinha um centro emissor e uma multiplicidade de receptores. Essa nova esfera pública, segundo Lemos e Lévy (2010), funciona de muitos para muitos em um espaço descentralizado. Ainda na opinião de Lemos e Lévy “as mídias interativas, as comunidades virtuais e a explosão da liberdade de expressão trazida pela Internet abrem um novo espaço de comunicação […]”.
Por isso é importante compreender que o simples fato de termos diante de nós as mídias mais potentes e sofisticadas não nos garante que estamos nos comunicando. A comunicação só acontece de fato quando somos capazes de fazer uma apropriação sábia, prudente crítica e adequada dos meios, potencializando e subsidiando a todos que interagem na rede.
Na concepção de Martino (2010) “o conhecimento transformado em relações de comunicação parece ser o início e o fim do longo trabalho de construção da identidade. Daí que as relações de identidade estão ligadas ao estudo da comunicação”.
Por: Pe. Antonio Julio Ferreira de Souza, C.Ss.R.