O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está reunido na sede da entidade, em Brasília (DF), para a sua primeira reunião deste ano. O encontro teve início na manhã desta terça-feira, 18 de março, com uma reflexão proposta pelo arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB, cardeal Jaime Spengler, sobre o papel das Conferências Episcopais na promoção da sinodalidade. Em sua fala, o núncio apostólico no Brasil, dom Giambatistta Diquattro, falou sobre a fase de implementação do Sínodo 2021-2024, com o tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”.
Conferências no desenvolvimento da sinodalidade
Em sua fala inicial, dom Jaime recordou o parágrafo 125 do Documento Final do Sínodo sobre a Sinodalidade, que trata das Conferências Episcopais, instituições que “realizam a colegialidade dos bispos para favorecer a comunhão entre as Igrejas e responder mais eficazmente às necessidades da vida pastoral”. O texto destaca as Conferências dos Bispos como “instrumento fundamental para criar laços, partilhar experiências e boas práticas entre as Igrejas, adaptar a vida cristã e a expressão da fé às diversas culturas”. O Sínodo ainda apontou que as Conferências desempenham “um papel importante no desenvolvimento da sinodalidade, com o envolvimento de todo o Povo de Deus”.
Para dom Jaime, é importante recordar esses elementos apontados no sínodo e “ressaltar esse papel da comunhão que as conferências são chamadas a desenvolver”.
Implementação do Sínodo
A sinodalidade também esteve presente na fala do núncio apostólico no Brasil, dom Giambatistta Diquattro. Ele reforçou a fase de implementação do Sínodo 2021-2024, anunciado no último final de semana, e que culminará com a Assembleia Eclesial em 2028.
Segundo ele, essa fase de implementação tem o objetivo de “realizar a sinodalidade como uma dimensão essencial da vida eclesial”. O processo envolverá dioceses, conferências episcopais, institutos de vida consagrada, movimentos eclesiais e associações de leigos, “sem a convocação de um novo sínodo, mas com a consolidação de um caminho já percorrido”. E a Assemblei Eclesial de 2028 será “o momento culminante dessa fase”.
“A fase de implementação é um processo de transposição adaptado às culturas locais e às necessidades das comunidades. Por meio desse processo, o Santo Padre poderá ouvir, confirmar e validar as diretrizes que são aplicáveis a toda a Igreja. O objetivo desse processo é consolidar uma Igreja sinodal, que valoriza a participação de todos e o discernimento comunitário em comunhão com o magistério do Papa”, afirmou o núncio.
Dom Giambatistta Diquattro foi homenageado pelos bispos do Conselho Permanente por ocasião do seu aniversário, no dia de hoje. Ele manifestou gratidão “pela fraterna acolhida” que sempre encontra, “com gestos e palavras que muito me encorajam em meu ministério”.
O núncio também comentou a situação do Papa Francisco, internado há um mês no Hospital Gemelli, em Roma.
“Enviei o afeto filial e a oração fervorosa de toda a Igreja no Brasil para que, na fragilidade dessa provação, sinta fortemente a proximidade espiritual de seus filhos e filhas, juntamente com o doce consolo do Pai celeste, que nunca abandona aqueles que se entregam a Ele com confiança. Essa compreensão do sofrimento surge como sinal de solidariedade e unidade para a Igreja, para toda a família humana”, afirmou.
Para ele, “é comovente observar que, além dos fiéis católicos, irmãos e irmãs de outras confissões religiosas também rezam por sua saúde”.
Análise de conjuntura social
O primeiro tema da pauta abordado foi a análise de conjuntura social, apresentada pelo bispo de Carolina (MA), dom Francisco Lima Soares. Neste mês, o texto aborda a conjuntura internacional, aprofundando as “continuidades e rupturas em um mundo de incertezas”.
“Estamos em uma mudança de época com a dissolução da concepção integral do ser humano e de sua relação com mundo e com o sagrado”, observou dom Francisco. Nesse contexto de incertezas, inconsistências e instabilidades, apresentam-se na sociedade o individualismo e o enfraquecimento dos vínculos comunitários.
O texto da análise recorda ainda o texto enviado pelo Papa Francisco à Pontifícia Academia para a Vida, no último dia 3, no qual o pontífice destaca a necessidade de uma profunda reflexão sobre a atual “policrise”, que envolve desafios como guerras, mudanças climáticas, crises energéticas, pandemias, fluxos migratórios e inovações tecnológicas, e ressalta que essa convergência de crises demanda uma revisão das concepções humanas sobre o mundo e uma escuta atenta do conhecimento científico.
Outro ponto analisado pelo grupo de especialistas refere-se às disputas do poder global no atual contexto, a partir do novo governo dos Estados Unidos da América.
A reunião do Conselho Permanente da CNBB reúne os membros da Presidência, os presidentes das doze Comissões Episcopais e os representantes dos Conselhos Episcopais Regionais (Consers). Também participam do encontro representantes de organismos vinculados e instituições relacionadas à Conferência.
Por Luiz Lopes Jr, com fotos de Larissa Carvalho e Giany Costa / CNBB nacional.