Os dados do IBGE sobre religiões divulgados no final do mês de junho continuam a ser objeto de reflexão dos bispos e da Igreja. Os católicos eram 124.976.912 em 2000 e caíram para 123.280.173 em 2010, portanto, uma queda de 1,4%. Contando com a ajuda do padre jesuíta, Thierry Linard de Guertechin, diretor do IBRADES, os bispos puderam aprofundar o significado mais profundo desses números. Buscaram compreender as causas e continuaram a levantar desafios. Vários participantes do debate que conta também com os assessores das Comissões Episcopais e dos Organismos ligados à CNBB consideram que a discussão merece maiores aprofundamentos e, ainda que existam causas já conhecidas como o acompanhamento da Igreja ao movimento migratório, há razões mais complexas que motivam o novo quadro religioso brasileiro.
O padre Thierry esclareceu a situação bastante comum nos debates sobre o assunto em várias partes do país, especialmente nos ambientes da Igreja. Há quem se queixe de que não foi entrevistado pelo IBGE como se esse fato fosse colocar em dúvida a seriedade das estatísticas. Ele disse que desde os anos de 1960, depois do questionário básico que á aplicado à população geral, uma amostragem de menor percentual recebe questionários mais amplos e consideram temas específicos como o das religiões. Deste modo, não é porque não se verifica ampla investigação pelas entrevistas do Censo que faltaria base para os dados divulgados. A coleta de informações mais detalhadas respeita amostragens bem menor em relação à totalidade da população.
Dom João Carlos Petrini, bispo de Camaçari (BA), lembrou, por exemplo, que a secularização é fortemente responsável pelo fato de que os entrevistados não se declaram católicos mesmo quando são batizados e não têm vivencia nas comunidades deixando as pessoas vulneráveis a outras propostas religiosas”. Em outros tempos, a cultura católica estava mais arraigada na forma de compreender a vida e no convívio da sociedade. O padre Thierry considera importante levar em conta o que, atualmente, tem se compreendido como “mercado religioso”. Dom Guilherme Werlang, bispo de Ipameri (GO), destacou preocupação para que se considere os últimos dados divulgados sobre os modelos de famílias diferentes do conceito tradicional.
Análise de conjuntura
Os membros do CONSEP, no final da manhã desta terça-feira, acompanharam a apresentação de uma análise de conjuntura produzida por ampla equipe de especialistas composta por membros da assessoria de política da CNBB e colaboradores da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP). Coube a Pedro Gontijo, membro da CBJP, fazer a exposição da análise que contempla uma avaliação sobre o cenário internacional e nacional. Entre os fatos lembrados na análise, Gontijo falou da campanha pelo voto limpo realizada nesse período com a participação efetiva dos tribunais eleitorais. Em algumas regiões do país, comitês da sociedade civil tem participado desse esforço e, desse modo, percebe-se certa sinergia entre forças da sociedade civil e dos tribunais.
Vários outros aspectos foram considerados na análise. A respeito do processo do chamado “mensalão”, por exemplo, a análise mostra que há duas teses estão em jogo: a primeira que trata de corrupção propriamente e a segunda é de que várias movimentações supostamente verificadas seria movimento do que se costuma chamar de “caixa 2”. O que ocorre, então, nesse episódio da ação penal 470 é um julgamento sobre o sistema eleitoral brasileiro. Também ganhou destaque o histórico do “Grito dos excluídos” em vista da realização do próximo evento no dia 7 de setembro. Ele faz parte da articulação em torno da 5a Semana Social Brasileira que discute o papel do Estado. Registrou-se o encontro nacional das organizações do povo do campo que não recebeu a devida cobertura da imprensa. Neste encontro, um dos pontos de grande importância foi a discussão sobre a realização da reforma agrária no Brasil.
Notícia da CNBB