Coragem, pois o convite que Deus nos faz neste tempo que precede o Natal é o de “participar da divindade daquele que uniu a Deus nossa humanidade, manifestando-se como luz a iluminar todos os povos no caminho da salvação”, na inefável troca de dons entre o Céu e a Terra. Veja-se, pois, envolvido com a vida, num exuberante e alegre contentamento, na clareza de consciência de si mesmo, não sobrando espaço algum para duvidar do único clamor, o da vida, o de se convencer de mais vida e vida intensamente bem vivida! Como é maravilhoso, quando as pessoas querem mais encanto com a vida, mais amor, mais dignidade e mais sabedoria, numa determinação de rejeitar a vida inútil, insípida e sem sentido!
Tenha mais gosto e entusiasmo, vendo a vida com sentido, a partir de um Deus indulgente e clemente, que seja o mais aguçado possível, mas a partir da realidade do Brasil e do mundo, mesmo diante das provações, dores, sofrimentos e angústias desafiadoras, antevendo, no mundo compreendido por contrastes e diversidades, uma nova civilização, no mais alargado e expandido sonho, na busca de uma vida fecunda e cheia de graça. A vida, além de carecer de ânimo e coragem, quer que respondamos aos apelos de Deus, não se apegando aos bens ilusórios e passageiros do mundo, nem parado de braços cruzados e acomodados.
De maneira segura e inequívoca, somos convidados a olhar, pela ótica de Deus, uma consistente esperança e um espírito de perseverança, inspirados pelo sonho de um mundo novo, no compromisso de promover uma realidade melhor e mais durável, sem fome, mais digna e menos egoísta, livrando-nos do pecado da indiferença para com a vida, dom e graça. Cabe a nós contemplarmos, associados ao mistério dos anjos, que povoaram os céus naquela noite feliz e memorável, na linguagem por demais conhecida: “Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade”. Ele aponta para nós o caminho da salvação; que seja de todos o esforço pela proposta solidária e fraterna, fundamentada na prática da justiça, firmada na paz duradoura.
A chegada de Jesus de Nazaré ao mundo nos afasta do desânimo e estabelece e robustece passos do nosso caminhar, por chão sólido e seguro. Manifesta-se, assim, a clara consciência de que o Messias esperado leva a história à sua consumação. Em Jesus o tempo histórico chegou ao ápice, razão da nossa mais elevada contemplação, acolhendo-o, mas na certeza de que nele se encontra o destino definitivo da humanidade; nele está a consolidação da eternidade dos povos, na participação da promessa salvífica: “Do novo céu e da nova terra, nos quais habitará a justiça”.
*Padre Geovane Saraiva – Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
Foto: Vatican News