Corais da Semana Santa em Fortaleza: uma sinfonia de fé e comunhão

Na  Catedral Metropolitana de Fortaleza, os sons harmoniosos dos corais Arquidiocesano e da Comunidade Católica Shalom envolveram os fiéis durante os solenes atos litúrgicos da Semana Santa. Regidos por missionários com trajetórias entrelaçadas pela providência divina, esses corais desempenharam um papel fundamental ao conduzir os corações dos fiéis para uma experiência mais profunda de fé e comunhão.

Encontro além das fronteiras

No centro desse encontro musical transcultural, encontra-se a irmã Macrina, regente do Coral Arquidiocesano, e Simão Ciliberti, um dos regentes do Coral Shalom. Apesar de origens distintas, seus caminhos se cruzaram a mais de sete mil quilômetros da capital cearense, na Itália, onde compartilharam experiências musicais e espirituais que os prepararam para os desafios e alegrias de servir na Arquidiocese de Fortaleza.

“Conheci a irmã Macrina, hoje madre da casa da Comunidade Oásis da Paz do Condomínio Espiritual Uirapuru, lá na Itália, em 2017, quando participei do FestinGod, um festival de jovens que a Comunidade Oásis da Paz organiza. Eu estava lá para participar e também para servir no Ministério de música tocando bateria, e a madre Macrina tocava flauta”, compartilhou Simão, recordando o início desta conexão espiritual que ultrapassa  fronteiras.

Um retorno inspirador

O retorno da irmã Macrina ao Brasil, após 25 anos de jornada missionária, foi marcado por uma série de eventos providenciais que a conduziram ao papel de regente do Coral Arquidiocesano. Sua experiência musical e formação sólida em comunidades e conservatórios europeus trouxeram uma riqueza de repertório e uma profundidade espiritual às celebrações litúrgicas.

Irmã Macrina regendo o Coral Arquidiocesano

“Eu voltei para o Brasil em novembro do ano passado, depois de 25 anos fora. Eu saí como aspirante da comunidade Mariana Oasis da Paz e saí do Brasil em 1998… Então, assim, é uma experiência que tem sido muito positiva”, explicou a irmã Macrina, descrevendo sua jornada de retorno e seu compromisso com a música litúrgica.

Paixão pela música, devoção à missão

Para Simão, a música sempre foi uma parte intrínseca de sua vida, desde os primeiros anos na Itália até sua consagração como missionário da Comunidade Católica Shalom. Seu amor pelas percussões e sua dedicação ao serviço na música litúrgica o prepararam para liderar o Coral Shalom em uma celebração única da Semana Santa.

Simão é italiano e missionário da Comunidade Católica Shalom

“Na Comunidade também a música nunca me abandonou, e sempre até hoje servi nos Ministérios de música das missões onde eu morei, até ter essa honra de reger o coral da nossa missão de Fortaleza na celebração da Quinta-feira Santa na Catedral Metropolitana de Fortaleza, uma experiência incrível”, destacou Simão, refletindo sobre sua jornada musical e espiritual.

Uma sinfonia de fé

Durante os ensaios e preparativos para os atos litúrgicos da Semana Santa, tanto o Coral Arquidiocesano quanto o Coral Shalom buscaram uma síntese entre a tradição litúrgica e a diversidade cultural. Com repertórios que abrangem desde composições italianas a melodias brasileiras, esses corais uniram suas vozes para criar uma experiência de celebração verdadeiramente universal.

Coral da Comunidade Católica Shalom

“Nós tivemos  pouco mais de um mês para trabalhar esses dois repertórios do Santos Óleos, e a missa do Domingo da Ressurreição… A música litúrgica tem essa capacidade de ressaltar a palavra sacra, ressaltar a palavra de Deus, de dar o suporte a esta palavra”,  destacou a irmã Macrina, ressaltando a importância da música na vivência da fé.

Além das notas musicais

Enquanto os membros desses corais refletem sobre suas jornadas individuais e os caminhos que os levaram a servir na Arquidiocese de Fortaleza, eles compartilham uma convicção comum: a música, quando elevada em louvor a Deus, torna-se um veículo poderoso para a transmissão da Palavra e para a edificação da comunidade de fé.

Coral Arquidiocesano

Mais do que simplesmente entoar melodias, tanto o Coral Arquidiocesano quanto o Coral da  Comunidade Católica Shalom foram instrumentos de evangelização e comunhão durante a Semana Santa em Fortaleza. Suas vozes unidas ecoaram os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Cristo, convidando os fiéis a mergulhar mais profundamente no significado desses sagrados mistérios. 

Formação musical 

Simão conta sobre sua relação com a música: origem familiar 

Nasci em uma família de músicos por parte de mãe: meu avô antes de casar era cantor e baixista em uma banda que ele tinha, e viajava o mundo fazendo shows, até se casar com minha avó. Minha mãe desde criancinha começou a estudar piano no conservatório, e mesmo que por uma série de motivos não tenha terminado os estudos, nunca deixou a paixão pela música, nem de tocar e cantar, especialmente no âmbito paroquial.

Eu desde criança sou apaixonado pela música especialmente pelas percussões: com 3 anos já quebrei minha primeira bateriazinha de brinquedo. Na minha infância com 8 ou 9 anos já tocava o djembê (um tambor africano) na minha paróquia e sempre me envolvia em todas as atividades musicais. Até que com 11 anos comecei os meus estudos musicais fazendo um curso de percussões clássicas, que durou 7 anos, terminando-o durante o meu postulantado (o primeiro ano na Comunidade). Junto a isso estudei também piano por 4 anos, desde os 13 anos de idade. Durante esse período participei do coral do meu colégio (era um colégio musical) por 3 anos e também da orquestra do mesmo colégio por 4 anos.

Irmã Macrina é apaixonada por música antiga e traz no currículo mestrado e fundação de coral

Eu fiz alguns anos de conservatório, onde também ensinei no conservatório de música aqui de Fortaleza, Alberto Nepomuceno, que na época era lá na Avenida da Universidade. Fiz um pouco de formação e entrei no curso de Licenciatura e Música da Uece (Universidade do Ceará) . Era a primeira turma. 

Então, fiz o curso de licenciatura e logo depois da licenciatura eu fui para São Paulo onde cursei na  PUC  o mestrado em Comunicação e Semiótica. Depois disso, prestei concurso para professor universitário no curso de música e ali eu ensinei por 10 anos. Depois dos 10 anos ensinando, eu também fundei o coral da Unimed, naquela época, o coral dos médicos da Unimed e fiz alguns outros cursos como o de música antiga. Eu coordenei e conduzi o grupo de flautas da Uece, de música antiga. Trabalhei muito no repertório da Idade Média e da Renascença, nesse âmbito. 

Na Itália, continuei fazendo alguns cursos de formação, incluindo em música gregoriana com o famoso maestro Dom Turco, especialista em música gregoriana, mas também tive a possibilidade de fazer curso de música litúrgica com o Frei Gennaro Beckman. 

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