No dia 15 de junho a Igreja Católica celebra a Festa de Corpus Christi, ou como é oficialmente chamada a Festa do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Esta festa nos convida a refletir sobre o amor incondicional de Deus por nós e nos alegramos pela presença permanente de Jesus Cristo, o centro de nossa fé, nossa esperança e nossa salvação. A festa é sempre celebrada na quinta-feira depois da Solenidade da Santíssima Trindade que, por sua vez, acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes. Pode-se dizer que esta festa se constitui um desdobramento da Quinta-feira Santa. Quer comemorar a presença de Cristo como sacrifício eucarístico de seu corpo e de seu sangue. Esta solenidade deve ser vista em conexão com a devoção do Santíssimo Sacramento, que desabrochou poderosamente ao longo do século Xll e na qual se realçava de maneira particular a presença real de Cristo todo no pão e vinho consagrado.
A procissão pelas vias públicas, quando é feita, atende uma recomendação do Código de Direito Canônico (art.944) que determina ao Bispo Diocesano que providencie, onde for possível, “para testemunhar publicamente a veneração para com a Santíssima Eucaristia principalmente na Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo”. Em muitas cidades no Brasil é costume ornamentar as ruas por onde passa a procissão com tapetes de colorido vivo e desenhos de inspiração religiosa.
Católicos reverenciam e adoram a hóstia consagrada, pois de acordo com sua fé, nela está presente o corpo de Cristo. Esta presença se explica pela transubstanciação do pão e do vinho no corpo e sangue de Jesus. Não se trata de símbolo, rememoração ou lembrança apenas, mas de uma transformação real, embora as aparências permaneçam. A este movimento eucarístico estava ligado um grande desejo de contemplar a hóstia consagrada por parte do homem da Idade Média. Desejo este que levou, entre outras coisas, ao costume de elevar a hóstia depois da consagração, atestado pela primeira vez em 1200. A origem da Festa de Corpus Christi remonta à história das visões de Juliana de Mont Cornellon. No ano 1246, o bispo Dom Roberto de Liège, introduzia essa festa pela primeira vez em sua diocese. Em 1264, o papa Urbano lV prescreveu-a para toda a Igreja. Na Bula de introdução “Transciturus” o papa fundamenta a instituição da festa e faz uma exposição mais ou menos global da doutrina da Eucaristia enquanto sacrifício e refeição. O mesmo papa solicitou ao Santo Tomás de Aquino que compusesse os cânticos e orações para festa. O resultado foi algumas das mais famosas e emocionantes composições da música sacra, entre as quais podemos citar: “O Sacrum Convivium”, “Lauda Sion”, “Adoro Te Devote”, “Pange Lingua”, e Tantum Ergo. Este último têm as palavras iniciais dos dois últimos versos do hino “Pange Lingua” e cantados durante adorações e benções do Santíssimo Sacramento. A Eucaristia é a renovação do sacrifício de Cristo na cruz. É a celebração do amor infinito de Deus.
O Catecismo da Igreja Católica afirma que: “O modo de presença de Cristo sob as espécies eucarísticas é único. Ele eleva a Eucaristia acima de todos os sacramentos e faz com que ela seja como que o coroamento da vida espiritual e o fim ao qual tendem todos os sacramentos”. No santíssimo sacramento da Eucaristia estão “contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente o Corpo e Sangue juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo todo”. (cf. Tomás de Aquino, S.Th., lll, 73,3). “Esta presença chama-se “real” não por exclusão, como se as outras não fossem “reais”, mas por antonomásia, porque é substancial e porque por ela Cristo, Deus e homem, se torna presente completo” (cf. CIC, no. 1374).
Pe. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1