No dia 24 de novembro deste ano de 2018, a Igreja Católica encerra o Ano Litúrgico com a Festa de Jesus Cristo Rei do Universo. Esta festa foi criada pelo papa Pio Xl em 1925 na época em que o mundo passava pelo pós-guerra de 1917, marcado pelo Fascismo na Itália, pelo Nazismo na Alemanha, pelo comunismo na Rússia. Uma época que viu o crescimento do marxismo-ateu, governos ditatoriais que solapavam toda a Europa e muita perseguição religiosa. A festa foi estabelecida na época para enfatizar que o único poder absoluto é de Deus. A festa celebra Cristo como o Rei bondoso e singelo que, como pastor, guia sua Igreja peregrina para o Reino Celeste e lhe outorga a comunhão com este Reino para que possa transformar o mundo no qual peregrina. Por ocasião desta solenidade, em 2012, ao presidir a Santa Missa na Basílica de São Pedro em Roma, o Papa Bento XVl explicou que: “neste último domingo do Ano Litúrgico, a Igreja nos convida a celebrar Jesus Cristo como Rei do Universo; chama-nos a dirigir o olhar em direção ao futuro, ou melhor em profundidade, para a meta última da História, que será o reino definitivo e eterno de Cristo”.
Nos dias de hoje, em que milhões padecem as consequências de um novo tipo de totalitarismo disfarçado, o do poder econômico inescrupuloso, torna-se atual a inspiração da festa que Deus é o único absoluto. Em um mundo que presta culto ao lucro, esta festa nos desafia para que revejamos as nossas atitudes e ações concretas, para descobrir o que é para nós, na verdade, o valor absoluto das nossas vidas. A festa de Cristo Rei do Universo é baseada no evangelho de São João, e mais especificamente no diálogo entre Jesus e Pilatos sobre a verdadeira identidade de Jesus. “Tu és rei?” pergunta Pilatos diante do tribunal. Jesus respondeu: “Tu o dizes, eu sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo, para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta minha voz” (Jo 18, 37). Jesus é rei, mas não na maneira que Pilatos possa entender. O Reino de Jesus é o oposto do Reino do Império Romano – não é opressor, nem injusto, nem idolátrico, mas o Reino da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça e da fraternidade, da solidariedade e da partilha – o Reino do Deus da Vida.
Os reis deste mundo têm poder, exércitos, armas, meios param se defender e de se firmar no poder etc. A realeza de Jesus, ao contrário se baseia na justiça, na solidariedade, na compaixão, na misericórdia e no amor. A Festa de Cristo Rei do Universo é momento privilegiado para que a comunidade cristã descubra seu lugar e seu papel na sociedade. Todo o povo de Deus tem como Cristo esta realeza. Ser cristão é construir o Reino de Cristo no mundo. Por isso a Festa de Cristo Rei do Universo, longe de ser algo triunfalista, nos desafia para que façamos um exame de consciência individual e comunitário, para verificar se o nosso Rei é realmente Jesus, ou se, mesmo de uma maneira disfarçada continua sendo César.
O ano litúrgico termina com esta festa que salienta a importância de Cristo como centro da história universal. Ele é a alfa e o ômega, o princípio e o fim. Cristo reina nas pessoas com a mensagem de amor, justiça e serviço. O Reino de Cristo é eterno e universal, isto é, para sempre e para todos os homens. Na festa de Cristo Rei do Universo celebramos que Cristo pode começar a reinar em nossos corações no momento em que nós permitimos. O Reino de Cristo, pode, deste modo, fazer-se presente em nossa vida, em nosso lar, em nossa profissão e assim na sociedade.
Pe. Brendan Coleman Mc Donald
Redentorista