As Festas Litúrgicas se repetem a cada ano. Não é diferente com a de Pentecostes, que acontece sempre no domingo imediato à Ascensão do Senhor, este ano no dia 09 de junho. Dom Paulo Mendes Peixoto, arcebispo de Uberaba, explica que a Igreja Católica entende esse dia como a realização da promessa de Jesus que, ao voltar ao Pai, encaminha para a terra o Espírito Santo, para continuar a tarefa salvadora, guiando e santificando a caminhada das comunidades.
O bispo argumenta que no Antigo Testamento há o momento do sopro de Deus, dando ao homem, modelado do barro da terra, o hálito da vida, tornando-o ser vivente. Ele afirma ainda que a passagem de João diz que nas aparições aos apóstolos, após desejar-lhes a paz e de soprar sobre eles, Jesus pede para recebam o Espírito Santo. “Daí começa a missão da Igreja e os apóstolos se sentiram enviados para proclamar o sentido da vida”, conta o bispo.
Segundo o bispo, apesar de estarmos em outros tempos, o dinamismo do Espírito Santo continua sendo luz e caminho no sofrimento do povo, principalmente nos desafios da modernidade. “Nos chamados becos sem saída, no meio de confusões e desesperos, normalmente os limites humanos se esgotam e as pessoas ficam sem força. O importante é não perder o foco do Espírito, que abre caminhos quando menos se espera”, diz.
O Brasil do momento, conforme o bispo, está visualizando uma nação difícil que parece caminhar para tempos sombrios e de futuro ameaçador da esperança. “O descrédito na instituição está crescendo, e com possibilidade até de uma convulsão nacional”. Dom Paulo acrescenta que muitos fatos veem, infelizmente, acenando para isso. “Falta credibilidade em tudo, dando chance para o crescimento do fosso elástico entre ricos e pobres”, enfatiza.
Em seu artigo intitulado “Pentecostes”, o bispo aponta ainda que os primeiros meses do ano de 2019 estão com muitas marcas negativas, muitas ameaças à vida, fruto de práticas injustas e irresponsáveis. “Sem uma atenção mais votada para o Espírito de Deus, a tendência é continuar de mal a pior. Torna-se impossível conseguir vida feliz sem a recuperação de valores que foram deixados de lado, causando vazio e insegurança em meio a forças contrárias”, garante.
Dom Paulo afirma ainda que a Palavra inspirada de Deus, e confirmada no dia de Pentecostes, precisar sair do papel e fazer acontecer, na realidade atual, uma prática que consiga cessar a violência, o ódio, o abuso e a corrupção moral, social e política. “As ameaças sofridas pela população brasileira, que acontecem em todas as realidades da cultura, revelam distanciamento e não seguimento dos princípios divinos”, finaliza o bispo.
Fonte: CNBB