Editorial – agosto 2014
“Um mês dedicado às vocações”
“Narra o Evangelho que ‘Jesus percorria as cidades e as aldeias (…). Contemplando a multidão, encheu-Se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor.’ Disse, então, aos seus discípulos: ‘A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe’ (Mt 9, 35-38). Estas palavras causam-nos surpresa, porque todos sabemos que, primeiro, é preciso lavrar, semear e cultivar, para depois, no tempo devido, se poder ceifar uma messe grande. Jesus, ao invés, afirma que ‘a messe é grande’. Quem trabalhou para que houvesse tal resultado? A resposta é uma só: Deus. Evidentemente, o campo de que fala Jesus é a humanidade, somos nós. E a ação eficaz, que é causa de ‘muito fruto’, deve-se à graça de Deus, à comunhão com Ele (cf. Jo 15, 5). Assim a oração, que Jesus pede à Igreja, relaciona-se com o pedido de aumentar o número daqueles que estão ao serviço do seu Reino. São Paulo, que foi um destes ‘colaboradores de Deus’, trabalhou incansavelmente pela causa do Evangelho e da Igreja. Com a consciência de quem experimentou, pessoalmente, como a vontade salvífica de Deus é imperscrutável e como a iniciativa da graça está na origem de toda a vocação, o Apóstolo recorda aos cristãos de Corinto: ‘Vós sois o seu [de Deus] terreno de cultivo’ (1 Cor 3, 9). Por isso, do íntimo do nosso coração, brota, primeiro, a admiração por uma messe grande que só Deus pode conceder; depois, a gratidão por um amor que sempre nos precede; e, por fim, a adoração pela obra realizada por Ele, que requer a nossa livre adesão para agir com Ele e por Ele.” (Mensagem do Santo Padre Francisco para o 51º dia mundial de oração pelas vocações – 11 de maio de 2014 – IV Domingo de Páscoa, 1)
No mês de agosto toda a Igreja se volta para esta realidade do chamado de Deus na vida humana, a vocação divina – o chamado divino na vida de cada pessoa. Assim, neste mês se recorda, semana após semana, um chamado especial que marca a vida: o chamado cristão para a vida divina toma formas diversas no estado de vida de cada um. Alguns são especialmente chamados pelo Senhor para o serviço pastoral em sua Igreja: no dia 4 de agosto comemora-se o DIA DO PADRE. São cristãos chamados pelo Senhor a participar de seu pessoal pastoreio no meio do Seu Povo. No segundo domingo de agosto celebra-se o DIA DOS PAIS, participação maravilhosa da pessoa humana no Amor e Poder Criador de Deus que gera seus filhos e filhas, faz existir a comunhão na família. Com a celebração litúrgica da Assunção de Maria ao céu, a Igreja é levada a ver em Nossa Senhora a Virgem consagrada totalmente a Deus e a sinalização do destino último da humanidade na glória, humanidade plenamente realizada além do que é transitório neste mundo. Celebra-se no domingo próximo a esta solenidade O DIA DOS CONSAGRADOS NA VIDA RELIGIOSA. Vocações muito diversificadas de total consagração da vida a Deus para o amor indiviso e incondicional a Deus ao serviço dos irmãos. No final do mês de agosto, na última semana ressalta-se a vocação dos cristãos dedicados à evangelização na vida leiga, na catequese eclesial, no testemunho no mundo. Todos os discípulos e discípulas de Cristo são aqui lembrados em sua vocação de evangelizadores – DIA DOS CATEQUISTAS.
Ainda o Papa Francisco: “Também hoje Jesus vive e caminha nas nossas realidades da vida ordinária, para Se aproximar de todos, a começar pelos últimos, e nos curar das nossas enfermidades e doenças. Dirijo-me agora àqueles que estão dispostos justamente a pôr-se à escuta da voz de Cristo, que ressoa na Igreja, para compreenderem qual possa ser a sua vocação. Convido-vos a ouvir e seguir Jesus, a deixar-vos transformar interiormente pelas suas palavras que ‘são espírito e são vida’ (Jo 6, 63). Maria, Mãe de Jesus e nossa, repete também a nós: ‘Fazei o que Ele vos disser!’ (Jo 2, 5). Far-vos-á bem participar, confiadamente, num caminho comunitário que saiba despertar em vós e ao vosso redor as melhores energias. A vocação é um fruto que amadurece no terreno bem cultivado do amor uns aos outros que se faz serviço recíproco, no contexto duma vida eclesial autêntica. Nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si. A vocação brota do coração de Deus e germina na terra boa do povo fiel, na experiência do amor fraterno. Porventura não disse Jesus que ‘por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros’ (Jo 13, 35)?” (Mensagem do Santo Padre Francisco para o 51º dia mundial de oração pelas vocações – 11 de maio de 2014 – IV Domingo de Páscoa, 3)
Teremos oportunidade em nossa Igreja Diocesana de encerrar o mês todo dedicado às vocações, com duas celebrações muito significativas (na Catedral Metropolitana às 18h30min): Ordenações Diaconais no dia 25 de agosto – irmãos são consagrados ao Senhor para serem servidores no anúncio do Evangelho, na comunicação da graça divina, na administração da caridade aos irmãos. Serão auxiliares dos pastores (padres e bispos) no grande trabalho da evangelização para que não falte aos que necessitam a ajuda da força de Deus. Ordenação Episcopal no dia 28 de agosto – com a graça do Espírito Santo, um irmão dentre nós foi escolhido pelo Santo Padre o Papa Francisco para ser bispo em uma Igreja Irmã na Amazônia, em Tefé: Pe. Fernando Barbosa dos Santos, sacerdote religioso lazarista, até então pároco de Nossa Senhora dos Remédios no Bairro Benfica em Fortaleza. Irá ele como missionário junto às comunidades que lá estão. Este serviço pastoral nos envolve também na vocação de levar o Evangelho a toda criatura, na continuação da missão dada por Jesus a seus apóstolos.
Tudo isto, todo um mês dedicado às vocações, será para nós motivo de renovação do sentido que move nossa própria vida com a esperança cristã da realização do Reino de Deus. Somos todos chamados. A cada um Deus dá sua parte na missão. Todos somos construtores, sob a ação do Espírito Santo, do amoroso projeto de Deus para a humanidade. Trabalhadores na grande messe do Senhor.
+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza