Já faz mais de quatro mês em que nos debatemos com esta pandemia COVID 19. Há tanto de negativo que tem acontecido: a doença, o medo, a morte, que tem atingido tantas pessoas em todo o planeta. Ela veio para desvelar muito das carências humanas e sofrimentos que ferem as humanidade em toda a Terra.
Mas, não é só dor e sofrimento, escuridão que tem se manifestado nesta situação estranha e extraordinária! Há também muito de positivo que vai ocorrendo, muito de reflexão a que somos obrigados com contínuo isolamento social, com tempo para o que não se tinha tempo, para pensar na vida, nas pessoas, no sentido das coisas, na razão da existência, no porquê de tantos esforços e lutas. E gestos e mais gestos de humanidade, de solidariedade são testemunhados em todas as partes deste nosso mundo: lições de vida, de generosidade, de doação, de dar a própria vida para salvar vidas. Torna-se cada vez mais claro o significado do sentido da vida, da razão que dá razão ao ser e ao fazer, ao ter e ao doar. Manifesta-se no interior do ser humano uma fonte de força e de vida, fonte de bem. E o maior bem que se destaca no meio de tanta contingência, tanta fragilidade, tanta transitoriedade das coisas é o Amor.
No Brasil estamos novamente no mês de agosto, mês eclesialmente dedicado às vocações. E temos tudo a propósito.
Vocação quer dizer chamado. E o chamado à vida e como ela é criada, vem do próprio autor da criação. Deus, ao criar o mundo o fez de uma variedade imensa de seres, desde os elementos materiais ínfimos até a imensidade do Cosmos. E são seres que foram, pela ciência humana, agrupados em reinos: o mineral, o vegetal, o animal e o espiritual. E no ápice desta construção está a realidade humana, como cume da complexidade material e ser em si ao mesmo tempo composto: matéria e espírito.
A primeira vocação é à próxima existência que a pessoa humana não se dá a si mesma, mas a recebe em si. E a revelação divina irá definir o humano: “Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou..” (Gn 1,27)
Por isso o chamado à humanidade não será referir-se ao menor no conjunto dos seres, mas ao Maior, que é o próprio autor da Criação. Há no ser humano a presença de um sopro divino, que eleva o barro da terra a um ser especial com relação ao Criador e às criaturas: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente.” (Gn 2,7.) E é constituído pelo Criador diante de toda a criação: “Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra.” (Gen 1,28.) É colocado como administrador pelo próprio Criador, feito participante do cuidado com a criação. Consciente guarda da harmonia dos seres no desígnio amoroso que perpassa a obra de Deus.
E o Deus que a si mesmo se manifesta como Amor, cria para expressar seu mesmo ser em suas criaturas e cuida da vida de suas criaturas pela sua Providência. O Amor é a marca de Deus em todas as suas criaturas, especialmente na pessoa humana, Sua imagem e semelhança. Este é o sentido da vida: o Amor. Assim se manifesta em Sua obra, Sua transparência.
“Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por meio dele vivamos. Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos outros.” (1Jo 4, 8 ss)
A vocação da pessoa humana é o amor, este amor que tem sua fonte em Deus, que é o Amor. Família é a expressão fundamental do jeito de Deus em humanidade. Como no próprio Deus, o Amor é relação interpessoal: dom recíproco. Assim Deus se revelou no Cristo, o Eterno Filho feito homem em meio aos homens para reconduzi-lo com todo o empenho de Seu cuidado, à Vida e Vida em plenitude.
Jesus é a revelação de Deus que explica o homem ao homem. E mostra nEle o significado mais fundamental da vida homana para sua plena realização: Amor que se doa, que serve, que se faz entrega na comunhão da humanidade. O sentido da vida de cada pessoa é sua doação do amor que Deus nela manifesta para com a humanidade: as expressões serão distintas na vida de cada um, mas o sentido é o mesmo: ser dom para o Outro nos outros. Ser dom recebido de Deus para ser dom também. Diversos projetos e estados de vida expressarão a mesma e distinta vocação: o amor. Por amor se faz humanidade em comunhão. Na Igreja, sinal e instrumento do desígnio de Deus para a comunhão da humanidade, os dons, as vocações, os estados de vida serão diversos: no matrimônio, no sacerdócio, na vida consagrada, nos diversos serviços e ministérios, nas mais diversas formas de a vida ser serviço do próximo, da humanidade toda.
Para a Igreja, para cada pessoa que vive a Fé, evangelizar toda a realidade humana é reconduzi-la ao Amor, a conhecer o Amor, a viver o Amor, a partilhar o Amor nas relações conjugais, de paternidade, de maternidade, de fraternidade, de amizade, de solidariedade, que se estendam por toda a humanidade. E este tempo tão especial, estranho e precioso, pandêmico de enfermidades, torna-se também um tempo igualmente especial, rico e precioso para que algo mais importante se torne pandêmico, universal, o cuidado da Vida, o cuidado do Amor.
+ José Antonio Ap. Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano
Respostas de 4
Sr. Arcebispo quando poderemos voltar a prática da Religião? Sem Missa não dá!
Dom José Antônio,
Paz e Bem da parte da Santíssima Trindade por meio de Nossa Mãe Maria Santíssima.
Deus o abençoe e o proteja, Deus lhe pague por nós apascentar.
Suas ovelhas estão querendo pastar, mas o Bom Pastor cuida das ovelhas e obrigada porcuidar de nós.
Em breve, no tempo de Deus, estaremos unidos e reunidos na aglomeração do banquete do Senhor Jesus na Santa Eucaristia, celebrando a vida que Deus prepara pra todos nós.
Sua benção, e esperamos em Deus,.
O Espírito Santo inspirará o momento certo de abrir as portas.
Estou com o senhor, e rezo pelo senhor e todo Clero.
Ass
25 de Agosto de 2020 às 7:05
Sr. Arcebispo, bom dia. O Santo Espírito vos Toque.
Rogo a Deus que vos Encorage e Ilumine, para que as Igrejas Católicas sejam ABERTAS hoje, já, que a Adoração a Jesus EUCARÍSTICOS seja novamente, e muito mais amplamente, possibilitada neste Ceará.
Não há mais sentido algum em deixar as Igrejas Católicas trancadas, pois as pessoas já estão, há muitas semanas, de volta as ruas, de volta aos seus trabalhos (os que ainda podem), de volta as praias, de volta aos shoppings, de volta as academias, de volta à Vida.
O Limite para o medo já foi extrapolado faz tempo. Já inexiste valor nesse “distanciamento” dos Fiéis. Pessoas estão Necessitando da Ministração dos Sacramentos, notadamente da Confissão, da Eucaristia. Basta, Sua Eminência. Pelo Amor de Deus, Abra as portas da Igreja de Cristo hoje, vos imploro.
A Covid Chinesa é real e tem seus riscos, sim, mas já constatamos que o Pânico midiático foi Aumentado Exponencialmente por motivos ideológicos e mercantis vis. As almas dos que se foram, sem receber o consolo dos Sacramentos antes da partida, por certo serão cobradas por Deus, mormente àqueles que tem Autoridade.
Que a Virgem Maria vos auxilie.
A comunhão espiritual, (na missa, – Eucaristia) quando é feita por um coração sedento de Deus, ela tem um valor, uma eficacia, que só os santos podem avaliar.
Como Igreja, estamos com o senhor, pastor de nossas almas, pelo mandato de Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote.
Há muitas vozes. Qual devemos ouvir? Só Tu tens palavras de vida eterna.
Fiat.
Totus Tuus Maria. Oremos, Ave Maria…
S Pio X, rogai por nós.
( O papa da Eucaristia).
26/08/2020