Tema: “Maria caminha conosco na construção da paz.”
Lema: “Graças ao coração misericordioso de nosso Deus, que envia o Sol nascente do alto … para iluminar os que estão nas trevas, …e dirigir nossos passos no caminho da paz”. (cf. Lc 1, 78-79)
Pela décima sétima vez estaremos realizando a CAMINHADA COM MARIA por ocasião da Solenidade de Nossa Senhora da Assunção, Padroeira da Cidade de Fortaleza no dia 15 de agosto, que neste ano será uma Quinta-feira e há anos é Feriado Municipal em Fortaleza.
A cada ano, um aspecto da vida de Maria, Mãe de Jesus, é por nós recordado, para ser a motivação espiritual para a construção da cidade, que, terrena, é o caminho para a Cidade Definitiva. A construção da cidade terrena é o campo de cultivo do que será o futuro de toda a humanidade, o Reino de Deus. Jesus, o Senhor da História, veio para a missão de redenção humana. Tendo se desviado do projeto divino, o homem se fechou ao imediato e material e se propôs construir uma cidade e uma torre que alcançassem o céu. E a Babel confundiu as linguas, os entendimentos, os projetos humanos, levando a teimosia do projeto humano de alcançar o céu com suas próprias forças a ser cada vez mais desagregador e excludente – cultura de morte.
Jesus veio reunir os filhos de Deus dispersos (cf. Jo 11, 52) e encaminhá-los para novo céu e nova terra (cf. Apc 21, 1). O projeto divino é de comunhão das pessoas humanas com Deus e entre si, e para isto reúne um povo que dê seus frutos (cf. Mt 21, 43).
Neste plano divino, a presença da Igreja – congregação dos filhos de Deus em Jesus – realiza uma missão de levar o Evangelho ao mundo inteiro. Ela reune os filhos e filhas de Deus, que são aqueles que fazem a vontade do Pai do Céu (cf. Mc 3, 15) em Família de Cristo. Esta Família recebeu de Jesus como Mãe Maria na suprema hora da Redenção (cf. Jo 19, 26). Ela foi a cooperadora do mistério da encarnação do Verbo de Deus na humanidade e a Ele deu à luz por obra do Espírito Santo. Ela é aquela que, com Jesus, dá à luz a nova humanidade redimida e dela cuida, como perfeita discípula de Cristo, Mãe da Igreja em caminho de encarnação do Reino de Deus no mundo até sua plena realização. Como discípula a mais perfeita é também mestra do discipulado de seu Filho. Como Mãe continua gerando Cristo na humanidade chamada a ser una nEle. O sentir do povo cristão, em dois mil anos de história, acolheu de vários modos, o elo filial que une estreitamente os discípulos de Cristo à sua Santíssima Mãe. De tal união dá um testemunho explícito o Evangelista João, mencionando o testamento de Jesus morrendo na cruz (cf. Jo 19,26-27). Depois de ter entregue a própria Mãe aos discípulos e estes à Mãe, “sabendo que tudo se consumara”, morrendo, Jesus “entregou o espírito” tendo como fim a vida da Igreja, seu corpo místico: de fato, “do lado de Cristo adormecido na cruz nasceu o sacramento admirável de toda a Igreja” (Sacrosanctum Concilium, n. 5).
Temos uma graça e uma missão: ser cooperadores na construção do Reino de Deus, desde a cidade terrena na caminhada para a cidade celeste. E sabemos que a construção de uma cidade sem Deus, ou até contra Deus é Babel = confusão. E ouvimos, na inauguração da chegada do Reino de Deus em Jesus, que toda a carência humana é suprida, quando falta o vinho saboroso para a Festa da Vida. E lá está Maria, Mãe da nova humanidade, Cooperadora especialíssima do Filho de Deus feito homem para a obra da nova criação. Ele intervém para a indicação mais clara e definitiva: “E Maria disse aos que serviam: Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5), pois sabiam muito bem que: “Se o Senhor não constroi a casa, em vão trabalham os que a edificam. Se o Senhor não guarda a cidade, em vão vigiam as sentinelas.” (Sl 127, 1).
A paz tão necessária e desejada para nossa cidade, nossa pátria e nosso mundo! A paz verdadeira que é dom de Deus e construção da humanidade irmanada.
Maria elevada à glória do Céu, Mãe da Igreja, nos acompanha com seu amor materno no seguimento de Jesus e na realização do Evangelho para, atentos às coisas do alto, acenda-se em nossos corações o desejo de, construindo a cidade terrena nos designios de Deus, chegar à glória da ressurreição, à cidade definitiva. (cf Liturgia de 15 de agosto – Solenidade da Assunção de Nossa Senhora)
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José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano