Como preparação para o Pentecostes, Festa do Nascimento e da Unidade da Igreja, realiza-se a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. E no Domingo após o Pentecostes, a Solenidade da Santíssima Trindade, seguida na quinta-feira pela Celebração do Corpo e Sangue do Senhor na Santíssima Eucaristia.
A busca constante e renovada da Unidade não é apenas algo secundário ou acessório na vida cristã. A oração e a busca concreta de expressões de unidade entre todos os discípulos de Jesus, o chamado ecumenismo, não é apenas um modismo do nosso tempo. A Unidade da Trindade é o próprio ser de Deus e seu desejo e projeto para toda a Humanidade. A unidade é o testamento de Jesus, o objetivo de sua missão: ” Pai, que todos sejam um, como tu estás em mim e eu em ti; que eles também estejam em nós… ” (Jo 17, 21).
Para isto o Filho Eterno do Pai veio ao mundo, ” … se fez carne e habitou entre nós. ” (Jo 1, 14), para que se estabeleça a grande comunhão das pessoas com Deus e entre si. Deus, que é Amor, realiza plenamente sua obra de partilha de vida e felicidade com sua criação, no Amor. Amor é doação gratuita que realiza comunhão de vida.
Assim, tudo o que se fizer, por mais esforços que custe, se não realizar a plena unidade, de nada serve (cf. 1Cor 13).
Somos chamados a realizar o projeto de Deus, que é comunhão de pessoas, Unidade da Trindade, na comunhão de todas as pessoas neste mundo. O horizonte não tem limites, todos são chamados à unidade no Amor. Nunca poderá haver exclusões, seja de que maneira for.
Viver o Pentecostes é acolher o Espírito Santo, Senhor e fonte de Vida, Laço amoroso na Trindade e em nós. Ele é quem realiza toda unidade.
Celebrar a Trindade Santa é redescobrir nossa fonte de existência, nosso projeto humano de vida, nosso espelho de convivência.
Alimentarmo-nos de Jesus feito Eucaristia é entrarmos em comunhão com Ele e com todos os que nEle comungam. Ele mesmo se fez Alimento e Bebida da Unidade, da Comunhão.
E tudo isto tem consequências muito concretas e práticas na vida. As realidades humanas todas só serão realmente humanas se construtoras da unidade, de igualdade e comunhão na diversidade das pessoas.
A Fé na Santíssima Trindade, o Alimento da Esperança de Vida e Mundo Novos na Eucaristia, o Amor que é ação do próprio Espírito Santo – Amor de Deus, concretizam-se na renovação do mundo nos dons da verdade, da liberdade, da dignidade e da partilha para todos os seres humanos, chamados já nesta terra a provar e iniciar o que Deus é e o que ele destina como meta para todos os que cria para participar da abundância de sua vida.
Estamos sempre sendo chamados por Deus a construir e reconstruir a comunhão com todos. Começamos pelos próximos mais próximos, entre nós dentro da Igreja Católica, e alargamos a todos os Irmãos Cristãos de outras Igrejas, e mais a todas as pessoas religiosas em suas diversas crenças, não colocando limites ao Amor, abertos a toda a humanidade. Olhando privilegiadamente aos menores, aos mais pequenos e necessitados.
Somos livres na escolha de nossas convicções de fé e de religião, de lutas pela vida. Nunca seremos dispensados de amar realmente, como Jesus nos ensinou e testemunhou.
Assim Deus, pelo seu poder, realiza em nós o que nós, por nossas próprias forças apenas humanas, jamais seríamos capazes de realizar: ” Que todos sejam um! “
+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza