Após a vivência da Quaresma preparatória e da celebração da Semana Maior com seu ápice no Tríduo Pascal da Paixão-Morte, Sepultura e Ressurreição do Senhor, a Igreja prolonga seu júbilo por cinquenta dias – o Tempo Pascal. Neste tempo todo ele festivo, o revive, testemunha e anuncia a Redenção Humana realizada por Cristo Jesus com o preço de sua vida para que ela agora, vencedora na carne humana, seja oferecida a toda a humanidade. O testemunho da Ressurreição do Senhor iniciou-se com os que foram escolhidos por Ele mesmo, ao se manifestar vivo, ressurgido dos mortos. E os fez seus enviados a toda a humanidade para anunciar, em Cristo e pela força de Seu Espírito, o perdão dos pecados e a vida nova da ressurreição – participação da própria Vida Divina na carne humana renascida em Cristo.
Neste período, que se iniciou com a solene celebração da Vigília Pascal da Ressurreição do Senhor, participada pelos fiéis no acolhimento da Fé em Cristo, do Batismo em Seu Nome, do Dom do Seu Espírito de Amor, da Comunhão em Sua oferta de Vida perpetuada na Eucaristia – Corpo dado e Sangue derramado – por Cristo Jesus Ressuscitado, expande-se a missão da Igreja: levar este Evangelho (Boa Notícia) de Cristo Vivo agindo em nós, para toda a criatura.
Assim, a experiência cristã de sua comunhão com Jesus Vivo, é celebrada a cada sete dias no Dia do Senhor, o primeiro da semana, Dia que marca a cada semana, o encontro com Jesus Ressuscitado na comunidade reunida em Seu Nome. Assim entenderam os primeiros apóstolos, testemunhas do encontro com o Ressuscitado, que marcou o primeiro dia da semana com suas manifestações a eles.
E a Igreja vive toda sua caminhada na história como Tempo Pascal, continuamente recordado: “Fazei isto em memória de mim.” (Lc 22, 19; 1 Cor 11, 24 e 25.) – palavras ditas por Jesus em sua ceia de despedida dos discípulos, antes de Sua Paixão. E a comunidade de Fé, agora renova seu gesto de oblação e proclama sempre: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!” Esta é a aclamação jubilosa diante do Mistério da Fé. E o Mistério do Amor se prolongará por todos os dias da vida, penetrando em toda a realidade da vida humana, testemunhando o poder do Amor que tudo vence, tudo transforma, tudo ilumina.
Através dos seus, o Senhor Ressuscitado continua a caminhar solidário com a humanidade mergulhada nas decepções de seus sonhos, na desesperança diante de seus fracassos, nas incapacidades de realizar a vida em convivência construtiva, nos seus problemas insolúveis, nas trevas que cobrem o seu futuro. Como com os primeiros testemunhas de sua ressurreição, Ele aquece os corações e os abre à solidariedade e esperança. A última palavra não é a morte, o fim de tudo, é a Vida para sempre. Cristo vive e nEle há Vida para todos.
Assim, onde e quando o Evangelho do Senhor Ressuscitado foi, é e será anunciado, a realidade da presença viva do Senhor Ressuscitado se atualiza nos corações das pessoas e em sua comunhão no mesmo Amor de Cristo, até que o Senhor venha para revelar o Reino de Deus plenamente realizado. Para isto Jesus disse ter vindo ao mundo: “Para reunir os filhos de Deus dispersos”(Jo 11, 52). E assim Ele faz a Igreja em Tempo Pascal!
+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza