Lemos no Livro dos Atos dos Apóstolos, que logo após a Ascensão de Jesus aos céus, os mesmos apóstolos eram “Todos, unânimes, assíduos à oração com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus e os irmãos dele” (At 1, 14).
É a Igreja nascente que assim se reúne. Unânimes, isto é uma só alma, todos os apóstolos, discípulos e Maria, Mãe de Jesus. Esta é a comunidade de Jesus Ressuscitado, Igreja que inicia sua missão de ser no mundo a concretização do Reino de Deus, Família dos filhos de Deus a percorrer os caminhos do mundo e da história, em meio às alegrias e às tribulações, terá sempre na Senhora da Esperança, a esperança que não decepciona: depois da prova vêm as alegrias da ressurreição.
Unimo-nos neste mês de maio, e somos Igreja, no tempo pascal em preparação para a solenidade de Pentecostes (31 de maio) e no mês dedicado especialmente a Nossa Senhora, Maria – Mãe de Jesus e nossa – Mãe da Igreja.
Se desejarmos ser Igreja, nós apenas o seremos se formos unânimes com Maria e entre nós. Ela é o modelo da Igreja no seguimento de Jesus, fiel discípula, toda Palavra de Deus acolhida e vivida, SIM à vontade de Deus. Assim é a Igreja, a comunidade que nasce da Palavra de Deus acolhida e vivida na fé, no seguimento de Jesus e feita Seu próprio Corpo, Comunidade de Amor. Seguir Maria é encontrar o Caminho que é o próprio Jesus.
E nos desafios deste tempo sofrido de epidemia viral em toda Terra, Nossa Senhora é sempre atual inspiração e modelo da Igreja como humanidade realizada nos planos de Deus. De discípula e a mais perfeita, ela se torna mãe. Assim a Igreja, buscando sua verdadeira identidade e missão, será discípula e se tornará mãe dos filhos de Deus.
A Comunidade Eclesial realiza-se na escuta da Palavra de Deus, na Celebração dos sacramentos da Graça e na Vida de caridade fraterna. Caridade que se vive em todas as situações concretas do dia a dia. Mais ainda desafiadoras como as que vivemos nestes tempos de pandemia.
Olhando para a Igreja nos seus primeiros tempos encontra a Igreja do Terceiro Milênio Cristão o espelho onde buscar sua verdadeira imagem. E lá encontra Maria, como a encontra aqui e hoje. Mulher do SIM a Deus e aos irmãos. Toda serva da Palavra de Deus, toda serva solidária aos irmãos em suas necessidades: pensemos em Maria que vai ao encontro de Isabel, Maria que auxilia os noivos de Caná, Maria que doa Jesus às multidões, Maria em pé aos pés da cruz, Maria – mãe e companheira dos primeiros cristãos.
A verdadeira devoção a Nossa Senhora, não se restringe a algumas práticas devocionais, mas torna-se verdadeira imitação de Maria como Evangelho realizado no amor, o mais perfeito: cumprimento da vontade de Deus que é amar como Ele, amar os irmãos, no dom de si, no serviço, nos cuidados que necessitam. Assim Nossa Senhora ensinou aos pequeninos de Fátima, quando a eles apareceu nos inícios do século XX: orar e amar para unir em Cristo toda a humanidade. Rezar e se sacrificar pela conversão dos pecadores ao amor. Com palavras simples assim ensinou a rezar para por isso viver: “Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem.”
Quanto maior a aproximação à vida de Maria, maior aprendizagem de como viver o Evangelho, de como ser Evangelho vivo. Com ela estaremos sempre a seguir Jesus: Caminho, Verdade e Vida.
A Virgem Maria, Serva do Senhor, Mãe de Jesus e Mãe da Igreja, perfeita discípula e cristã tem tudo a nos ensinar. Mulher da Fé, da Esperança e da Caridade, será modelo vivo de como ser Igreja, discernindo os projetos de Deus para os nossos tempos. Como a honramos: Filha de Deus Pai, Fecundada pelo Espírito Santo, Mãe de Deus Filho feito homem; com ela viveremos nossa relação com a Trindade Santíssima e seremos Igreja – ícone da Trindade na terra: “Povo reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza