Nos últimos anos temos tido sempre uma temática a orientar a vida e a missão evangelizadora da Igreja, seja de modo universal, seja nacionalmente ou para a Igreja Arquidiocesana.
A partir do dia 26 deste mês de novembro, a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, estaremos celebrando em todo o Brasil um ANO DO LAICATO. Sua finalidade é ressaltar a grande dignidade dos fiéis cristãos como cidadãos de pleno direito no seu ser e missão na Igreja e no Mundo.
Com o tema “Cristãos Leigos e Leigas, sujeitos na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino” e o lema “Sal da Terra e Luz do Mundo”, a iniciativa do Ano Nacional do Laicato, de acordo com o papa Francisco, deseja fazer crescer “a consciência da identidade e da missão dos leigos na Igreja”. O Ano do Laicato nos empolga e fomenta em nós uma feliz e agradável expectativa, para juntos escutarmos o que diz o Espírito Santo aos nossos corações e assumirmos a ação transformadora na Igreja e no mundo. A obra é de Deus e de todos nós. Possamos ouvir Jesus Cristo que nos chama e nos envia para seremos sal, luz e fermento na massa. Através da oração e meditação da Palavra de Deus, de olhos abertos para a realidade onde vivemos, possamos nos empenhar em transformar as injustiças em relações de paz e amor.
Assim estaremos comemorando os 30 anos do Sínodo ordinário sobre os leigos (1987) e os 30 anos da Exortação Apostólica do Santo Padre João Paulo II – Christifideles Laici – sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo (1988); a estimular a presença e a atuação dos Cristãos leigos e leigas “verdadeiros sujeitos eclesiais” (D. Ap. 497), como “sal, luz e fermento” na Igreja e na sociedade.
No próximo dia 26 de novembro – Domingo, com início às 18h30min, na Catedral Metropolitana de Fortaleza, Missa de abertura do Ano Nacional do Laicato, quando, encerrando o Ano Litúrgico, celebramos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do universo.
A palavra “leigo” tomou um significado negativo na linguagem comum, como alguém que é ignorante de alguma coisa, não preparado em algum assunto; mas originalmente e etimologicamente não foi assim, pois quer dizer “cidadão”. Assim a entende e usa a Igreja, quando se refere aos fiéis. Os fiéis cristãos são cidadãos do Reino de Deus, de direito e de fato. De direito, pois recebem esta dignidade por graça divina, como membros de Cristo e da Igreja, filhos e filhas de Deus em Cristo pela ação de Seu Espírito. Portanto discípulos de Cristo e herdeiros com ele do Pai do Céu. A mesma missão de Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado para realizar no mundo o Reino de Deus e a ele chamar toda a humanidade, torna-se a missão dos discípulos como transformadores na graça divina de toda a realidade humana. Assim, de fato, há uma dignidade ao se fazer parte da Igreja como membro de pleno direito. E esta dignidade lhe dá a missão de levar a todo o mundo a transformação no Amor realizada por Cristo. Assim os leigos cristãos são operários do Reino de Deus que vai fermentando toda a história da humanidade, as realidades da vida na terra, as relações da sociedade dos homens, rumo ao Reino que se fará definitivo por obra de Deus e colaboração dos homens. E todas as dimensões da realidade humana e social recebem da força do Evangelho de Cristo através da atuação dos cidadãos do Reino de Deus – “leigos e leigas cristãos , sal da terra e luz do mundo, numa Igreja em saída a serviço do Reino”.
Esta celebração do Ano Nacional do Laicato quer despertar e motivar toda a atividade cristã responsável na vida mesma da Igreja e na transformação das realidades do mundo na construção do porvir definitivo que já fecunda a vida na terra.
+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza