“Eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos.”

 Recebemos do Apóstolo São Paulo o Evangelho – Boa Notícia: “Lembro-vos, irmãos, o Evangelho que vos anunciei, que recebestes, no qual permaneceis firmes, e pelo qual sois salvos, se o guardais como vo-lo anunciei; doutro modo, teríeis acreditado em vão. Transmiti-vos, em primeiro lugar, aquilo que eu mesmo recebi: Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. … E se Cristo não ressuscitou, ilusória é a vossa fé; ainda estais nos vossos pecados” (1 Cor 15, 3 ss).

A cada ano, voltamos ao acontecimento maior e mais fundamental de nossa vida: a Páscoa de Jesus, o Cristo, o Filho de Deus.

E celebramos a Semana Santa e nela a Páscoa da Morte, Sepultura e Ressurreição do Senhor. Não comemorações históricas, não lembranças sentimentais apenas, mas a verdade mais atual e plena: vivemos neste Cristo que morreu por nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação. Ele é o Senhor da vida e em nós, toda a humanidade, recria a vida.

Páscoa, passagem. Nos tempos antigos: mudança das estações. Na Primeira Aliança com o povo hebreu: passagem da terra da escravidão para a liberdade. Definitivamente para toda a humanidade: vitória de Cristo, Filho de Deus e Filho do Homem, sobre o pecado, o mal e a morte, para a vida nova e plena, para a participação na mesma vida de Deus, a ressurreição.

Todos os anos se repetem as palavras, os gestos, os ritos, as cerimônias … a realidade é que permanece: Jesus está vivo e caminha conosco até o fim dos tempos. Nele, pela graça e pela fé, morremos para o pecado e ressurgimos para Vida nova e eterna.

A Igreja, na sua liturgia, se reúne e celebra. Nos seus rituais recebidos do próprio Jesus, comunica-se e comunga com Ele. Ele mesmo é que age agora entre os seus. Ele é o Vivente para sempre.

Os acontecimentos da última semana da vida e missão terrenas de Jesus sãore-cordados nos rituais da liturgia. Domingo de Ramos e da Paixão – entrada de Jesusem Jerusalém. Quinta-feira Santa à noite – Santa Ceia do Senhor: a despedida, a refeição, a agonia, a prisão. Sexta-feira Santa – a paixão e morte de Jesus, sua sepultura. Sábado Santo – o dia do grande silêncio: o corpo de Cristo repousa no túmulo, Ele desce à mansão dos mortos. Grande Vigília Pascal da Ressurreição – na noite do sábado já se inicia do Primeiro Domingo da Páscoa – o Dia do Senhor Ressuscitado. “Este é o dia que o Senhor fez para nós” – dia que dura para a eternidade nEle que é divina e humanamente eterno.

As comunidades da Igreja se reúnem em oração e comunhão fraterna para viver sua união com o Senhor vencedor da morte e fonte da vida.  ¨Onde dois ou mais estiverem unidos em meu nome, eu estarei no meio deles” (Mt 18,20) Já pela graça batismal cada discípulo é mergulhado na água e no dom do Espírito Santo derramado por Jesus nos corações dos que crêem. E todos são feitos participantes de sua passagem – Páscoa para a Vida – Deus – em plenitude.

Este é o tempo de sermos recriados pela gratuidade amorosa de Deus. “O Pai tanto amou o mundo que lhe deu Seu próprio Filho; não para julgar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele” (cf. Jo 3, 16-17).

Este é o tempo da renúncia a todo o mal que causou a mortede JesusCristo e ainda a causa na Sua humanidade. Este é o tempo do “creio”, da opção de fé que o acolhe em vida nova no Espírito Santo – amor derramado nos corações e faz novas todas as coisas.

A palavra característica da Páscoa é “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). Saudação messiânica, dos tempos finais do mundo, da felicidade criada por Deus, da vida em plenitude para todas as criaturas. Esta a saudação mesma do Cristo Ressuscitado aos seus que o viram e tocaram, vencedor da morte e saído do túmulo, esfuziantes de alegria: sol que brilha em plena força para espantar todas as trevas do mundo.

Ela é a saudação que ecoa por todo o mundo a partir da estonteante e inusitada Boa Novidade: “Cristo morreu pelos nossos pecados … Ele ressuscitou para a nossa justificação”. Ele é quem faz a Justiça de Deus. Ele nos torna justosem Seu Amor. Ele é o sentido do homem e da história do mundo. Nele e só nEle temos vida. A pessoa humana encontra em Jesus Ressuscitado a plenitude de sua vida.

“Eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos.” (Mt 28,29)

Por isso os discípulos de Cristo se reúnem em Igreja – comunidade convocada: para ter o Senhor Vivo consigo.

+ José AntonioAparecido Tosi Marques
Arcebispo de Fortaleza

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