Em muitas ocasiões em seus quase oito anos de pontificado, de modo especial a partir de 2011, o papa Bento XVI demonstrou sensibilidade e atenção à realidade dos encarcerados, por meio de cartas apostólicas, mensagens de solidariedade e visitas aos presos.
Momento significativo da atenção do Sumo Pontífice aconteceu em 18 de dezembro de 2011, quando, numa obra de misericórdia corporal, visitou o presídio de Rebibbia, na periferia da capital italiana, onde rezou, conversou com os detentos e enfatizou a necessidade de se banir os erros da Justiça e os maus tratos aos prisioneiros.
Na oportunidade, recordando a exortação apostólica pós-sinodal Africa Munus, de novembro de 2011, o Sumo Pontífice destacou que “os presos são pessoas humanas que, apesar do seu crime, merecem ser tratadas com respeito e dignidade”, e apontou para a urgência de “sistemas judiciários e prisionais independentes para restabelecer a justiça e reeducar os culpados”.
Ainda na visita ao presídio de Rebibbia, Bento XVI pediu que a dignidade dos presos seja respeitada, para que não sofram uma dupla penalização, apontou que a superlotação e a degradação dos cárceres podem tornar a detenção ainda mais amarga e defendeu a promoção de um sistema carcerário “sempre mais adequado às exigências da pessoa humana, com recurso também às penas não detentivas ou a modalidades diferentes de detenção”.
Oportunidade para reeducar o preso
Em novembro de 2012, em uma conferência com os diretores das administrações penitenciárias do Conselho da Europa, o papa Bento XVI enfatizou que os presídios devem ser a oportunidade para reeducar o preso, visando reintegrá-lo à sociedade.
“É preciso se empenhar, de maneira concreta e não somente como afirmação de princípio, por uma efetiva reeducação da pessoa, necessária seja em função de sua própria dignidade, seja em vista de uma reinserção social”, apontou o Sumo Pontífice.
Bento XVI comentou ainda sobre a importância das atividades de evangelização e assistência espiritual nos presídios, como forma de despertar nos presos o entusiasmo pela vida.
Solidariedade nas tragédias carcerárias
O Papa também se mostrou sensível ao sofrimento dos presos e de seus familiares em situações de tragédias carcerárias. Em fevereiro de 2012, expressou suas condolências e solidariedade às famílias das 350 pessoas mortas em um incêndio no presídio de Comayagua, em Honduras.
Um ano depois, incidentes no presídio venezuelano de Uribana, vitimaram 58 pessoas e feriram outras dezenas, situação que não passou indiferente ao Sumo Pontífice, que manifestou sua “mais profunda proximidade espiritual e solidariedade” com os afetados pelo incêndio e pediu mais atenção das autoridades da Venezuela para que novas tragédias não voltem a acontecer.
Orações aos presos
Na visita a Cuba, em março de 2012, o papa rezou pelos presos daquele país. “Supliquei à Virgem Santíssima pelas necessidades dos que sofrem, dos que estão privados de liberdade, separados de seus entes queridos ou que passam por graves momentos de dificuldade”.
Em julho do mesmo ano, ao divulgar as intenções de orações para mês de agosto aos associados do Apostolado da Oração, pediu que os encarcerados “sejam tratados com justiça e com respeito de sua dignidade humana”.
E no Natal de 2012, estimulou que no contexto do nascimento do Menino Jesus, “imitemos Maria neste tempo de Natal, visitando aqueles que vivem com dificuldades, como, por exemplo, os doentes, os encarcerados, os idosos e crianças”.
Proclamado Doutor da Igreja que viveu no cárcere
Em 7 de outubro de 2012, o papa Bento XVI proclamou, como Doutor da Igreja Universal, São João de Ávila, sacerdote espanhol que por dois anos viveu no cárcere.
“No entanto, em 1531, por causa de uma sua pregação mal entendida, foi aprisionado. No cárcere, começou a escrever a primeira versão do Audi, filia. Durante aqueles anos, recebeu a graça de penetrar com profundidade singular o mistério do amor de Deus e o grande benefício feito à humanidade pelo Redentor Jesus Cristo. Doravante será este o eixo da sua vida espiritual e o tema central da sua pregação”, aponta um dos trechos da carta apostólica de proclamação de São João de Ávila como Doutor da Igreja Universal.
Por CNBB / Pastoral Carcerária Nacional