O dízimo é uma experiência pastoral missionária que envolve toda a comunidade. E essa comunidade é responsável pela manutenção dos serviços para Evangelização.
Nessa terceira parte da entrevista, Padre Cristovam Lubel nos ajuda a compreender que o dízimo envolve e contagia a todos, criando nas comunidades um sentimento de gratidão. Enfatiza que não basta ter o dízimo nas comunidades, é preciso ter consciência da sua importância na vivência comunitária.
1. Como o dízimo é um ato que parte do coração, nas Paróquias há dizimistas e não dizimistas. Então pergunto, o atendimento é diferenciado para essas pessoas?
Não pode ser. A orientação é que o atendimento seja igual para todas as pessoas, dizimista ou não dizimista. Há pessoas que concordam com a linha pastoral da Paróquia e aquelas que não concordam. Nós não temos nenhum direito de fazer um atendimento diferenciado. Quando uma pessoa chega, e pede um serviço da Igreja, a igreja tem a obrigação de se colocar à serviço. Independente de quem seja a pessoa, independente do valor com que ela contribui. Ou se não contribui, não aceita, ou rejeita o dízimo. Nós não podemos de forma alguma prender (negar) serviços religiosos para aqueles que não são dizimistas, ou atrasaram sua doação. Temos que fazer com o mesmo empenho, com a mesma desenvoltura. Os serviços diferenciados não são justos, e acima de tudo não é evangélico. O atendimento deve ser igual para todas as pessoas. Todos têm o mesmo direito dentro da comunidade.
2. Entregar um brinde, como calendário, sorteios de bíblia, de livros, as missas especiais para o dizimista, são algumas ações praticadas para agradecer a fidelidade do dizimista. O que o Senhor tem a dizer dessas práticas?
Essas práticas podem ser seguidas enquanto reativamento da Pastoral do Dízimo. Nunca enquanto uma premiação. Digamos se numa missa faz-se um sorteio de uma bíblia, de um objeto religioso, de uma imagem, a perspectiva é a seguinte: como a comunidade não pode dar a todos os dizimistas uma lembrancinha como forma de reconhecimento da participação na comunidade, se escolhe alguém para que em nome da comunidade, receba em nome de todos através do sorteio. Então, o sorteio é só uma forma de dizer para toda comunidade “nós reconhecemos que vocês estão assumindo a fé de vocês de verdade”. Então, qualquer tipo de premiação, não é em vista da participação ou da quantia que se doa. É sempre em função que aquela pessoa assumiu de fato seu lugar como batizado, como batizada na vida da comunidade. É preciso ter cuidado para não tornar essa prática uma espécie de recompensa. Pois, se isso acontecer vai estragar toda a pastoral, vai tirar a pastoral dos trilhos. Ou seja, vai fazer com que a pastoral perca o seu sentido.
3. E o que devemos fazer para que a pastoral do dízimo não perca seu sentido?
Perceber que esses momentos de gratidão são momentos de reconhecimentos, até porque não somos nós que agradecemos, por que o dízimo não é para uma pessoa ou para outra, é a comunidade toda que se sente agradecida. Então, quando uma pessoa recebe um cartão em casa dizendo “que bom que você é dizimista”. Quem disse que é bom que você seja dizimista, foi toda a comunidade. E você, também, diz para os outros membros da comunidade. É uma espécie de reconhecimento mútuo dentro da comunidade entre todos os dizimistas. Mesmo que no cartão tenha a assinatura do Padre ou de alguém da pastoral do dízimo, eles assinam em nome de toda a comunidade. É importante que as comunidades entendam isso e não caíam no erro de premiar o dizimista, ou até de premiar os melhores dizimistas. Ninguém pode julgar quem é melhor, ou quem não é. Uma pessoa pode estar oferecendo muito, mas pode estar oferecendo pouco que pode ser muito mais. Uma pessoa que oferece pouco poderia estar oferecendo, praticamente, tudo que tem. Ele estar oferecendo com bem mais qualidade do que aquele que ofereceu muito. Então, nós não temos esse direito de julgar. Temos que perceber que as premiações funcionam só como reconhecimento. E se assim for, suas praticas são validas.
4. Sobre as maneiras de arrecadar as doações, qual seria a maneira mais apropriada. A maneira onde não coloca a pessoa em estado de constrangimento, burocratização ou exposição?
A maneira de arrecadar é aquela mais discreta possível. Agora, são as próprias pessoas da comunidade que pedem facilidade. As pessoas pedem que seja no momento da celebração. As pessoas têm dificuldade de ir duas, três vezes por semana na comunidade. Elas vão só aos domingos. Elas querem que no domingo haja a possibilidade de contribuir com o dízimo. Então, muitos desses grupos de coordenação do dízimo que recebem o dízimo aos domingos, eles estão nas capelas porque a própria comunidade pede. Pois, a comunidade sente que facilita. Agora, a contribuição deve ser feita na hora em que a comunidade entende que seja a melhor hora. Se a comunidade entender que não fica bem na hora da celebração, ou depois da celebração, então se encontra um meio melhor para aquela comunidade. As comunidades têm o direito de decidir qual o melhor momento de fazer sua contribuição. Isso fica a critério de cada comunidade.
5. Dentro dessa busca de momento ideal para contribuição, o que deve ser evitado?
Sugerimos que procurem não usar o espaço da Igreja. Mas, em alguns locais os espaços são tão pequenos que não tem outro local, a não ser dentro da Igreja. Até por que as pessoas se sentem bem, porque o dízimo é uma coisa de Deus. Então, deixamos a critério de cada comunidade. O importante é que se entenda o espírito do dízimo, para que a contribuição não seja de forma distorcida. Mas, estamos preocupados com isso. Porque, em algumas comunidades aparece mais o local do dízimo do que o restante da Igreja. Do que o local da celebração. Isso nos preocupa. Nós pedimos o bom senso, que consultem a comunidade. Saber o que a comunidade acha daquele local, daquele horário, se estar bem ou não.
6. Caderneta, envelope, carnê, qual seria o melhor?
Tudo depende de cada comunidade. Algumas comunidades preferem trazer e entregar pessoalmente. Alguns contribuem pelo carnê, ou boleto bancário, alguns já fazem até pelo cartão de débito. Ou seja, nós não podemos dispensar nenhum meio. Devemos estar aberto a todos os meios, inclusive os mais modernos. O importante é o espírito da contribuição. Se for no débito, no carnê, entregue pessoalmente na hora da celebração, ou entregue a uma agente do dízimo, o importante é a consciência do que estou fazendo. Então, a forma ela é relativa. Há uma grande variedade e possibilidade e é a comunidade que escolhe qual ou quais irá adotar. Contudo, o que não pode existir nas comunidades é ter o dízimo sem ter a consciência do que ele seja.
A quarta parte da entrevista estará disponível no dia 28 de outubro. Leia, reflita, partilhe com sua comunidade este instrumento de estudo e aprofundamento da vida pastoral.
Saiba Mais
A série de entrevistas com o Padre Cristovam Iubel tem como objetivo, ajudar os agentes da pastoral do dízimo, a se prepararem para o Encontro de Animação da Pastoral do Dízimo da Arquidiocese de Fortaleza, no dia 30 de outubro.
Veja também a primeira e a segunda parte da série de entrevistas: PRIMEIRA PARTE e SEGUNDA PARTE
SERVIÇO
Encontro de animação da Pastoral do Dízimo
30 de outubro, das 8h às 16h.
Local: Paróquia Bom Jesus dos Aflitos
Centro de Evangelização São João Eudes da Comunidade Católica Anuncia-me (Rua Padre Nobrega, 461, Serrinha – Próximo a UECE – Campus Itapery).
Informações e confirmação com João Augusto (85) 3388 8702; 9922 4449; Diác. João Batista (85) 8653-9154 e Silvana (85) 8776-3220; Diác. Sérgio Rocha (85) 8767-6610 ou 3491-1967.