A Igreja Católica celebra a Epifania do Senhor: a manifestação do Messias a todos os povos do mundo. Epifania significa “manifestação”. Recorda para nós a adoração do Menino Deus pelos três Magos, representantes do mundo inteiro conhecido naquele tempo. Encontramos a história dos Magos no Evangelho de Mateus (Mt 2, 1-12). O evangelista apenas afirma que alguns Magos do Oriente foram adorar o Menino Jesus. Não diz quantos, nem cita nomes, não afirma que eram reis e também não descreve a cor de sua pele. Estes detalhes foram acrescentados no decorrer dos séculos. Historicamente falando, a Festa dos Magos ou da Epifania é uma duplicata: enquanto o ocidente celebrava Natal no dia 25 de dezembro, no 4º. Século introduziu-se ali, também a festa natalina dos cristãos orientais, a Epifania, celebrada no dia 6 de janeiro. Será difícil dizer se os Magos eram sacerdotes persas ou astrólogos babilônicos. Moravam no Oriente, o que pode significar a Arábia, a Babilônia, a Mesopotâmia ou a Pérsia. A julgar pelos presentes que traziam teriam vindo da Arábia. Porém, é mais provável que fossem sábios astrólogos da Babilônia que conheciam o messianismo judaico. O número tradicional (os três magos) baseia-se, provavelmente, apenas no número dos presentes.
Os nomes Melchior (raça branca), Baltassar (raça amarela) e Gaspar (raça negra) só são mencionados a partir do 7º. Século. Peritos como Beda os consideram representantes da Europa, da Ásia e da África. A Igreja Católica considerou os presentes como símbolos da pessoa e do mistério de Jesus: realeza (ouro), divindade (incenso), morte e sepultura (mirra). A estrela tradicionalmente é considerada o sinal de Deus que lhes apresentava Jesus como o Rei-Messias, embora, provavelmente, foi à luz brilhante do planeta Júpiter, que naquele ano ficou numa linha reta com o planeta Saturno na frente da constelação Pisces. Na noite do Natal, o Menino Deus recebeu a visita dos humildes pastores que representam os pobres da humanidade inteira. Nascendo em chocante pobreza e revelando-se primeiramente aos pobres, Jesus quis mostrar que Deus os ama muito. Mas Jesus é o salvador de toda humanidade, por isso ele recebe a visita dos Magos, estrangeiros, ricos e letrados. Os Magos viviam em países longínquos, que o povo de Israel lembrava com certa amargura: a Babilônia do exílio; a Arábia, terra inóspita para os Israelitas. E agora, representantes dessas terras vão adorar o Messias na cidade de Davi, Belém. O Menino Deus nascido em Belém atraiu os que viveram longe dele, quer geográfica, quer cultural ou ideologicamente. Mas quem lê o Novo Testamento percebe imediatamente que a atração exercida por Jesus envolve os social e religiosamente afastados. Jesus se aproximou da samaritana, da pecadora e da adúltera. Quem seriam esses afastados social e religiosamente hoje? Sem dúvida, os pobres, as crianças abandonadas, os camponeses sem terra, os favelados, os operários sem salários justos, os desempregados, os subempregados, os velhos abandonados, os doentes, os drogados, os soropositivos, os analfabetos, os encarcerados etc. Os Magos simbolizam os homens e mulheres de todo o mundo que buscam a Deus. Jesus não é privilégio de nenhuma raça, de nenhum grupo, de nenhuma classe social. Nasceu e morreu para a salvação de todos: pobres e ricos; das raças branca, amarela e negra; dos analfabetos e pessoas intelectualmente sofisticados; de pessoas de ideologias divergentes e de religiões diferentes. Imitando os Magos, toda essa gente também precisa hoje encontrar Jesus como sinal da salvação e libertação. Que a Estrela de Belém brilhe para todos os leitores do site da Arquidiocese de Fortaleza durante o ano 2016.
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald
Redentorista e Assessor da CNBB – Reg. NE1