Por: Padre Geovane Saraiva*
Em Jesus de Nazaré, Deus Pai, realizou o sonho da pessoa humana radicalmente livre, dando-lhe resposta e sentido à vida, convencendo-a de que no seu mistério de amor, a criatura humana é chamada a um permanente e estreito diálogo com o absoluto de Deus. O convite é para fazer a mesma experiência que ele realizou, numa atitude de entrega confiante, experimentando a salvação, que é dom e graça, valendo-me da assertiva do Papa Francisco (19/03/2017): “Jesus nos fala como à Samaritana. Sabemos quem é Jesus, mas talvez não o tenhamos encontrado pessoalmente, falando com Ele, e não o tenhamos ainda reconhecido como o nosso Salvador”.
O livro dos Provérbios mostra para humanidade a sabedoria bem próxima de Deus, mesmo antes da criação, lá estava ela, agindo no mundo. Chega mesmo a afirmar que ela é a primeira obra da criação, tomando parte em todas as coisas, criadas por Deus, como se fosse arquiteto ou mestre de obras. A sabedoria, segundo o Livro Sagrado, confunde-se com Deus (cf. Pr 8, 22-31). Podemos concluir, usando as palavras do Sumo Pontífice: “É uma água que sacia toda sede e se torna fonte inesgotável no coração de quem a bebe”.
Todos nós, fiéis e seguidores do Filho de Deus, precisamos mais do que nunca viver a nossa fé, de um modo tal, que o nosso coração, sensibilizado, arda de amor, através da missão recebida no batismo, com a consciência de que somos a Igreja Deus e que nela procuramos viver a grande aventura do amor, de descobrir em profundidade o sentido da vida, proposta bela e maravilhosa, ao mesmo tempo, exigente e desafiadora.
Precisamos do espírito de sabedoria, aquele mesmo espírito que animou e continua a animar homens e mulheres de boa vontade. Tomemos como exemplo o Poverello de Assis, ao acolher a sabedoria no radical e generoso abraço da cruz como um mistério de amor inconfundível, pela demonstração de fé e confiança inabaláveis, aceitando tudo por amor e canalizando a mesma dentro da virtude da humildade, com a clara consciência de que todas as graças são concedidas pelo Espírito Santo de Deus; a mais preciosa resulta na doação e renúncia.
O Cântico das Criaturas é sinal claro e evidente de um Francisco de Assis, totalmente configurado e identificado com a sabedoria de Deus. Não deixa nenhuma dúvida, pelo respeito e zelo com a criatura humana e toda obra da criação de Deus, protegendo-a e chamando-a com a maior doçura e ternura, de boa mãe, boa irmã… Que os apelos Deus a nós destinados, de sermos artífices de reconciliação e instrumentos de paz, inspirados na sua sabedoria, encarnada em Francisco de Assis, conduza a humanidade, saciada na inesgotável fonte de água da vida, pelas sendas da fé e da esperança, sem jamais perder de vista o sonho da plena realização. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, Jornalista, Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – [email protected]